Capítulo 25

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ELA

É como se tudo que ele tivesse me dito, de alguma maneira tivesse despertado dentro de mim, uma grande expectativa. Uma esperança. E não consigo segurar sorriso ao sair da sala.

A possibilidade de ele está me enganado, de está mentindo para mim de novo, é enorme. No entanto, algo muito maior dentro de mim faz com que eu ignore esse instinto. E faz com que em cada palavra sua, eu consiga enxergar uma mínima possibilidade de que ele possa está falando a verdade. Ele falou com tanta certeza, que naquela velha mochila tinha uma prova de que ele é inocente. Que até mesmo antes de eu ver essa prova, começo a acreditar nele.

Pergunto a um dos guardas onde está a mochila dele. Minto dizendo que foram ordens do senhor governador. Ele me leva até uma sala no final de um corredor. Lá eu pego a mochila e o inesquecível chapéu, ao qual raramente eu o vi sem ele.

No caminho de volta. O guarda de branco que me acompanha, leva uma das mãos ao seu ouvido, onde um fone branco está. Ele parece receber ordens e logo em seguida pede desculpas e se vai. Eu continuo e antes que eu consiga chegar até a sala onde Pedro está. As luzes florescentes brancas, que enaltecem ainda mais a cor branca das paredes, chão e teto, se tornam vermelhas e apagam e acendem periodicamente. Um sinal sonoro é disparado, como um alarme.

Corro em disparada para sala de Pedro. Ao longe começo a ouvir os tiros e gritos. Eu não sei o que está acontecendo, mas tenho uma ideia. Eu estava certa. Finalmente a trégua acabou. Nas paredes do corredor, telas holográficas se acendem e um aviso é informado:

Isso não é um teste!
Procurem a saída mais próxima. O edifício está sob ataque.
Isso é uma emergência.

O aviso ficava se repetindo incessantemente nas telas. Quando uma interrupção estática interrompe o alerta. Na tela surge outra imagem. Aquele homem de expressão fria e olhos negros como de um tubarão. O sargento Eduardo. O homem que prometeu me matar e que me torturou por dias em São Paulo.

O ódio preenche meu peito e fecho minhas mãos em punhos. Se ele estivesse aqui, eu o mataria nesse exato momento. A imagem que aparece, é uma gravação, não é ao vivo. Olhando para essa imagem, vejo o quanto a capital é poderosa. Eles conseguiram interromper o sinal das colônias, um lugar cheio de tecnologia. Pelo visto a ditador não tem limites mesmo.

O sargento Eduardo entrega uma mensagem:

- Fiquem todos calmos e façam o que mandarmos. Se todos cooperarem ninguém vai sair ferido. Só viemos pegar algo que nos pertence. Colaborem!

Essas palavras e a sua imagem ficavam se repetindo também. O que eles poderiam ter aqui, que pertence a esses desgraçados? E o tratado que o governador falou que eles tinham? Acho que do fundo, estou até feliz que esse ataque esteja acontecendo. Só assim esse babaca do governador entenda realmente que está em meio á uma guerra. E com a morte do ditador provavelmente o sargento Eduardo tenha assumido o posto, mas eu não entendo, nesses dias que se passaram desde que eu fugi de São Paulo com a ajuda de Oliveira. Não ouvir nada a respeito da morte do ditador. A não ser que... Ele não tenha morrido. Afasto esse pensamento, seria ridículo. Porque forjar a própria morte? Alguma coisa eu estou perdendo, tenho certeza que o sargento Eduardo não perderia a chance de usar a morte do ditador para incentivar os soldados. Então porque esconder a morte dele?

Continuo correndo para chegar até a sala onde Pedro está preso, mas são tantos corredores e eles são tão extensos que uma hora chego a parar no meio do caminho, pensando está perdida. Encontro à sala e para a minha surpresa, a porta está aberta e não há ninguém dentro da sala. Olho novamente em volta pensando está louca ou para ter certeza de que estou no lugar certo. No entanto não me enganei, é aqui mesmo. Mas o que pode ter acontecido? Aonde ele pode ter ido? Ou pior, será que ele foi tirado daqui?

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