Em Revisão - Pausado

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Aos troncos e barrancos, sou direcionado por alguém que não parece ter a menor sensibilidade e nem paciência. Sem enxergar nada estou sendo levado para algum lugar, talvez para a minha morte, eu acho.

- Continue andando idiota! - alguém diz me empurrando.

- Quem são voc... - tento dizer.

- Cala a boca e anda! - me empurram novamente.

Não digo mais nada, apenas continuo andando. Sei que nada que eu fale agora, vai fazer com que essas pessoas confiem em mim. E se já estão me tratando assim sem nem ao menos saber quem sou, imagine se soubessem que sou o filho do ditador. Com certeza minha morte estaria garantida.

- Não vamos levar ele pro acampamento, Ele pode ser um deles. - outra voz diz.

- Cala a boca! Se ele for um deles, podemos tirar informações úteis pra nós. - o outro retruca.

- É melhor matá-lo logo. - o outro insiste.

- Vamos primeiro interrogar ele. Já está decidido! - outro termina a discussão.

Resumindo tudo: vou ser primeiro interrogado, depois provavelmente torturado e por ultimo talvez... Serei ser morto. Isso me faz definitivamente entrar em um estado de desespero e sem pensar me debato de um lado para o outro, tentando sair do domínio deles, mas é tudo em vão. Por mais que eu estivesse sem essa venda, jamais teria chance contra eles.

Eu deveria estar arrependido? Por ter tomado a óbvia burra decisão de vim procurar meu verdadeiro eu, justamente no estado onde a guerra é tão constante? Claramente eu deveria. No entanto a vida que eu tinha, para mim não é melhor do que a vida que vim buscar aqui. A vida que eu tinha não faz eu me arrepender por estar nessa situação. O nosso destino é moldado pelas nossas escolhas e se isso for verdade ou se pelo menos fizer algum sentindo, então eu escolhi isso, escolhi por conta e risco e por isso eu não me arrependo de nada.

O caminho todo fico vendado e já andei tanto que perdi a noção do tempo. As vozes que antes estavam discutindo a minha morte, agora estão caladas e à medida que caminhamos ouço mais vozes se aproximando. Chega um momento que sinto que estou no meio de todo o falatório, agora escuto mais vozes, na verdade muitas vozes ao meu redor.

E então, subitamente o capuz é retirado da minha cabeça e alguém me joga de joelhos no chão. A claridade das luzes em volta doem nos meus olhos. Olho em volta e estou no centro de um salão, ou pelos menos o que parece ter sobrado dele. Rapidamente sou cercado por homens e mulheres armados, muitos parecem cansados e apresentam sinais de batalha recente: estão sujos e ensanguentados. Em seus braços vejo a braçadeira com o símbolo rebelde. O símbolo rebelde é um desenho de um pássaro na cor azul, que está dentro de um circulo; o pássaro parece estar quebrando uma barreira se libertando de onde ele estava preso.

A multidão armada que me rodeia, abre espaço para que uma mulher entre na roda. Acho que a minha morte chegou! Só está faltando trazer consigo um capuz preto e uma foice para ser mais realista. Apesar de ela não trazer nada disso consigo, ela trouxe algo muito pior. Uma expressão dura que faz um frio se apossar de meu estomago e um olhar firme que me deixa muito mais aterrorizado do que um capuz e uma foice.

Em seu braço direito ela trás uma braçadeira também, no entanto ela é diferente. Sua presença é imponente, é reverenciada pelos outros. Ela claramente deve ser a líder por aqui, sei disso porque conheço muitos lideres. Esse era um dos enormes prazeres de ser o filho do ditador, eu podia conhecer os lideres do nosso exército em jantares incrivelmente tediosos. Em jantares onde os assuntos principais eram: nada de democracia, líquida as bases rebeldes e exterminar todos os democráticos. Ela olha para um homem de cabelos bagunçados e com ataduras ensanguentadas no antebraço.

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