Em Revisão - Pausado

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Gritos me despertaram e a luz do sol que entrava por uma fresta no teto do vagão, atinge diretamente os meus olhos. Não sei o que esses malucos fazem, mas parece algo bem divertido pela animação deles. Tento levantar, no entanto minha cabeça lateja e parece pesar uma tonelada, ela dói de uma maneira que nunca senti antes na minha vida. Sinto como se ela estivesse gigante e não parasse de girar.

- O nome disso é ressaca. - alguém diz rindo.

As palavras nem foram ditas em um tom alto, mas ficam ecoando na minha cabeça. Olho para lado e a sargento está sentada do seu lado do vagão, vestindo a sua calça. Reparo que seu curativo foi trocado. Quem será que trocou o curativo dela? Será que foi aquele babaca do... Esqueci o nome dele! Diogo? Lembrei!

- Nossa! Parece que minha cabeça vai explodir. - digo.

Tento falar o mais baixo que consigo, pois até a minha voz faz minha cabeça latejar.

- Devia ter pensado nisso ontem, pé de valsa. - ela diz.

Não entendo muito bem o porquê da ironia em suas palavras e não me lembro de nada do que aconteceu ontem. Tento puxar na memoria, contudo não me lembro de nada e para falar a verdade tenho até medo de lembrar. A única coisa que lembro é de ter tomado aquele líquido terrível, que parecia vinagre misturado com álcool.

- Do que você está falando? - pergunto com medo.

Ela começa a rir, mas não é de pouco me parece uma risada bem sincera.

- Vai me dizer que não se lembra? - ela me questiona de volta. - Ontem você deu um show cantou, dançou e até chorou.

- O que? - digo.

- É serio. Você só não tirou a roupa pra fazer um showzinho particular, porque eu não deixei. - ela continua.

Cubro meu rosto com as mãos completamente envergonhado. Não acredito que dei todo esse vexame. De repente ela cai na gargalhada mais uma vez. Olho para ela sem entender nada, enquanto ela se acaba de rir.

- Relaxa! A parte do showzinho particular não é verdade, mas o resto... - ela diz.

Nem consigo acreditar no que ela está dizendo! Sinto vergonha e acho que transpareço isso porque ela não consegue parar de rir.

- O que todos estão fazendo acordados tão cedo? - pergunto tentando disfarçar.

- Ah, estão fazendo algo que provavelmente você não vai gostar muito. - ela responde. - E não é cedo seu bêbado, já passa do meio dia.

Olho em volta procurando entender o que ela quis dizer, mas nada está acontecendo e somente à porta do vagão está aberta.

- Levanta e vai lá olhar! - ela diz apontando para a porta.

Franzo a testa sem entender o que ela disse.

- Na porta gênio! - ela revira os olhos.

Levanto-me lentamente e vou caminhando em direção à porta. A paisagem que vejo lado de fora é totalmente estranha para mim. O vento que ontem era gelado e fresco, agora é quente e carregado de poeira. Com muito medo chego até a porta e escuto os gritos que me acordaram ainda a pouco, coloco a cabeça para o lado de fora e quase caio para trás com visão que tenho. Arregalo os meus olhos vendo que os babacas, estão pulando para fora do trem. A dor que está tão insuportável na minha cabeça, não é nada perto do medo que estou sentindo agora.

- Você não está querendo me dizer que... - começo a perguntar, mas tenho medo de completar a frase.

- E isso mesmo! - ela vem até mim. - Vamos ter que saltar do trem antes que ele chegue ao seu destino. Legal né?

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