Recomeçar é bom...

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"Tipo Fênix recebendo uma nova vida 
Só quem morreu queimado sabe levantar das cinzas
Só quem sentiu a dor é que entende as minhas linhas
Só que sentiu amor é que sente as minhas linhas "
Otti Mc - Excalibur

Spencer Reid

Sarah amparou o bebê até que a equipe médica chegasse, ela ninava a pobre criança entre os braços e por alguns minutos eu tive a doce ilusão de que aquele era o filho que nós esperávamos.
A ilusão infelizmente durou pouco por que ele não era nosso.
Alguém disse que teríamos que nos afastar para que os primeiros socorros fossem ministrados.
Sarah não disse uma palavra, apenas ficou olhando os paramédicos cuidarem do bebê.
-Sarah querida?
-Eu só quero ter certeza que ele vai ficar bem... - Ela diz meio que abraçando seu próprio corpo.
-Ele vai.-Eu digo devagar meio que abraçando-a.
Todos os policiais e agentes andando a nossa volta, averiguando cada fato, coletando informações e provas ...
Sarah parecia parada no tempo.
A prostituta estava chorando dentro de uma viatura.
-Meu menino...- Ela disse.
Sarah pareceu despertar do topor onde se encontrava.
-Seu menino está bem senhora. -Disse devagar - Eu....Eu cuidei dele.
-Eu...Eu nem sei como agradecer ...-Ela diz. -Eu... Eu não posso cuidar dele... Eu não sei.... Eu nunca devia tê-lo tido.-A mulher fala quase se confessando.
-Não diga isso. -Sarah a repreende e ao mesmo tempo a abraça.  -Eu daria qualquer coisa para ter um filho.
-Qualquer coisa? -Perguntei a mim mesmo baixinho observando-as.
-Se você tivesse...? -A prostituta pergunta com os olhos arregalados -Se você tivesse seria capaz de ama-lo?
-Com todo o meu coração. - Sarah diz com a voz embargada de choro.
-Se eu...Se eu te der o meu menino ... Você cuidará dele pra mim?
Fico estarrecido com a pergunta, e Sarah apenas estaca no lugar sem sequer respirar.
-Eu não posso tomar seu filho. -Diz resoluta.
-E eu não posso cria-lo assim, que vida ele vai ter? Eu não tenho nada... Não sou nada... Não quero que o pequeno Gideon seja assim.
Os olhos de Sarah brilham.
-Você disse Gideon?
-Sim, porquê?
-Nada... -Sarah diz parecendo pensativa.
-Sarah... -Eu chamo devagar -Aqui não é lugar para discutirmos isso.

Sarah Torres

Nós seguimos o pequeno Gideon de perto, e quando chegamos no hospital eu dei seu nome
-Gideon Torres Reid. - Disse para a enfermeira.
A prostituta nada disse e eu acho que entendia porque ela queria deixar seu filho conosco.
O pequeno Gideon foi examinado pelo médico e colocado no soro, ficara muitas horas sem mamar e estava desidratado.
-Eu vou lá fora fumar um cigarro.- A prostituta falou pegando um maço no bolso do casaco velho.
-Vá, eu fico aqui olhando ele.- Eu digo me apoiando num Spencer muito pensativo.
A mulher se vai deixando um rastro de perfume barato atrás de si.
-Spencer... Você acha que devíamos ficar com ele?
-Eu...Eu não sei Sarah...Eu... -Ele parece hesitar. -O maço de cigarro.- diz como se fosse um achado.
-O que? -Pergunto curiosa.
-Estava vazio. -Ele diz se levantando
A ficha leva um segundo pra cair.
-Ela está fugindo!!!! - Digo e nós corremos as pressas pro estacionamento.
No vidro da viatura em que ela veio está um bilhete escrito com lápis de olho preto.
Cuide dele por mim.
Eu mal consigo ler antes de cair no choro
-Ela abandonou o próprio filho.-  Eu digo chorando.
-Ela te deu um bebê. - Spencer fala devagar.
Eu penso sobre isso...
Ela me deu tudo que eu queria.
-Nós vamos ficar com ele?
-Eu não sei Spence... Eu teria que mexer uns pauzinhos por causa da documentação.... Cobrar alguns favores... Nossos apartamentos não tem quartos pra bebês... -Eu penso em voz alta.
-Nós nem sequer estamos casados. - Spencer sibila.
Eu estou chorando e suando frio.
-Nós temos um filho.
A confusão parecia ter se instalado na minha cabeça e me ensurdecido para qualquer outras palavras.
-Nós temos um filho. - Eu repito testando as palavras.
Spencer balança a cabeça.
-Vem... Vamos pra dentro... Amanhã resolvemos isso.-Diz.
Nós voltamos para a enfermaria e eu me sento numa cadeira observando o pequeno garotinho dormir.
Acho que em algum momento eu também acabo dormindo.

Quando eu acordo é manhã, o sol se infiltra pelas persianas e ilumina o cabelo marrom dourado de Spencer.
Eu estou meio deitada no divã e ele ocupa a cadeira do lado da cama.
O pequeno Gideon parece estar acordado e tem seus grandes olhos cor de chocolate fixos em Spencer.
Suas mãozinhas balançam pra cima no ar brincando com os dedos claros.
-Nós temos um filho? -Ele disse colocando os olhos em mim.
Eu me limitei a levantar e responde-lo
-Nós temos um filho.

5 Meses depois.

Gideon estava brincando com seu pai quando eu cheguei.
Eu tinha deixado de trabalhar com eles para cuidar do bebê depois que nos tentamos localizar a mãe dele e descobrimos que ela morreu uma semana depois do acontecido com o reverendo O'Hare.
Suzanne Compton tinha cirrose hepática aguda  e morrera devido a complicações da doença em um hospital barato.
E

ram cinco da tarde de uma quarta feira, o sol brilhava em DC e eu me sentia bem melhor do que estaria sem ter ido a terapia.
As sessões continuavam porque eu ainda tinha problemas para lidar com o que aconteceu com Arthuro, uma das saídas que a psicóloga achou foi a escrita.
-Spence... - Chamei alto pela casa.
Eles estavam lá jogados no chão da sala.
-Oi... Eu.. -ele tentava se explicar.
-Eu já sei... -Digo revirando os olhos -Gideon resolveu sair correndo de novo?
-Olha... Para uma criança nosso garoto tem um equilíbrio fantástico. -Spencer sorri se levantando com Gideon nos braços.
-Ma...Ma...Mama.- O bebê ensaiava suas palavras estendendo os braços na minha direção.
O garotinho com grandes olhos cor de chocolate e cabelos quase negros veio pro meu colo como se me conhecesse por toda a sua vida.
-Eu falei com o editor hoje...-Conto a Spencer devagar.
-E ai?
-Eles querem publicar nossas histórias - Digo beijando a bochecha rosada do bebê.
-Mas...Você vai mesmo cede-las? - Perguntou.
-Eu ainda não sei quais.- Digo meio desconfortável.-Eles não tem pressa, disseram-me que quaisquer cartas que eu escolhesse seriam publicadas.
-Vai publicar as dele pra você? 
-Não. -Eu digo sentindo o peso da negativa. -Apenas as cartas que eu escrevi depois que ele morreu.
Spencer acena que sim na cabeça.
-Tem uma coisa pra você na mesa da cozinha.
Eu andei até a cozinha do apartamento e encontrei uma pequena caixa de madeira.

Nossa futura casa.

Dizia o pequeno bilhete preso no topo.
Eu apertei Gideon nos braços e o meu filho riu.
Peguei meio desajeitada e abri apenas pra ver uma folha dobrada de forma minúscula junto com uma chave.
A casa era azul claro, com um telhado vermelho e uma janela com um tipo de balcão onde repousava uma plantinha qualquer.
Uma cerquinha branca podia ser vista e uma casinha de cachorro também.
Era como se alguém tivesse tirado a foto do outro lado da rua.
Alguém com uma sombra alta e descabelada segurando a sombra de um bebê pela outra mão.
-Eu te amo mais que a minha vida. -Digo com os olhos cheios de lágrimas.
-Eu demorei três meses pra ver esse sorriso no seu rosto.-Ele diz nos abraçando por trás.
Naquele momento eu sinto que podia estar em qualquer lugar no mundo mas meu único lugar é aqui.

Quebrados / Trilogia Amores Livro I Onde histórias criam vida. Descubra agora