Mistifórios do Hoje: Uma Sova de 2017

Tutorial do que o poeta (não) deve fazer

Como o título desta crónica um pouco alternativa sugere, aqui estão alguns passos que o leitor, caso escreva poesia, (não) deve seguir à risca.
Se bem conhece as minhas manhas, deve fazer exatamente o contrário do que eu lhe escrevo para resultar. Bom, isso não é novidade para ninguém. Vá ao que interessa e deixe de perder tempo a ler como se deve comportar ao ler as minhas crónicas, já chega.

- Não use a aliteração. Não use uma expressão com sons repetidos em vão, por favor, não. Torna-se numa exaustão, simplesmente não!

- A anáfora estraga os seus poemas. Estraga um texto de opinião. Estraga uma crónica. Estraga uma peça. Estraga tudo o que é estilo literário.

- A antítese fica bem mal nos seus poemas, dá uma luz sombria e conta a história da triste alegria.

- Ó meu caro leitor, não volte a usar apóstrofes na sua escrita poética, jamais!

- No Wattpad, tantos escritores que ainda usam uma elipse com a esperança de tornar os seus poemas bons.

- Não faça recurso ao eufemismo se está a descrever uma morte, não diga esticou o pernil. É tão desnecessário!

- Desaconselho o uso da gradação, trata-se de ser excitante mas dá náuseas para quem lê. É uma escada vertiginosa, é um poço profundo, é um abismo sem fim.

- Já vos pedi mil milhões de vezes para deixarem de usar a hipérbole, mas continuam sempre e sempre a usá-la.

- Continuem a usar e a abusar da ironia, deve ser assim que fazem um lindíssimo poema!

- As suas folhas são mágoa e as suas canetas são desgosto, quando se lembra de usar a metáfora para escrever poesia sem o calor de Agosto.

- Odeio quando vos escrevo com o intuito de aprenderem o que é a metonímia e ninguém se mostra interessado em ler-me.

- É extremamente difícil criar uma perífrase, no entanto, o individuo que está interessado em aprender alguma coisa, acabou de aprender.

- Já vos disse para não mais o pleonasmo usarem, é desinteressante e confuso é para os que lêem!

- Já me cheira a queimada a paciência. Agora peço-vos amargamente para nunca voltarem a usar a sinestesia, nem nenhuma das outras brilhantes figuras de estilo.