Quebrados / Trilogia Amores Livro I

Vente pa' ca

Sarah Torres

-Você vai me emprestar uma camisa sua de novo?
Eu pergunto saindo do banheiro molhada e enrolada numa toalha.
Spencer me olha com um olhar meio perdido.
-E-E-eu em-empresto s-sim. - Ele me diz gaguejando.
Eu olho pro quarto, a cama dossel continua chamando a minha atenção... Mas ignoro isso por enquanto.
-Chegou um pacote pra você. - Ele aponta para uma caixa preta em cima da mesinha.
Eu vou pega-la ainda enrolada na toalha.
Spencer se movimenta pra pegar uma camisa perdida na própria mala.
- Você não vai ficar sem camisas pra usar? - Pergunto pegando a caixa e olhando-a.

É uma caixa preta e fosca, enrolada numa fita preta de cetim brilhante.
Um cartãozinho de papel pardo está pendurado na fita.
-Não vou, eu trouxe uma extra...- Ele diz me entendendo uma camisa azul enorme.
-Segura isso pra mim? - Peço.
Ele pega a caixa das minhas mãos e eu faço minha jogada.
Enquanto Spencer me olha eu solto a toalha, que passa pelo meu corpo nu e cai no chão enquanto eu coloco a camisa dele.
Spencer fica uns cinquenta tons de vermelho, ele engasga e então morde os lábios.
Eu espelho o movimento.
O toque da camisa nos meu mamilos quase me faz gemer.
O cheiro dele na camisa toma os meus sentidos e eu sorrio.
-Spencer você pode me entregar a caixa?- chamo a atenção dele.
Ele ainda me olha estupefato com a caixa nas mãos, eu ando até ele devagar e coloco um beijo no canto da boca dele roubando a caixa enquanto ele está distraído.
-Quem mandou? - Eu pergunto
-Não sei... O rapaz do serviço de quarto não disse nada. -Ele me responde parando do lado do carrinho lotado de comida -Você pediu muita coisa né?
-Na verdade não, eu pedi massa porque eu estou morrendo de fome, como eu não sabia o que pedir pra você pedi filé de peixe grelhado e salada Ceasar. - Digo dando de ombros.
Ele me olha com um sorriso no rosto.
Eu sento na cama e abro a caixa.
Um único lírio laranja com a haste longa repousa no meio do papel de seda preto, e meu estômago gela.
Pego o cartão para ler
"Cuando él te abraza, tú me miras con deseo
Una cosa es lo que él ve y otra cosa es lo que veo
Solo dime cuando y esto lo resolvemos
Estamos conectados, si nos da nos entendemos
John Doe"

O medo gela minha espinha.
-Spencer?
-Sarah você tá bem?
-É dele... O pacote, mais um lírio.- Digo com o cartão na mão.
Spencer pega a caixa do meu colo e o cartão das minhas mãos.
-Vamos falar com o pessoal.- Ele diz.
-Não... Spencer, isso não é nada demais. - Eu digo me levantando - Eu só me assustei com a música no cartão, ela é uma das minhas preferidas.
Spencer pega o cartão e lê.
-Eu... Eu não entendo.
-Diz: "Quando ele te abraça tu me olha com desejo, uma coisa é o que ele vê e outra é o que eu vejo, Só me diz quando e isso nós resolvemos, Estamos conectados e só você dizer e nos entendemos." - Eu traduzo devagar
Spencer fica agitado, andando de um lado pro outro.
-Não gosto disso, nós deveríamos conversar com alguém. - Ele fala sério- Eu não tenho uma boa recordação com esse tipo de presente.
Eu pego as coisas da mão dele e as enfio na lixeira no canto do quarto, ele me olha confuso.
-Spencer isso não é preocupante, respire e vamos comer pelo amor de tudo que há de mais sagrado no mundo. -Eu digo colocando a mão na testa.
-Sarah... Vamos conversar pelo menos com o Hotch. - Ele diz
-Spencer nós vamos comer e depois pensamos sobre John Doe. - Ou não.
Ele concorda, e eu ando pra perto dele colocando a mão no peito agora coberto por uma blusa fina de algodão azul.
-Vem. -Digo sorridente.
Spencer apenas concorda com um aceno, e eu o rodeio com meus braços, enfiando a cabeça no peito dele.
Nós vamos comer, o que eu faço com gosto porque o talharim estava delicioso.
Spencer come devagar me olhando, e eu ofereço uma garfada pra ele.
-Não... Pode comer, eu não me arriscaria a mexer no seu preciso. -Ele diz e eu automaticamente coloco a mão no colar que sempre carrego no pescoço. - E esse colar ?
-Esse? Eu ganhei do Matthew, um ano atrás. - Eu explico -A gente sempre assistiu O senhor dos Anéis juntos.
-Você gosta bastante desse Matthew não é?- Spencer me pergunta sério.
-Ele é meu herói, ele parou uma bala por mim. O que eu continuo achando ridiculamente estúpido mas ele fez. É meu melhor amigo, fora o Motoclube ele e Jocelyn são minha única família. - Digo sincera.
Ele faz uma careta.
-Eu deveria ter ciúmes dele?
-Porque? - Fico confusa.
-Não sei... Você parece muito apegada a ele, e eu me sinto meio incomodado sobre isso.- Ele diz - Eu só...
Eu começo a rir, rir de verdade. Com aquelas risadas barulhentas que envergonham qualquer pessoa num raio de três quilômetros.
-Você tá rindo de mim?
-Eu gosto de você, seu idiota. Eu não tinha me interessado por alguém depois do Marco e você aí morrendo de ciúme do meu melhor amigo gay. - Eu digo rindo.
-Gay?
-Gay! -Eu exclamo.
Ele respira mais aliviado, e eu termino meu talharim.
-Vou escovar os dentes. Você chama alguém pra pegar isso ai? - Pergunto.
-Claro...