Em Revisão - Pausado

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É mais uma de muitas brigas nossas. Ele me diz: que eu preciso dar continuidade ao que seus antecessores iniciaram. Grita comigo, dizendo que esse lugar não pode ser ocupado por mais ninguém, somente por mim. Ele continua e diz que logo querendo ou não, vou ter que fazer as minhas escolhas e que eu preciso ser sábio para escolher. Claro que atos impensados por escolhas mal sucedidas podem ser perdoados, mas ele diz que nem para tudo há a possibilidade de perdão.

Não digo nada. Já estou cansado de brigar, cansado de dizer que esse lugar não é meu e que eu jamais poderia estar na posição de líder de uma nação. Estou cansado de dizer que não nasci para isso, para matar pessoas, porque é isso que a guerra faz. Ela mata inocentes sem remorsos ou arrependimentos e transforma todos em inimigos sem sentido. Acredito que matar pessoas não seja um dom ou algo que precisa ser feito e sim uma escolha, e essa escolha eu já fiz. Eu não quero matar pessoas.

Meu corpo chacoalha, sinto uma tremenda dor de cabeça e a última coisa que me lembro de sentir é uma descarga elétrica que percorreu todo o meu corpo. Constato isso, pois minhas pernas ainda estão tremulas e molengas. Abro os olhos sobressaltados e levanto de súbito. Estou desorientado, minha boca e garganta estão secas e sinto que tudo a minha volta está girando. O cheiro de combustível queimado não ajuda em nada, meus olhos estão ardendo, mas acho que isso é por causa das lentes. É uma lente de longa duração que incorpora tão perfeitamente nos olhos que dá até para dormir com elas, no entanto elas estão ressecando demais meus olhos.

- O dorminhoco finalmente acordou. - a mulher que anteriormente me interrogou diz.

Assim como todos agora, estou com as mãos nas costas. Ainda bem que eu já estava preso antes, assim deu menos trabalho para quem quer que seja que nos capturou agora.

- Está gostando do passeio espião? Parece que agora estamos todos tão ferrados quanto você estava. - alguém diz.

Olho para meu lado e vejo o homem que aparentemente tentou me salvar no meio do tiroteio.

- O-onde estamos? - digo com a vez meio embargada.

- Olha a sua volta garoto! Não está reconhecendo esse veículo onde estamos? É do seu exército, o exército do ditador. - a mulher responde.

Caramba! Estou perdido agora. Acabei de voltar à estaca zero. Entre ficar com rebeldes que ameaçaram me matar e voltar para o exército onde podem descobrir quem sou e acabar sendo mandando de volta para casa. Prefiro mil vezes os rebeldes, pelo menos alguns simpatizaram comigo no meu julgamento de morte.

- E... Para onde estamos indo? - pergunto ainda confuso.

A mulher me olha e franze a testa, como se a resposta para a pergunta que eu fiz fosse a mais óbvia.

- Acho que você pode responder essa pergunta melhor do que qualquer um de nós aqui. - ela retruca com sarcasmo.

Quando ela me olha, seus olhos exalam um ódio, no entanto sei que esse ódio todo não é diretamente direcionado a mim. Ele pertence completamente ao meu pai.

- Eu já disse que não sou uma droga de espião! - digo impaciente. - Se eu fosse um, não deveria está aqui preso com vocês, gênio.

- Hum, isso não quer dizer nada, seu idiota! - ela diz revirando os olhos.

Agora quem revira os olhos sou eu.

- Tá legal. Dane-se! Não preciso provar mais nada pra vocês. - respondo cansado.

Ela encara novamente com aqueles olhos furiosos.

- Para o seu bem garoto. Espero que você esteja certo disso, caso contrario vou ser o seu pior pesadelo. - ela me ameaça novamente.

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