11 de dezembro de 1969

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Eram umas 8 da manhã quando ouvia Júlia bater na porta me chamando. Ela havia me ligado há uns 2 dias dizendo que queria ver Aninha.

— Ela é tão linda , Sofia.

— É sim. — sorrio boba.

Olhei para a minha menininha no berço e lembrei da sensação que era  não saber de nada, se desligar do mundo. Baixei um pouco a cabeça e comecei a chorar.

— Tá tudo bem, amor? — Marcelo pergunta assim que entra na sala e me abraça.

— Tá. Tá sim.. Quer dizer, eu acho que tá... — solucei.

— Tem certeza? — ele pergunta começando a afagar meus cabelos devagar.

— Não! — disse já desabando em lágrimas.

— Vai dar tudo certo, Sofia. — Júlia abre um sorriso e também me abraça na tentativa de me consolar.

Passei o resto do dia ali com eles. Contei tudo o que estava sentindo, e fizeram o mesmo. Choramos juntos, e enfim percebemos que só tínhamos uns aos outros como forma de consolo, quando, além disso, o "melhor" que restava a se fazer era chorar. Mas sempre com um sorriso no rosto, fingindo, mostrando pra essa cidade hipócrita que sim, "eu estou bem".

1964 - Diários de um Coração Rebelde Onde histórias criam vida. Descubra agora