Todos os anos acontecem os típicos incêndios do verão. Vermelhos (não é caso de embirração se os vir de outra cor), quentes e que libertam fumo, como fogo de artifício que ainda não explodiu. Ainda bem que não explodiu - Bem, fiquemos pelo fumo.
No entanto, por mais que queira evitar a palavra explosão, é-me inevitável. Os mesmos helicópteros despenham-se e explodem (as minhas desculpas), reunindo condições favoráveis a um agradável espetáculo de cores e jogos de fumo que se prolongam sem cessar. Aqueles que a rapaziada gosta. Para não falar da quantidade de pessoal que vem assistir a este evento que, por distração, ainda não consta na lista dos festivais de verão. Onde o cabeça de cartaz é, curiosamente, todos os anos, o Bombeiro.
É intrigante que a cor do uniforme do bombeiro seja também vermelha. Mas não se preocupe, tudo parte de mais uma diversão que convida pessoas de todas as idades e nacionalidades a participarem num peddy paper com alguns obstáculos pelo meio até encontrarem o Sr. Bombeiro (não esquecer que todo este ato será recompensado pela audácia dos participantes. Serão oferecidos valentes sacos de arroz, pacotes de leite, de açúcar e por aí fora).
Além do mais, este festival tem vindo a tornar-se cada vez mais popular. Nos últimos anos temos recebido artistas de mangueira de outros países - França e Espanha, essencialmente. Digo isto porque no último mês tem sido referido nos jornais internacionais a dimensão e a qualidade do mesmo. Razão pela qual o turismo tem vindo a aumentar exponencialmente.
Por um lado, os bombeiros apagam os fogos com mangueiras envolvidas em mau pronúncio (o mesmo instrumento que era utilizado para dar banho aos judeus nos campos de concentração). Os eucaliptos continuam, obviamente, a ser os favoritos pois são aqueles que mais facilmente pegam fogo e que também favorecem a economia de portugal, através da preocupante e exagerada produção de papel. Certamente o mesmo papel que vai ser usado quando o leitor se encontrar na casa de banho.
Por outro lado, se não fossem os incêndios, o que proporcionava a união entre as pessoas e todo o afeto envolvido?
É verdade, ao longo do ano as pessoas agridem-se por jogos de futebol, choram com os relatos das Tardes da Júlia, ofendem-se uns aos outros quando a política é tema nos cafés. Ouso ainda a referir aqueles que se chateiam quando jogam à sueca, e é quando não se matam.
Em suma, quando chega a altura dos fogos (vamos acreditar em causas naturais), o propósito é outro. No fim dos festivais são criados inúmeros programas de apoio pelas instituições, os bombeiros distribuem comida. Por sua vez, o presidente, como não é bombeiro qualificado usa uma outra mangueira - Uma mangueira que dispara miminhos para distribuir por Portugal. Enfim, é a altura que mais sensibiliza os Portugueses devido à exurbitante humanidade envolvida. Se calhar aquilo a que chamamos incêndios não é assim tão mau como os media nos mostra.
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Mistifórios do Hoje: Uma Sova de 2017
HumorAqui encontrará um pequeno conjunto de poemas e de crónicas que pretendem descrever com alguma insensatez a sova que assistimos o ano 2017 a apanhar. Pretendo, por outro lado, exibir algum do meu pior humor conciliado com a minha pior das lamechies...