Capitulo 13 : Identificando o Corpo

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- Já estou aqui ! - Eu disse muito alterada quase gritando.

Após me recompor do telefonema que recebi da Delegacia, eu corri pra lá do jeito que eu estava mesmo.. apenas coloquei um casaco por cima da blusa peguei a bolsa e sai.. - estava até sem sutiã - não estava acreditando.

- Por favor, me leva, eu preciso identificar o corpo.. não pode ser ela ! Onde o cadáver está ? - Eu pedi, estava desesperada.. quase a ponto de desmaiar mais uma vez.

- Calma ! Mantenha a calma.. se a senhorita não se tranquilizar, não poderá ver o corpo; Tenente Gisele, peça por favor uns comprimidos na enfermaria.. traga ! Essa moça precisa se acalmar. - Ele me respondeu e logo após se dirigiu a uma policial que estava em pé na entrada do escritório.

- Eu não quero comprimidooos ! Eu não preciso de comprimidos, eu preciso ver o corpo da mulher que foi encontrada morta ! Eu preciso ver o estado dela... vocês não entendem ?

Nesse momento eu já estava gritando e com muitas lágrimas rolando no meu rosto.. e apesar do meu protesto, a policial já havia saido e voltado com os comprimidos e um copo com água.

- Tome, beba isso.. vai te fazer bem.. e após se acalmar um pouco a levaremos na sala onde se encontra o corpo. - Respondeu o Policial, Wagner, esse era o nome na sua farda.

**********

Eu acordei, estava em uma sala de escritório, e logo me dei conta do que estava fazendo ali.. olhei ao redor e voltei a chorar.. cada lágrima como se fosse fogo.. ácido.. queimava, doia.

Eu não conseguia acreditar no que estava acontecendo.. será que a minha vida seria sempre uma desgraça sem fim ?

Alguém entrou na sala...

- Senhorita ? - Uma mulher loira e magra com cílios longos estendeu a mão para mim.. Angelica, esse era o nome na farda - Vim ver se ja havia acordado.. está melhor ? Preciso te acompanhar até a sala de autopsia, onde o corpo da mulher encontrada hoje está. - Ela me informou.

Eu levantei da cadeira onde eu estava quase num pulo, mas desta vez tomando o máximo cuidado para não demonstrar desequilibrio.. não podia correr o risco de ser obrigada a tomar novos comprimidos. Precisava acabar logo com essa dúvida, se era ou não a Dayane.

- Vamos ! Eu estou bem. - Respondi já me dirigindo a porta.

***********

A Policial me levou por um corredor, passamos por várias portas.. algumas tinham coisas escritas como : Arquivos, Enfermaria e etc.. até pararmos de frente pra uma : Proibido Entrada, somente autorizados.
Ela me lançou um olhar de "eu sinto muito" e abriu a porta para que eu entrasse.

- Chegou a hora - Ela disse.

Ao entrar naquela sala, avistei uma maca encostada no cantinho da parede, no fundo da sala. O local estava mal iluminado, me lembrou o filme Cadáveres, um que eu e minha irmã assistimos na adolecência, e havia também uma outra porta fechada dentro dessa mesma sala.

Havia um abajur de pé iluminando a maca vazia.. e uma mesa no centro da sala cheia de papeis e uma sacolinha plástica transparente.. me pareciam pertences da vítima ou evidências do crime.. - eu estava com medo do que iria encontrar - passei os olhos ao redor da sala meio hipnotizada e a policial me chamou.

- Moça ? A maca com o corpo está ali dentro. - E ela apontou para a porta fechada a nossa frente.

Nesse momento entrou um homem na sala, ele estava vestido todo de branco e com uma daquelas máscaras que os médicos usam nos hospitais. Deveria ser o legista.

- Boa noite, me acompanhe até a sala a frente, ali dentro está o corpo. - Ele me chamou

E eu o segui, a policial não veio, ela ficou esperando na porta.. eu estava tensa, muito tensa.

- Entre. - O Legista me abriu passagem.

Aquela sala era menorzinha e toda branca, tudo que havia ali era branco. Apenas os armarios pregados na parede eram de alumínio. E ali no meio da sala havia outra maca, mas essa não estava vazia.. havia um corpo coberto com lençol branco.

- Ali está, irei levantar o lençol e você confere a identificação da vitima.. e depois, caso seja confirmada sua identidade, eu a informo sobre o estado em que ela foi encontrada. - Ele quebrou o silêncio.

- Está bem. - Respondi com a voz tremula.

Quando ele puxou o lençol que cobria o rosto, eu não tive mais dúvidas, era ela.. a minha irmã, era ela que estava ali deitada e com a cabeça separada do corpo quase em decomposição, o cheiro era horrivel; o rosto estava coberto de sangue seco e um pouco inchado, embaixo do pescoço já havia coagulado o sangue, o cabelo desalinhado e muito sujo, uma mistura de sangue e terra.

Mesmo tão machucada eu a reconheci.. foi pelo brinco que ela usava.. eu também tinha um.. uma rosa vermelha banhada a ouro que ganhamos do nosso pai.

Eu pensei que eu já estava preparada para o pior.. mas ao vê-la ali naquele estado.. eu desmoronei.. eu chorava, minha garganta doía.. a dor era tão forte.. eu pensei naquele momento que era melhor eu ter morrido junto, ou que fosse eu em seu lugar.

Ela era tão linda, e agora estava ali.. quase irreconhecivel.

Eu fiquei ali olhando, esqueci até que o homem estava aguardando a minha confirmação.. mas ele já sabia da resposta. Eu chorava compulsivamente, e não demonstrava nenhum sinal de que uma hora eu fosse parar.

O Amor Em Meio a DorOnde histórias criam vida. Descubra agora