Sabia que a china vai adquirir uma base de dados de reconhecimento facial para todos os seus habitantes, incluindo residentes estrangeiros? - Quando li a notícia em "South China Morning Post" veio-me uma lágrima ao olho. Todavia, não foi uma lágrima mal intencionada, foi uma lágrima de tristeza. E tristeza porquê? Por causa da tremenda inutilidade do sistema, passo a explicar.
Como todos sabem, os chineses são (quase) todos iguais fisicamente: baixinhos, cabelo liso e brilhante, olhos rasgados, isentos de barba e sempre com um sorrisinho cúmplice na cara (particularidade atraente nas miúdas). Anteriormente, ao fazer recurso ao quase entre parêntesis foi para, de certo modo, não excluir todos os que habitam na china que... não são chineses! Assim, evoco os Japoneses, os latinos, os do norte da Europa e tanto quanto a sua imaginação permita.
Deste modo, é óbvio que a taxa de precisão deste equipamento ronde apenas os noventa por cento, pois o algoritmo incorporado neste sistema consegue identificar um vasto número de expressões faciais. Contudo, neste país reconhece apenas uma cara possível, o chinês. Como pode constatar e caso seja bom a matemática, os outros dez porcento (100-90) são Japoneses, latinos, do norte da Europa e, mais uma vez, tanto quanto possa imaginar.
Por um lado, se for residente na China, tiver aspeto de chinês e, se por diversão, se lembrar de assaltar um restaurante, ou de bater num guarda de aeroporto igualmente equipado com este sistema, o senhor e mais os outros cerca de 1.260 milhões de habitantes serão também responsabilizados pelo seu ato cometido.
Por outro lado, se fizer parte dos outros 140 milhões que não têm características de chinês, é aqui que a utilidade do reconhecimento facial ganha alguma expressão. Será muito facilmente identificado por este sistema e, numa questão de segundos poderá ser localizado, individualmente. Pelo seu nariz distinto, pela sua cor de pele, pela sua barba descuidada ou pela pala que usa no olho direito.
Posto isto, justifica-se a razão pela qual o povo chinês é um povo muito trabalhador e cumpridor da lei. Caso contrário bastava um, apenas um habitante a fugir ao fisco ou a desviar dinheiro, para (quase) todos os naturais da china, pagarem coima, ou ver-se-iam na prisão.
Em suma, foi uma pena o governo ter investido tantos milhões nesta tecnologia que prometia ser a solução para a identificação particular do cidadão chinês e, no final, vem-se a revelar inútil neste território. Parece que a fase de teste teve lugar noutro país do mundo onde toda a gente era diferente entre si, mas aplicá-lo em estabelecimentos chineses foi um grande lapso.
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Mistifórios do Hoje: Uma Sova de 2017
HumorAqui encontrará um pequeno conjunto de poemas e de crónicas que pretendem descrever com alguma insensatez a sova que assistimos o ano 2017 a apanhar. Pretendo, por outro lado, exibir algum do meu pior humor conciliado com a minha pior das lamechies...