EM REVISÃO A PARTIR DESTE CAPÍTULO

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ELA

Subíamos às escadas do edifício, em direção as metralhadoras que atiravam pelas janelas. Dentro do velho prédio, a areia estava por todo o lado. Pedro seguia logo atrás de mim, ele segurava a arma de forma engraçada, como se estivesse com medo de tocar nela.

A subida não é nada fácil, as escadas não estão em bom estado e alguns dos degraus nem existem mais. Já posso sentir as vibrações do andar de cima, de onde provavelmente as pessoas estão atirando com as metralhadoras. Vamos pegar eles de surpresas. Espero que o Pedro tenha entendido as aulas que eu dei para ele. É simples é só apontar e puxar o gatilho, não tem erro.

Na porta, faço sinais para Pedro e me preparo para entrar. Conto até três e faço o sinal para ele, indicando que vamos entrar. Apoio-me na minha pena ferida e chuto a porta com a outra. O chute foi muito forte ou porta estava tão podre, que sem muitas dificuldades ela vai ao chão.

Quando entro empunhando a minha arma pronta para atirar, me deparo com uma metralhadora enorme. Ela está em cima de uma estrutura, que se movimenta como um braço mecânico e logo abaixo do cano da metralhadora tem o que parece ser uma câmera. Entendi, ninguém está atirando. É apenas uma sentinela deixada aqui. Os soldados do ditador usavam essas armadilhas para nos atacar de surpresa. Pego um pequeno dispositivo explosivo e fixo ele na caixa de energia da metralhadora automática. Saímos da sala e uma pequena explosão é executada.

Pedro parece cansado e sua testa está molhada de suor. Ele está ofegante e parece assustado. Entramos novamente e a arma parou de atirar.

- Ainda bem que não tivemos que atirar em ninguém. Pedro suspira aliviado.

- Ainda não. Respondo sarcástica.

No edifício em frente à metralhadora continua atirando. Seguro na Metralhadora e direciono-a em direção a outra e atiro. É difícil segurar o tranco dessa arma, a potência dela é muito grande. Do outro lado uma explosão acontece e os disparos cessam.

Lá em baixo na areia, Diogo vem até nós.

- Valeu sargento! Ele me agradece aliviado.

- Eu que fiz todo o trabalho pesado! Pedro brinca com ele.

Não digo nada e deixo Pedro sonhar diante dos seus novos amigos.

- Ainda sobrou um pouco daquela vodca. Diogo fala. - Se quiser... Podemos comemorar.

Pedro me olha. E é como se ele estivesse pedindo permissão. Eu assinto para que ele siga em frente. Não sei como eles conseguem beber esse troço horrível.

- Acho que vou passar dessa vez. Ele diz. - Tenho que proteger aquela donzela ali.

Diogo dá de ombros e apenas guarda o cantil com a vodca. Nós seguimos pelo imbatível deserto que essa cidade se tornou. Pelo visto a guerra não trouxe apenas consequências terríveis somente para as pessoas, mas também desequilibrou grande parte da natureza. Com a temperatura media do planeta subindo, devido ao aquecimento global e a exploração dos Estados Unidos sobre a Amazônia, o clima do Brasil ficou completamente desregulado. E isso afetou bastante a região mais quente do país, deixando o nordeste completamente árido.

Pedro caminha pensativo. Ele deve estar assim como eu, pensando no que vai fazer daqui para frente. Nem sei por onde começar, só sei que preciso resolver esse mistério e descobrir a verdade, como Oliveira disse.

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