3- Coincidência, destino, ou sorte ?

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No dia seguinte acordei bem melhor. Minha cabeça ainda doía, mas não se comparava ao dia anterior.

Sentei na cama e comecei a observar o quarto. A cama era uma box de casal. Uma colcha que, provavelmente, minha avó tinha bordado para mim, colorida com vários pedaços diferentes de tecidos, me cobriram e me deixavam quentinha a noite toda. Dois travesseiros com fronhas rosas com várias flores. O lençol que revestia a cama era do mesmo jeito das fronhas.

Havia duas janelas grandes com cortinas rosas também. Aliás, tudo no quarto era rosa. Tons mais claros, outros mais escuros, mas tudo, absolutamente tudo, era rosa. Minha avó realmente não me conhecia mais. Rosa era minha cor preferida quando eu tinha cinco anos. Hoje é uma das cores que eu menos gosto.

Tinha uma mesinha e uma cadeira com meus lápis e papéis para desenho. Eu amo desenhar, mesmo não tendo muita habilidade.

O guarda-roupas tinha seis porta e um espelho enorme. Abri ele e vi que todas as minhas roupas já estavam guardadas. Vovó deveria ter arrumado tudo enquanto eu dormia.

Eu ainda estava com a roupa do dia anterior. Precisava se um banho urgente. Não só pelo fato de esta surja, mas sim, porque eu estava necessitando da água. Fazia mais de 24 horas que não sentia a água descendo pelo meu corpo, acabando, por alguma minutos, o meu desejo insensato por ela. Quando eu não podia tomar banho, principalmente no colégio, eu ia no banheiro só para colocar minhas mãos em baixo da torneira, e assim, acabar um pouco com a minha saudade dela.

Além disso, quase todas as noite, eu tenho tido sonhos estranhos com sereias. É como se elas quisessem minha ajuda. Como se somente eu pudesse ajudá-las. Elas estavam presas em algum canto, e quando iam me dizer onde estavam, eu acordava. Essa noite foi diferente. Elas me chamavam, diziam que eu tinha que ir para um rio, mas não diziam onde era esse rio. Esses sonhos tem me atormentado desse o dia que eu, misteriosamente, mudei de fisionomia e esse gosto pela água começou.

Me levantei e percebi que estava silêncioso demais. Fui andando de cômodo em cômodo, até achar a cozinha. Em cima da mesa tinha uma carta.

Querida, Iara, levamos seu pai e Katânia para um passeio pela fazenda. Só voltaremos por volta do meio-dia. O almoço está pronto. Quando quiser almoçar é só esquentar.
Beijinhos, vovó e vovô.
Ps: Não lhe levamos porque você estava muito cansada e eu não queria te acordar. Logo, mandarei o caseiro da fazenda te levar para uma passeio para conhecer tudo.

Olhei para o relógio. 10:27. Tinha tempo suficiente para explorar a casa e o quintal.

Fui no meu quarto, peguei minha toalha e sabonete, e corri apara achar o banheiro. Tive que percorrer a casa toda até achar.

O banheiro era bem simples. Toda na cerâmica branca. Com box de vidro e chuveiro elétrico. Não imaginava que uma fazenda que parece ter mais de 150 anos, fosse tão chique.

Liguei o chuveiro e, aos poucos, a água foi ficando mais quente. Uma sensação muito estranha me percorreu quando entrei em baixo do chuveiro. Meu corpo não queria água quente. Era de água gelada que ele precisava. Mudei de quente para gelada e a sensação foi uma das mais poderosas que tive. Um prazer imenso de estar ali. Nunca senti isso quando ia tomar banho em casa. Aqui, agora, é tão diferente. Como se fosse da água daqui que eu precisasse.

Acho que fiquei meia hora no banho e o prazer que estava sentindo continuava. Mas eu precisava sair rápido. Se alguém chegasse e percebesse que estava ali a muito tempo, eu estaria ferrada.

Na correria, acabei esquecendo de trazer minhas roupas. Me enrolei na toalha e sair andando até o quarto.

Antes de chegar na cozinha, eu vejo um vulto passando. Tem alguém aqui. Começo a andar de fininho para não me verem. Chego na porta da cozinha e vejo um menino lindo. Alto, cabelo castanho, pele branca, só não consegui ver os olhos dele. E o jeito que se vestia era bem caipira. Botas de couro, calça jeans, camisa listrada de manga longa e bem justa ao seus corpo, fazendo com que seus músculos definidos ficassem bem amostra, e também estava usando chapéu de vaqueiro. Mas quem era aquele deus grego?

A Última Sereia  (Completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora