Meu trabalho me cobra demais.

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Sarah Torres

Exposta.
Esse caso me deixou muito exposta, cada palavra que saía dos pais falando de seus amados filhos me cortava como um milhão de lâminas trespassando minha pele.
A dor nos olhos das mães refletia a minha com tanta força que eu me senti quase cega.
Tínhamos levantado informações importantes sobre as vítimas, e finalmente encontramos o ponto de interseção.
Todas nasceram em feriados religiosos, no mesmo hospital.
García estava levantado as fichas e prontuários dos dias pra ver se alguns nomes se repetiram.
Eu me sentia como merda, e pra ser sincera eu chegava cada vez mais perto da conclusão que eu era uma merda.
Esses pensamentos eram perigosos, e eu tentava me afastar deles o mais rápido possível preenchendo cada segundo de silêncio com alguma música estúpida.
Hotch tinha percebido minha tendência a preencher o silêncio, e acabou conversando comigo durante todo o trajeto, com os outros pouco se envolvendo na conversa.
Quando voltamos pro distrito policial eu estava exausta, tudo que eu queira era morrer um pouco.
Spencer estava jogado sobre uma das cadeiras com algumas pastas nas mãos, os cabelos estavam bagunçados e sua expressão era confusa.
Mas eu sabia o que era, as dores de cabeça dele estavam mais presentes depois do episódio com Arthuro, e eu tinha medo de ter agravado o estado dele.
Caminhei devagar em sua direção,  tentando não assusta-lo, o que era inútil já que ele parecia completamente absorto na leitura do material ali presente.
-Spence?-Chamei devagar, me posicionando atrás da cadeira, e lhe tocando os ombros.
-Desculpe... Eu.. -Ele olhou pra  cima, diretamente nos meus olhos.
- Tudo bem querido, você está bem?
-Você está? - A pergunta retórica pairou no ar entre nós.
-Não.
-Você vai ficar. -Disse com um sorriso fraco no rosto, enquanto  eu apenas acenava um positivo.
As pessoas passavam com pressa, carregando caixas, relatórios e sabe-se deus lá mais o que. 
Era uma cidade pequena e crianças sendo mortas e mutiladas não estava no portfolio  de crimes comuns.
Eu queria me recolher na minha concha e fugir da dor; mas sabia que não podia.
Toquei o cabelo castanho dele sentindo sua cabeça deitar na minha mão.
-Eu te amo.- Digo devagar
-Mais do que a minha vida.- Ele responde.
Quando todos nos sentamos pra conversar eu acabo no colo dele, por razões de:
JJ pegou minha cadeira para colocar os pés "Cansados"
Spencer colocou a mão na minha cintura e deu um sorriso pequeno.
Apenas negócios.
-Já sabemos que o único elo entre os três meninos é que eles nasceram feriados religiosos no hospital St. Mary, um hospital católico da cidade. - Hotch diz em voz baixa.
Um celular toca ao longe.
-Combatentes do Crime, a equipe que atuou em todos os nascimentos foi a mesma:
Jéssica Patker, a médica chefe
Wally Atlanta - Anestesista
Leah Tominshi - Enfermeira
Antoniella Molina - líder da UTI neonatal. - García dispara.
-García filtre tragédias familiares...  Filhos perdidos e mortes recentes.- Hotch pede.
-a Dra. Patker perdeu um filho quando tinha 21 anos, e a doutora Antoniella foi deixada pelo marido a menos de três meses... Oh... O marido dela morreu em circunstâncias suspeitas, mas como ela tinha  um álibi. - Explica.
-Você tem o endereço atual? - Dave pergunta.
-Ela estava internada numa clínica psiquiátrica bem duvidosa, os registros dizem que ela ainda está lá.  - García dispara assim que solicitada.
-Tudo bem, obrigada amor. - Morgan diz
-JJ você,Dave e Sarah vão pra hospital, Eu e Spencer vamos a clínica psiquiátrica, e o restante vasculhe os arquivos dos hospitais,  ocorrências médicas, possíveis locais de desova... Tudo.- Hotch diz e eu me levanto de colo de Spencer.
-Tchau baby. -Digo pegando uma mecha do seu cabelo e colocando atrás da orelha.

Spencer Reid

O lugar onde a Dra. Patker estava internada era um lugar lamentável,  e eu me senti mal assim que entramos lá.
De alguma forma pensei em Diana, mesmo que o lugar onde minha mãe está não seja assim.
Uma mulher loira veste um jaleco  branco atrás do balcão de entrada.
-Bom dia, eu sou o agente  especial Aaron Hotchner - Ele acena na minha direção-  Este é o doutor Spencer Reid do FBI, nós estamos aqui para falar com o diretor.
A mulher fica pálida 
-S-só um se-segundo.- Diz se virando afobada.
Hotch me dá um olhar cheio de significado.
Ficamos parados na recepção olhando as péssimas condições do lugar e eu logo entendi o que a mulher temia.
Pela aparência daquilo, qualquer inspeção fecharia o lugar.
A mulher voltou poucos minutos depois, menos pálida e acompanhada de um homem negro, de meia idade que se apresentou como o Diretor Wallace Duran.
-Nós somos do FBI, viemos por causa de uma das  suas internas: Jéssica Patker. - Explico calmamente.
-Bem... A... Bem... A doutora Patker está sendo mantida em uma ala especial... E... - O homem começou a gaguejar. -Nós não.... Nós não temos... Não podemos...
-Senhor Duran é melhor nos explicar o que está acontecendo. - Hotch fala sério.
-Jéssica está desaparecida a pelo menos três quinzenas. - Ele diz baixando os ombros.
-Por que a família não foi informada?
-A doutora Patker se internou aqui  voluntariamente, ela tinha liberdade para deixar a unidade quando quisesse. -  Wallace explica. - Ela estava indo bem, as alucinações tinham parado,  a depressão estava indo embora e ela até estava indo a igreja.... Depois ela simplesmente sumiu. - Disse meio em pânico.
Eu fico muito irritado com a declaração, mas tento esconder minha insatisfação enquanto Hotch dizima o homem com aquele olhar cheio de significado.
-Um paciente desaparece e vocês não informam ninguém? - Pergunta muito mais sério que o de costume.
Por um segundo me sinto intimidado.
-A... A situação...A situação da clínica é complicada, se... Se alguém descobrir eles vão nos fechar.- O homem diz derrotado.
-Vocês vão fechar de qualquer forma. -Eu digo - Mas nós precisamos saber se há algum lugar pra onde a doutora pode ter ido.
-O reverendo Jesse O'Hare... Ela era muito próxima a ele, achei até que... Por um minuto eu achei que os dois formariam um belo casal.- Wallace conta.
- Onde o reverendo mora?

Quebrados / Trilogia Amores Livro I Onde histórias criam vida. Descubra agora