Família.

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Spencer Reid

Eu acordei sozinho manhã seguinte.
O cheiro de bacon e wafles tomava conta do meu apartamento e Sarah estava no meio cozinha cantando com uma tigela de massa nas mãos.
Eu queria saber o que ela cantava, mas mais uma vez ela cantava português.
Uma melodia doce e envolvente, que parecia tão certa quanto o próprio correr do tempo.
Não sei quanto tempo eu fiquei lá, olhando cativo na beleza daquele momento, mas ela terminou de fazer nosso café da manhã e finalmente se virou pra mim.
Primeiro ela se assustou e perdeu o compasso da música mas depois disso ela cantou olhando os meus olhos.
-O que significa? - Pergunto curioso.
Ela vem na minha direção e toca meu rosto com a ponta dos dedos.
-Eu espero que você não precise descobrir nunca. -Diz com pesar.
Eu fico calado pensando sobre isso.
-Vem vamos tomar café. - Ela me puxa pelas mãos.
Eu me sento em uma das banquetas e fico lá vendo ela colocar tudo na minha frente.
-Você está preocupada? - Pergunto meio sério.
-Não realmente... Eu sei que vocês não vão deixar nada de ruim acontecer.- Ela diz brincando com uma caneca.
Eu concordo acenando com a cabeça e mantenho um sorriso no rosto enquanto dou um gole do meu café.
-Porque você não quer que eu saiba o que a música significa? - Pergunto levemente curioso.
-Porque se algum dia você ouvir ela ou ler a letra dela significa que eu estou indo indo por nós,para salvar nós dois. - Ela diz com pesar.
Eu imediatamente penso na possibilidade.
-Você não pode partir... Não pode. - Eu digo resignado.
Ela abre um sorriso enorme.
-Eu não vou Spencer. - Ela diz.
Eu me sinto um pouco mais aliviado.
-Spencer nós vamos trabalhar hoje?
-Eu passei uma mensagem pro Hotch e ele disse que não precisamos ir, ele disse que Arthuro desembarcou há algumas horas. -Eu a conto.
Ela estremece na cadeira.
-Ele vai vir Spence... Eu sinto isso.- Ela diz passando as mãos nos braços- Eu sinto nos meus ossos.
Eu posso dizer que tenho medo pra ela mas também tenho medo por mim, tenho medo por nós.
Nós não fazemos muita coisa durante o dia apenas assistimos uma maratona de Doctor Who, nós comemos e conversamos.
Os dois celulares desligados, as janelas e persianas fechadas, o mundo só nosso estava aqui.
Ela parecia linda de calcinha e sutiã andando pela casa, ou lendo um livro na minha banheira.
Eu peguei meu celular e tirei uma foto.
Ela sequer percebeu, apenas sorriu quando viu o flash.
O dia parecia tão perfeito.
Sem criminosos, sem perseguidores sem pessoas olhando pra ela...
Sem ciúmes ou brigas.
Apenas eu e ela.-Spence... Volta pra cma. - Eu a ouvi chamar enquanto lavava minhas mãos.
-Eu já vou amor.- Palavra escapa antes qe eu possa dete-la.
-Amor é? -Diz ela colocando a cabeça pra dentro do banheiro.
-É amor. Meu amor. -Digo pegando ela pela cintura e beijando-a.
Eu beijei seu rosto, pescoço, lábios, ombros e a fiz cócegas.
Era uma daquelas cenas que você se sente feliz só de ver.
-O que nós vamos comer? - Ela pergunta entre risos
-Como é que você consegue manter todo esse porte atlético comendo tanto? - Pergunto divertido.
-Eu sou incrível. - Ela diz dando de ombros.
-Eu sei que é. - Digo enrolando a toalha ao redor dos meus quadris. -Eu posso ir ao restaurante italiano aqui perto.
-Pasta pra dois? - Ela pergunta com um sorrisinho.
-Pasta pra três, porque se não você vai comer a minha. - Eu faço uma piada.
Ela me deixa sozinho no banheiro e vai se deitar na cama.
-Então tá.
Eu visto uma roupa simples, pego minha arma e minha carteira.
-Quer alguma coisa especial?- Pergunto
-Um beijo antes de sair. - Ela da um sorriso enorme como o gato de Alice no país das maravilhas.
Eu a beijo e saio em direção ao restaurante.

Sarah Torres

Estar com Spencer é inebriante, ele é como uma droga entrando no meu sistema... Me reformulando desde o cerne dos meus ossos.
Eu me estico preguiçosamente na cama e pego o celular.
É a primeira vez que vou liga-lo depois da ligação tão perturbadora de ontem.
Há poucas chamadas apenas uma ou outra ligação da equipe de Gibbs e mais um punhado de ligações da equipe de Mac.
Eu realmente não retorno nenhuma.
O celular começa a vibrar em minhas mãos.
Número Desconhecido
Meu sangue gela e é como se facas fossem cravadas no meu peito.
-Torres.
-Você continua confiando nos homens errados, nenhum deles vai te proteger de mim. - A voz familiar escarnece.
-Por que eu? -Pergunto
-Você estava destinada a ser minha. Olha pra nós... Tão opostos e tão complementares.
-Mas eu não quero você.
-Você não tem escolha, você é minha... Nem que eu tenha que matar um por um dos seus amigos.
Meu sangue gela, e eu tremo.
-Você não faria.- Eu digo.
-Eu vou mata-los, um a um. Até você ficar sem ninguém, até suas lágrimas serem a única companhia.
-E então eu vai me matar?
-Não. Você vai viver sozinha sem os seus amigos ou homem que ama para que você sinta o que eu senti enquanto você me ignorava durante todos esses anos. -A voz dele parece terrivelmente sincera.
- Eu já lidei com a morte e eu sei como trazer ela para mim, se você pensa que é o único Anjo da Morte com quem eu já cruzei está enganado. Eu não a temerei, eu a abraçarei porque a morte é o meu menor medo. - Eu digo resignada
-Eu não vou deixar você morrer, você vai sofrer viva até entender que eu sou o único homem que está realmente ao seu lado.
E com isso a ligação acaba.
Eu desligo novamente o celular eu coloco no mesmo lugar onde estava, não quero que Spencer chega e me encontre aflita depois de um dia tão bom decido manter a conversa com Arthuro escondida, selada dentro de mim.
O doce poder que a ignorância tem, a doce amabilidade que o ser humano traz quando não sabe qual o mal vai enfrentar a seguir.
Quis mantê-lo a salvo de tudo que eu pudesse agora.
Quando Spencer chegou eu ainda estava deitada na cama, cantarolando a melodia que ele jamais poderia conhecer.
-Eu amo quando você canta. -Ele diz rapidamente empilhando as coisas na mesa da cozinha.
-Ama mesmo? - Pergunto sorrindo
-Amo, canta a nossa música. - Ele pede.
-Vou cantar outra coisa pra você ... - Começo a pensar em uma musica boa para o momento. -Eu vou cantar pra você uma música que me faz lembrar a primeira vez que te vi.
-Que música é essa? É em espanhol? Eu aposto que é.
-É. Ela me lembra nós dois. -Eu digo divertida.
-Essa eu quero ouvir. -Ele diz levantando as sobrancelhas
Eu deixo a melodia fluir

Quebrados / Trilogia Amores Livro I Onde histórias criam vida. Descubra agora