No dia seguinte, decidi faltar. Não teria história, só na quinta, então não deixaria Chace na mão.
Dormi algumas horas a mais do que de costume, e acordei na hora do almoço. Contradizendo a mim mesma, comi uma maçã no caminho para o mercado.
Isso mesmo. Mercado. Desde que saí do hospital tenho sobrevivido de porcarias, jogando minha saúde no lixo - eu achava isso até ontem. Ontem, quando bebi o sangue de Anne, me senti saciada. Não saciada como se tivesse mordido um cupcake de Ovomaltine. Saciada de verdade.
Esse tipo de comida... não parecia mais me atrair. Quer dizer... Atrair minha fome. Matá-la.
Depois que acordei do coma, passei a alucinar, e em pouco tempo descobri o que era aquilo. Eu lia o pensamento dos enfermeiros. Dos médicos. De todo mundo.
Exceto o de John Doe e o de Chace, mas eles não contam.
No banheiro da escola, observei Lucy recuar e se esconder em uma das cabines de canto de olho enquanto me alimentava de Anne. Ela estava perdendo a consciência, só que nem isso me fez parar. Apenas... continuei. Até a mesma cair apagada. Ainda tentei atacar Lucy, que por sua vez começou a gritar - e me obriguei a parar porque não podia ser pega com presas.
Lucy, mais uma vez, me manipulou. E dessa vez, cedi.
Apertei os olhos para a caixa de leite que segurava e coloquei no carrinho, desistindo de comparar as marcas e sufocada demais para suportar tanto tempo ali dentro.
~*~
Voltei para casa de táxi. Gastei cento e cinquenta dólares em comida que serviria para me preencher assim: ___________.
Quando acabei de organizar tudo na geladeira e nos armários, subi para tomar um banho e me deitar. Pensamentos eram exaustivos, e além dos meus tinha de suportar a mente doentia dos outros.
E foi quando ouvi uma buzina.
Com a cara pressionada no travesseiro, recusei-me a abrir os olhos.
E ouvi de novo.
Uma buzina.
Suspirei de frustração e me levantei, indo até a janela. Meus olhos caíram sobre o relógio instantaneamente e vi que havia cochilado por duas horas.
Espiando pela brecha da cortina, avistei um BMW preto parado na beira da escadaria e fiquei boquiaberta. Láááááááááá embaixo, Chace descia do carro e... bem, acho que subiria os degraus para tocar a campainha.
Corri escadaria abaixo, quase tropeçando em meus próprios pés e cheguei ao hall de entrada. Respirei algumas vezes, equilibrando-me sobre minhas pernas que carregam 1,73 metro de altura e destranquei a porta, abrindo-a a tempo de vê-lo com a mão erguida para bater.
- Ah... Oi - Chace recuou, tirando os óculos escuros e estreitando os olhos em seguida devido a claridade do dia.
- Oi - acho que comecei a corar. - O que está fazendo aqui?
Ele se encolheu, sentindo-se um invasor.
- Desculpe. Estava dormindo?
Arregalei os olhos, perguntando-me se havia alguma evidência vergonhosa estampada em meu rosto que me denunciasse.
Chace sorriu, depois riu.
- Está meio sonolenta.
Voltei a respirar, aliviada.
- Hum... Sim, mas tudo bem. O que está fazendo aqui? - Tornei a perguntar.
Agora, ele deu de ombros.
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