capítulo 5 ✅

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               Itam narrando...

_ Vou fazer essa idiota se arrepender de ter nascido, que ela saiba que a diretora vai ficar sabendo. Ela não vai mais pisar os pés nessa maldita escola! - ela esbraveja.

_ Fica calma Bárbara !

_ Calma? - ela grita- Ela me bateu Itam, olha a situação do meu rosto!

_ Bárbara, pensa comigo - pauso - Se você contar pra diretora ela corre risco de ser expulsa, você vai dar justamente o que ela quer, aproveita o intervalo e coloca essa ratinha no lugar dela na frente de todos, quer perder a única diversão que é humilhar essa menina todos os dias ?

Ela sorri.

_ É justamente disso que eu preciso agora!

_ Então... - a olho- Vamos ?

_  Só se for agora!

Ela pega minha mão e seguimos pro refeitório.

Durante todos os acontecimentos, opto por ficar longe.

Por alguns segundos me pego pensando em como tudo aquilo era errado.

O que realmente ela havia feito para nós?

Talvez pegássemos pesado demais.

Barbara passa totalmente do limite quando vira o copo de suco nela.

Afinal, por que diabos estava pensando nisso??

Pessoas como ela mereciam isso e muito mais.

Observo-a se levantar junto a Sara e passar do meu lado para chegar ao corredor.

Coloco o pé no meio antes que ela pudesse passar fazendo a cair.

_ Olha por onde anda ratinha. - a encaro.

Sinto-me angustiado quando ela me olha, por poucos segundos pude sentir o medo que ela transmitia.

_ Achou que relaria em mim e eu deixaria por isso mesmo ratinha? - Bárbara chega ao meu lado apoiando seu braço direito no meu ombro.

Ela levanta e a vejo correr enquanto Sara fazia o mesmo indo atrás da amiga.

Nas seguintes aulas a procuro com o olhar pela sala mas só encontro Sara, que escorada na parede parecia completamente abalada.

Tentei não me sentir tão mal enquanto a observava, mas isso se tornou impossível quando lembrava nas cenas.

Ela mereceu!

Eu repetia a mim mesmo.

         Emanuelle narrando...

Me sentia tão mal que pensava que aquele sentimento ruim jamais fosse cessar.

Meu primeiro dia de aula havia sido pior que eu imaginava.

Barbara e Itam me humilharam na frente de toda a escola e não ter conseguido reagir a isso era o que me deixava pior.

Como eu podia ser tão fraca?

Porque eu era tão feia?

Se fosse como as outras meninas eu jamais teria que passar por tudo isso.

As palavras dela tiveram tanto efeito sobre mim que se o intuito dela era me fazer sentir assim, ela havia conseguido com sucesso.

É tão difícil se aceitar quando o tempo todo todos te fazem pensar ao contrário disso.

Bárbara colocou minha família no meio, deixou de ser pessoal quando ela passou dos limites citando minha mãe.

Isso sim acabou comigo.

A pouco menos de 4 anos minha mãe sofreu um grave acidente de carro com a minha tia.

Minha mãe dirigia o carro e bastou pouco mais de 7 segundos para que ao se distrair ela acabasse batendo o carro.

Minha tia morreu e minha mãe por algum milagre sobreviveu, mas isso acabou com ela.

Não demorou muito para que ela entrasse em depressão, ficava dias sem comer e mesmo tão pequena eu a observava definhar enquanto não podia fazer nada.

Acho que então para suprir a falta que fazia a irmã, minha mãe começou a alegar ver minha tia andando pelos corredores de casa, onde ficava a maior parte dos finais de semana.

E por alguns meses tiveram que interna-lá para seu próprio bem.

Relembrar esses momentos enquanto Bárbara me humilhava foi horrível.

Chego em casa e sigo direto pro meu quarto.

Ouço minha mãe chamar meu nome enquanto corria pela escada rumo ao meu quarto.

Jogo minha bolsa no chão indo direto para o banheiro.

Enquanto a água quente do chuveiro caía, pude relembrar cada cena que passei.

Não demorou muito para que as lágrimas viessem.

A crise de choro não cessava.

O desespero.

O medo.

A insegurança.

Demorei um bom tempo até que eu pudesse controlar e finalmente me acalmar.

Saio do banheiro e me jogo na cama após colocar uma roupa larga.

Perco a noção do tempo enquanto olhava pro teto, mas minha cabeça estava bem longe dali.

Ouço duas batidas na porta e logo em seguida ela é aberta.

_ Manu, o que aconteceu?- ela senta na cama junto a mim e eu coloco minha cabeça em seu colo.

Hesito um pouco.

Nunca disse pra minha mãe o que realmente acontecia e talvez seja por isso que ela nunca entendia meu ódio por essa escola.

_ Eu não aguento mais - mal começo a falar e lágrimas começam a cair - Juro que tentei ser forte mãe, eu me sinto tão mal... Porque as coisas pra mim sempre são tão difíceis!

Todo peso pareceu desaparecer quando acabei de desabafar tudo para ela.

Quando acabo ela me levanta e me abraça.

O único momento durante o dia em que eu realmente havia me sentido acolhida e segura.

_ Manu, quero que você saiba que eu sempre estarei aqui pra você, durante toda a vida terá pessoas que vão tentar te derrubar, mas você é forte filha, você vai superar isso. Vou ligar pra escola, eles precisam tomar providências que acabem com isso, lá você deveria se sentir segura, no entanto olha o que deixaram acontecer com você.

A olho.

_ Não mãe - lhe peço - Sei que se você fazer isso as coisas só irão piorar, eu que tenho que resolver isso.

Ela me olha e fica alguns momentos em silêncio.

_ Confia em mim mãe!

_ Vou confiar e vou deixar você resolver isso... mas se eles fizeram mais alguma coisa com você, aquela escola e principalmente os pais deles vão se ver comigo!

A abraço o mais forte que posso.

_ Você não sabe como tô me sentimento mal por você ter passado por tudo isso - ela beija minha testa - eu te amo muito filha!

_ Eu também mãe.

Seu carinho era tão bom que em pouco tempo acabo adormecendo completamente.

Aquela mulher era tudo pra mim!

A Garota que ele zuava {Em REVISÃO}Onde histórias criam vida. Descubra agora