A depressão é complicada, ela também é feminina...

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Spencer Reid

Alguém anestesiou Sarah e ela desmaiou.
Estava a caminho do hospital quando finalmente me disseram onde ela estava.
Ela tinha ido antes porque estava em choque, Hotch estava com ela na ambulância, o que me deixava mais tranquilo em relação a sua reação quando acordasse.
Eu sabia que Hotch conseguiria acalma-la antes que ela surtasse novamente.
Na ambulância onde eu estava uma paramédica me deu o diagnóstico preliminar: Pelo menos 4 costelas fraturadas, duas faturas e pelo menos duss fraturas nos metacarpos da mão direita.
A ulna foi fraturada com certeza, e um deslocamento pequeno no osso do maxilar.
Não fiquei surpreso por que Arthuro tinha me espancado violentamente enquanto Sarah ainda estava inconsciente.
Eu já tinha suportado dores, mas a exaustão de saber que ela estava ali Grávida e inconsciente nas mãos daquele psicopata foi o que mais me abateu.
Eu não conseguia respirar direito, e mesmo sabendo que isso era um efeito psicológico eu não conseguia me convencer a voltar ao normal.
Mas de todas as dores que eu podia sentir a pior foi quando ela declarou o Amar.
Durante três segundos eu me senti dilacerado, rasgado em pedaços e jogado num triturador de carne.
Mas quando Sarah olhou pra mim e disse
Com todas as minhas forças.
Eu lembrei das aulas de física.
A soma de todas as forças é igual a zero.
Eu soube que ela ia dar um jeito de nos salvar.
Eu acreditei na sua atuação, na sua coragem e me vi cativo a sua presença.
Sarah era mais do que eu pensava, mais do que qualquer um podia pensar.
Ela reluzia como prata, era flexível como alumínio, mas era titânio.
Ela era forte o suficiente por nós dois naquele momento, não  ela era forte o suficiente por nós  três, e eu estava mais do que feliz em morrer pra que ela ficasse viva.
Quando chegamos ao hospital Sarah já havia sido levada para exames.
O que me incomodou foi que ninguém me disse nada sobre o estado dela...
Decidi deixar isso passar por hora...
...
Era manhã do tarde do dia seguinte quando tive notícias de Sarah novamente.
-Senhor Reid? - O médico  disse entrando no meu quarto.
-Sim? - Procurei me ajeitar no catre, Morgan levantou ps olhos rapidamente.
Ele esteve comigo desde que cheguei, não foi embora sequer um minuto.
Sempre Fiel como um fuzileiro seria.
-A sua noiva acordou, porém tivemos que seda-la novamente... - O homem diz devagar. -Nós... Doutor Reid, eu lamento muito te informar que infelizmente seu bebê não resistiu.
Eu fico paralisado, sem sequer conseguir respirar.
-M-m-meu bebê ? Nosso bebê?- Eu pergunto num sussurro rápido
-Eu lamento. -O homem diz com uma expressão triste.
Meu corpo começa a tremer, as lágrimas nublam minha visão e eu quero morrer.
É como se eu tivesse sido rasgado em tiras e dado aos cães.
-Como aconteceu?
-A Sr. Torres foi sedada com um sedativo muito forte, que causou uma reação alérgica nela. É provável que ela tenha tido uma febre alta e as cólicas abdominais enquanto estava desacordada. Não houve sequer sangramento. -O homem explica da forma mais  simples que pode e eu aceno um positivo sem palavras.
Ouço o médico deixar a sala entre as minhas lágrimas.
Choro copiosamente, e durante minutos a fio alguém também chora comigo, é Morgan.
Me acompanhando até mesmo no luto.
Penso em Sarah,  e no que ela deve estar sentindo depois de uma notícia dessas.
Choro até que minhas lágrimas secam, minha garganta arde, minha cabeça dói e minha mente sangra por dentro.
Uma parte de nós se perdeu pra sempre... Uma parte da nossa história se foi antes mesmo de existir.
Depois que minhas lágrimas acabam eu ainda permaneço lá sentado com algo me tapando a garganta.
Enterro meu rosto em um travesseiro e grito.
Grito até não ter mais ar nos meus pulmões, grito até Morgan puxar o travesseiro de mim a força...
Grito até que ele aperta o botão que libera morfina nas minhas veias e eu derivo na inconsciência.
Mas antes de desmaiar eu ouço sua última frase:
Eu ainda estou aqui pretty boy.

Eu vi Sarah na manhã seguinte, ela tinha círculos escuros sob os olhos e quando perguntei ela simplesmente disse que não dormiu bem.
Perguntei a Sarah como ela se sentia sobre perder o bebê.
-Eu to bem. -Ela me disse com o olhar vazio.
Alguém da equipe tinha ido até o apartamento dela e resgatado minha camisa que ela agora tinha em volta do pescoço
-Sarah você melhor que ninguém sabe que você não tá bem. -Eu disse.
-Eu to bem Reid. -Ela terminou.
Eu senti uma dor inexplicável no coração.
Ela não estava bem e não ia ficar tão cedo.

Quebrados / Trilogia Amores Livro I Onde histórias criam vida. Descubra agora