No dia seguinte estava desfalecida sobre aquele chão sujo, ratos corriam de um lado para o outro, baratas voavam sobre o teto e eu apenas tentava levantar. Reuni o resto de força que tinha e me coloquei de pé. Aquele era o último dia da minha vida, orei a Deus e pedi perdão pelas vezes que fraquejei, me humilhei a ele e agradeci pela vida que me concedeu. E no mesmo instante em que me levantei guardas invadiram o calabouço. Retirei a adaga que estava em meu decote ainda e o larguei no chão.
- Está na hora! - Um deles disse abrindo a sela enquanto o outro já foi entrando e puxando meus braços para trás. Com uma corda começou a amarrar meus pulsos um junto a outro.
- Anda! - Ordenou me empurrando para frente e eu caminhei.
Fora uma curta caminhada até a praça da cidade onde a guilhotina me esperava. Uma multidão de pessoas gritavam assiosas para ver o grande espetaculo da assassina do rei e da rainha ser executada.
Pude ver o sorriso satisfatório nos lábios de Aneelise, o sorriso de Reila e o desespero de Luma. Ravi estava sereno porém era perceptível a dor no seu olhar, contudo demonstrava uma certa força e determinação no que estava fazendo. Existia uma certeza no seu olhar de que estava fazendo o certo. Aquilo me dilacerava.Fui posicionada e prendida com a barra de madeira sobre mim.
- Finalmente a morte do rei e da rainha será vingada, além disso a morte da maldita arkeniana. - Aneelise anunciava. - Presenciem o fim desta aberração! - Berrou e eu fechei os olhos com toda força que ainda tinha.
- Nãoooo! Ela é inocente. Clementineeee. - Akira berrava no meio da multidão. - Soltem-na
Uma lágrima escorreu sobre minha face ao vê-lo. Os guardas o seguraram tirando-o dali.
- Vamos lá, sem perca de tempo! - Aneelise ordenou ao guarda. E o mesmo estava prestes a soltar a corda que segurava a chapa metálica da qual me decaptaria.
- Naoooo! - Desta vez foi Luma a gritar. - Ela é inocente, não matou ninguém!
Todos encararam Luma assustados.
- Eu matei o rei e a rainha, eu! - Berrou em lagrimas.
Todos ali pararam de olhos arregalados.
- Oque está dizendo estúpida!? - Aneelise gritou.
- Os matei para que fosse mais fácil para Clementine reinar junto a Ravi, o rei estava prestes a descobrir quem ela era então decidi mata-lo e sem a rainha e o rei os tronos ficariam livres. Aneelise pediu para Ivy revistar os aposentos de Clementine e encontrou o veneno porque eu guardei lá. Não na intenção de incimina-la, mas porque eu sempre guardei coisas minhas lá.
Todos de olhos arregalados encaravam Luma.
- Tirem Clementine da guilhotina! - Ravi ordenou perplexo.
- Mais é claro que não irmão, elas duas merecem morrer, não vê que isso foi um plano das duas? - Aneelise berrou.
- Não! A Clementine não sabia do que eu planejava, ela jamais faria oque eu fiz, ela é boa. - Afirmou.
- Isso é ridículo, A arkeniana tem que morrer porque é uma aberração e esta mulher porque matou os nossos pais!
O povo grita concordando com Aneelise.
- Eu serei o novo rei de Nevewood Aneelise, portanto eu quem decido oque haverá aqui. - Ravi rebateu.
- Irmão, todos concordam comigo, não pode se deixar levar por ela! - Aneelise gritou indignada.
- Tirem-na da guilhotina, estão surdos!? - Ravi ordenou aos guardas e os mesmos obedeceram-lhe.
- Isso é absurdo! - Anelise gritou.
- Quem deve ser morta é esta mulher, ela é uma assassina e não Clementine! - Ravi berrou.
Não demorou nada para os guardas amarrarem as mãos de Luma. Corri até ela em pleno desespero.
- Me perdoa Clementine... - Chorava. - Eu fui uma burra.
- Luma... - A abracei. - Porque fez isso, porque.. - Chorava abraçada a ela.
- Você é a melhor pessoa do mundo e com certeza Deus a honrará. - Disse e eu a soltei.
Fora posta na guilhotina e cheia de raiva Anelise ordenou que soltasem a corda. Não pude ver aquilo sem chorar, e não poderia acreditar que Luma se sacrificou desta forma, que foi capaz de matar para que eu assumisse o trono junto a Ravi.
- Vamos sair agora daqui. - Ravi puxou-me por um dos braços enquanto algumas pessoas gritavam para nos alcançarem.
- Me solta Ravi...
- Se eu soltar você eles vão te matar. - Disse enquanto corríamos.
[...]
Chegando no palácio quase arrastada pelo braço...
- Me solta Ravi, você não vai fazer de mim oque quer. - Puxei meu braço bruscamente. - Não acreditou em mim... - Uma lagrima rolou.
- Era impossível acreditar em você. - Rebateu.
- Não Ravi, você era o único mais próximo de mim, eu chorei com você quando seu pai morreu, eu te apoiei, enxuguei suas lágrimas, e assim mesmo você me acusou. Me jogou no chão e me disse coisas horríveis.
- Me perdoa. - Uma lágrima caiu de seus olhos. - Eu estava possuído pela raiva, pelo ódio, queria vingar a morte dos meus pais.
- Está bem... Eu sei, eu sei oque é isso...
- Não sabe o quanto me doeu ve-la naquela guilhotina. Estive aponto de tira-la dali, mas me vi tomado pela raiva e não pude...
- Eu quero voltar para minha casa.
-Não poderá, todos e estão contra você, querem mata-la, seria suicídio.
- Eu sempre soube me cuidar, e jamais precisei da sua ajuda para isso. - Afirmei com lágrimas nos olhos.
- Eu sei, ou não estaria viva hoje.
- Exatamente. - Caminhei em direção oposta. - Duvida de mim, acha que sou uma feiticeira, mas irei te provar que não! - Me dirigi a porta de saída do palácio.
Saindo dali caminhei até uma criada que jogava água em plantas que adornavam a porta.- Por favor poderia me dá isso aqui. - Retirei o pano que cobria seus cabelos. E coloquei em mim fazendo um pequeno capuz, o suficiente para cobrir meu rosto.
Caminhei em direção a aldeia de lívipis, estava longe mas isso era oque menos me importava, eu só queria estar na minha casa. Saber que estive prestes a morrer me chocou um pouco e me fez pensar mais, e depois do que Luma fez, da pessoa que eu pensei ser a mais inocente, boa e incapaz de fazer uma atrocidade da qual fez com o rei e a rainha, estive pensando mais em quem se diz estar comigo de verdade, fazendo oque é certo.
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Nota da autoraOlá meninas, espero que tenham gostado dos capítulos publicados hoje. Agora só haverá capítulo no meio da semana ou no final da próxima semana, então não adianta insistir nos comentários pedindo para postar antes.
Encarecidamente: Iara Cristina.
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Princesa Segundo o Coração de Deus
EspiritualEm um reino distante coberto por idolatria e pecado, Clementine vivia em segredo. Apesar da morte cruel de seus pais ter lhe causado grande dano, não fora o suficiente para descrer em seu Deus e renuncia-lo. Desde então, sua sua vida tem se baseado...