Capítulo 22

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ELE

O forte homem negro, ordena que seus homens nos prendam. Ele vira de costas para nós e com um aparelho eletrônico nas mãos, digita comandos. Diante de nossos olhos o que parecia ser uma tempestade do deserto vai sumindo, como se fosse uma espécie de camuflagem holográfica e no lugar da imensa nuvem de areia, surge um enorme muro. A extensão do muro é quase infinita aos nossos olhos, pois segue até sumir das nossas vistas.

- Depois que eles compraram o nordeste, decidiram fechar ele para que ninguém pudesse se refugiar aqui. A sargento fala chegando perto de mim. - Covardes!

Não consigo olhar para ela, depois do surto que eu tive. Tenho medo que ela me cobre o que iria contar para ela, mas nesse momento a coragem já se foi.

O muro se abre de uma maneira quase que sobrenatural, no entanto já tinha escutado boatos sobre as colônias serem superdesenvolvidas, mas nunca imaginei que fosse algo desse patamar.

Quando entramos a visão que temos é quase que indescritível, nunca tinha visto algo tão incrível. É literalmente como um oásis no meio de um deserto. Acima das majestosas edificações espelhadas. Uma espécie de veículo plana em nossa direção. Ele para bem a nossa frente, é como uma espécie de helicóptero só que sem as hélices. O homem ordena que nós entremos, e é o que fazemos.

Com as mãos presas para frente do corpo, nós sentamos nos assentos do planador. Pela janela consigo ter uma visão perfeita dessa incrível maravilha no meio do deserto. Do lado de fora do muro tudo é árido e estéril, mas aqui é completamente diferente. A terra em volta da cidade é viva e diferentes tons de verdes se espalham pelas terras. As edificações metálicas e espelhadas se espalham pelo centro da cidade, assim com as centenas áreas verdes. Uma espécie de lago passa em volta da cidade, formando um anel que serve tanto para proteger, quanto para alimentar a cidade. Além de tudo isso grandes fazendas passam em volta da cidade. Tudo é muito verde e harmônico, é como se aqui eles tivessem conseguido alcançar a perfeição entre homem e natureza.

Agora estamos passando por um campo onde animais correm livremente. Sinto como se eu estivesse vendo um mundo inédito e intocado, como se eu estivesse longe de toda a realidade que eu vi até agora, como se as cidades em ruínas fossem apenas um grande pesadelo.

Olhando para tudo isso, eu não consigo deixa de imaginar que as cidades por onde passei nesses últimos dias, poderiam ser assim. São Paulo não é nenhuma cidade em ruína, mas também está bem longe dessa utopia.

- Eu sei! O homem negro diz sentado em um dos assentos próximo a nós. - Nós criamos um mundo perfeito, aqui não há pobreza, violência e nem diferenças. Somos todos iguais.

A sargento solta uma risada forçada e logo em seguida seus olhos pegam fogo.

- Mundos perfeitos não existem, seu idiota! Ela fita ele. - Por enquanto, aqui pode parecer ser perfeito, mas um dia as pessoas vão acordar para a realidade e descobrir que o que elas têm aqui, é pouco. Sabe como sei disso? Porque é assim que nós seres humanos somos, sempre querendo mais e nunca estamos satisfeitos. É por isso que chegamos a essa situação. É por isso que as guerras existem. Tentamos alcançar o que nunca vamos poder ter. A perfeição.

Sinto-me um covarde ouvindo essas palavras dela. Ela sempre fala o que pensa, eu nunca seria capaz de falar essas coisas, mas ela não. Pessoas como ela, não guardam segredos nem escondem nada. Começo a achar que essa sensação que eu estou sentindo não é covardia. É culpa.

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