Servido com molho 'acampanha'

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Algum tempo depois...

Eu estava sentindo cada grama de ação no meu corpo.
Maldito Derek Morgan e maldito preparo físico de merda.
Eu estava na UAC a tempo suficiente pra me preocupar com as provas, não era uma profiler em campo infelizmente.
Aaron Hotchner ainda pegava no meu pé, Garcia e JJ viviam aparecendo na minha mesa pra conversar, Derek decidiu que eu deveria treinar um pouco mais pesado, e o Doutor Spencer Reid... Bem... É difícil de entender.
Nós conversávamos por horas sobre os mais variados assuntos, e ele realmente não me cansava de maneira acadêmica. Eu até era bem capaz de acompanhar seu raciocínio.
O problema começava quando eu tentava entende-lo, os sinais confusos, a timidez, a confiança... Era um prisma com um número incontável de facetas que me fascinava e repelia ao mesmo tempo. Hoje era um daqueles dias em que eu ficava de arquivar coisas pra equipe, e acredite isso consumia horas incalculáveis na minha mesa.
As três eu tinha treino de tiro com Morgan então estava arrastando minha bunda pra fazer tudo o mais rápido possível.
Dr. Reid estava de folga, não o vi o dia todo talvez ele tenha ido ver a mãe em Vegas. Pensei sobre Jocelyn e Matthew, eu não ligava a alguns dias e pelo que conheço dos meus amigos eles deveriam estar preocupados.
Pego o celular e disco o número do meu Herói.
-Milagro, a que devo a honra?
-Eu já estava com saudade herói!
-Achei que você tivesse sido sequestrada por algum psicopata. -Ele faz piada do outro lado da linha.
-Não ainda, mas de qualquer maneira você não viria me salvar hermano?
-Sí, sí chica
-Olhe herói eu quero notícias da Jocelyn, peça pra ela me ligar mais tarde. Eu só liguei rapidinho por que estou atolada de trabalho e queria lembrar de vocês.
-Eu também tô ocupado... Mas vou estar por aí no final do mês, vamos nos ver?
-Claro! Eu tenho que desligar adiós mi vida.
-Hasta luego milagro!

Eu rio desligando o telefone, Matthew estava feliz e se ele estava bem eu estava bem por ele.
Olhei o relógio no canto da tela do computador e peguei o remédio dentro da bolsa.
Não tinha água na mesa então eu tomei com um gole de café.
-Você sabe que a automedicação foi responsável por mais de 60 mil internações nos últimos cinco anos certo? - A voz suave vem no meu ouvido e eu dou um pulo na cadeira.
-Merda! - Digo. - Oh meu Deus Dr. Reid você me assustou.
Viro para vê-lo parado próximo a minha cadeiracom as mãos dentro dos bolsos me encarando.
-Desculpe, mas estudos apontam que cerca de 32% da população que consome medicamentos chega a aumentar a dose desses itens, por conta própria, para potencializar os efeitos terapêuticos de forma mais rápida.
-Não estou me automedicando Doutor, essas são pílulas receitadas por causa do meu TDA. Como eu tenho Baixa Inibição Latente fui acompanhada de perto para garantir não desenvolver sintomas ou até mesmo a esquizofrenia. - Digo explicando.
- Bem... era de se imaginar, você parece na maioria das vezes alheia a situações mais simples que acontece ao seu redor, se distrai facilmente. Porém dificilmente você se perde nas questões de trabalho isso deve ser por causa da baixa inibição latente.
- Na verdade Dr. Reid é um pouco mais complexo que isso. O TDA é a parte que eu tenho de manter sobre controle, a Baixa Inibição Latente é complexa mas me torna uma pessoa mais criativa. É a característica principal da BIL, e estudos apontam que pessoas que tem essa condição e possuem um QI mais elevado são consideradas prodígios ou gênios. Tomo os remédios por que sou hiperativa e tenho que me focar no trabalho. Mas dificilmente uso as pílulas, hoje é um dia complicado e eu precisava parar de divagar para terminar meu trabalho.
Ele acena positivamente, acho talvez tenha dificuldade de concentração também.
-Doutor Reid você não estava de folga?
-Eu... Bem... Eu estava, mas o Hotch me ligou, e eu peguei um voo o mais rápido possível. - Ele explica mexendo um pouco as mãos. - Acredito que acabei chegando muito cedo.
-Possivelmente. Será que eu vou poder investigar?
-Acredito que não, sair a campo é mais complexo do que parece e com suas provas tão próximas você deve ficar por aqui e fazer o trabalho de escritório com a Garcia.
-Eu odeio isso. -Digo meio frustrada.
-Não odeie... É um caminho sem volta, depois que vemos o que vemos... É difícil de explicar. - Ele parece consternado.
Eu olho com atenção Spencer.
Blusa de botões, gravata azul torta, sapatos simples.
Ele é o típico cara desajeitado.
-Doutor? Eu posso? - Aceno para a a gravata
Ele cora levemente, mas não faz sinal nenhumpara que eu não me aproxime.
Me levanto.
Lentamente eu toco sua gravata, e ele acompanha o movimento com os olhos.
É o primeiro movimento que eu faço para toca-lo em meses e ele deixa.
Hotchner passa por nós andando rapidamente
-Reid, Torres chamem os outros. Temos um caso.

Quebrados / Trilogia Amores Livro I Onde histórias criam vida. Descubra agora