Em Revisão - Pausado

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Já é noite quando chego em casa. No caminho a todo o momento me ocorria pensamentos de culpa antecipada, e para dizer a verdade ainda estou sentindo isso. Ao mesmo tempo as constantes duvidas perturbam a minha cabeça e começo a me questionar se estou fazendo isso por mim mesmo? Ou se só estou fazendo isso para confrontar o meu pai? Assim como antes, não tenho nenhuma resposta para essas duvidas. Apenas a certeza de que preciso fazer isso. Não sei de onde está vindo, mas esse instinto começou a me guiar completamente.

O soldado Fontes estaciona o carro e eu pego a minha mochila e desço.

- Obrigado pela ajuda soldado. - agradeço-o.

- De nada senhor. Estou aqui para servi-lo. - ele diz dando um breve sorriso e logo em seguida batendo continência.

Essas palavras dele despertam algo dentro de mim. Não sei exatamente que sentimento é esse, no entanto não é nada bom.

- É... Soldado posso fazer uma pergunta? - digo.

- Claro senhor! - ele responde.

- Como você veio parar aqui? - pergunto.

Ele paralisa com a minha pergunta e seus olhos vacilam de um lado para outro. Ele fica visivelmente nervoso.

- Se você... Não quiser responder, tudo bem. - o tranquilizo.

- É que... Eu... Sou um... - ele começa, mas parece que algo está preso em sua garganta.

- Eu não estou te pressionando, você não precisa falar nada. - o tranquilizo novamente.

Ele respira fundo e começa a se acalmar.

- Tudo bem senhor. É que... Eu sou um democrático. - ele diz com a voz um pouco trêmula. - Decidir servir ao ditador porque minha mãe tem uma doença grave e sem tratamento o tratamento ela morreria.

- E por isso que está aqui? Por ela? - pergunto.

Ele baixa o seu olhar aparentemente triste e apenas assente confirmando. Não tinha me atentado ainda que o soldado Fontes é apenas um garoto, não muito mais novo do que eu. Isso reforça ainda mais os motivos da decisão que tomei. Não quero nada disso para mim, não quero ter que obrigar jovens a lutar por mim e nem quero assumir uma guerra da qual não faço parte.

- Você não deveria está aqui para servir ninguém. - digo a ele. - Deveria ser livre para fazer o que quiser.

- Eu não tenho essa escolha. - ele diz limpando os olhos marejados. - Alias, ninguém aqui tem.

Partilho do mesmo sentimento dele, no entanto o motivo dele é muito mais nobre. Ele não está aqui somente porque é obrigado, e sim porque sua mãe necessita de tratamento médico.

- Soldado Fontes! - Eduardo nos surpreende e imediatamente o soldado entra em posição de sentido.

- Bom... Soldado você está dispensado, obrigado. - digo disfarçando.

Ele bate continência e se vai rapidamente.

- E então? Conseguiu pegar o que queria na escola? - Eduardo pergunta antes que eu siga para dentro de casa.

- Consegui sim. - respondo voltando a caminhar.

Sigo imediatamente para dentro de casa. Tenho medo que Eduardo desconfie de algo. Ele é muito esperto e com toda a certeza não hesitaria em contar qualquer coisa para o meu pai. Subo rapidamente as escadas com medo de encontrar com meu pai. Não quero encontrar com ele, acho que não conseguiria encará-lo em mais uma briga. Tranco a porta novamente e coloco minha mochila em cima da cama. Sigo para o banheiro, tomo um rápido banho e quando eu saio do banho alguém bate na porta.

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