O que farias se descobrisses aos teus quatro anos que eras alguém especial? Uma pessoa capaz de mover objetos com a mente, prever o futuro, e tudo o que tenha a ver com a mente e o autocontrole? Se do nada o teu cabelo ficasse vermelho e conseguisse...
"A jornada dos guardiões ainda está a começar..." ➳ Guardiões Goldstein: O palácio dos etéreos
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– Há muitos, muitos, muitos anos atrás... – começou o Enrico.
– Acho que podia arranjar uma frase menos clichê... – comentou a Leonor.
– Era uma vez... – recomeçou o Enrico, revirando os olhos.
Ela sentou-se para ouvir a "história". Encostou as pernas contra o corpo e abraçou-as, logo depois prendeu uma madeixa rosa e roxa do seu cabelo atrás da orelha.
– Algo mais original, vá lá, eu sei que consegue Enrico! – suplicou.
– Então? Pensei que quisesse que contasse a história de uma vez! E para si, é mestre. – impôs.
– Pronto "mestre"...dos clichês... – brincou a Leonor.
– E fique sabendo que faço isto porque é o meu dever. Foi-me entregue a tarefa de lhe supervisionar e educar. – sorriu o Enrico – Porque a sua avó me pediu.
– Sim sim, chega de rodeios! Quero a história! – exclamou ela.
– Retomando... – suspirou ele, sentando-se numa grande poltrona, perto da carpete onde a Leonor estava sentada – Poderes... Alguns intitulam-nos de dons e outros, de maldições... Sabes, os poderes são uma força especial que só pode ser herdada dos antepassados e ancestrais. Esses poderes podem saltar gerações, o que os torna ainda mais raros. Nos primórdios da humanidade, pessoas "especiais" viviam pacificamente com as "normais". Até que os normais tornaram-se ambiciosos, blá blá blá, desejando poderes a qualquer custo. Então foi travada uma guerra entre humanos, obrigando os especiais a fugirem e a se esconderem. Mais tarde, os especiais criaram diversas instituições, como escolas, castelos ou palácios para jovens especiais, onde aprendiam a controlar os seus poderes e estavam a salvo dos normais e de todos os perigos do mundo exterior. Essa foi a história que ouviste, estou correto?
A Leonor assentiu, sem conseguir desviar o olhar de Enrico. Ele soltou uma pequena gargalhada presunçosa. Agarrou num caderno, abriu-o e escolheu uma página com coisas escritas. Arrancou a folha, amassou e atirou-a para a lareira. As chamas consumiram-na logo. Ela fixou o seu olhar naquela bola de papel a se queimar e a tornar em cinzas, lentamente.
– Pois bem... Esquece tudo o que aprendeste até agora. Eu, Enrico Avanzo, irei contar-te tudo o que sei... Não há data conhecida ou estimada para os acontecimentos ou relatos desta história... Na verdade, nem sei se realmente ela aconteceu... Doravante, é a que todos passaram a acreditar, logo será está que também virás a crer.
