Avenida Mundo (Poema)

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Nas lojas do vício, do conforto e da facilidade
Vendem barato aquilo que mais trai a Humanidade.
Vê-se tantas lojas destas que nem cansa procurar.
Atravesso a Avenida Mundo com intuito de vos avisar:

"Que bom que é não ter de ouvir um sermão,
Ignorar e ser feliz, ser o eterno dono da razão, hã?"
À entrada gostava de ter voz para cantar estes versos
Mas lá diz "Proibidos Honestos" e tornam-se adversos.

Impõem-nos mil tecnologias e perdemos o sentido da visão;
Cartazes que dizem "'pra quê preocupar, se a vida é em vão?"
Aquelas coisas estranhas que as montras expõem
Fazem-me soar apartado, parece que se me opõem.

Farão das máquinas a vossa esposa e a vossa amante?
Senti-vos absolutos, pois convosco elas mudam consoante.
Ao morrerem arranjais outra igual, enquanto azedas.
Nas lojas casai-vos sem compromisso, por umas moedas!

As vossas mãos frias para mais nada servem senão
Para negociarem pacotes de rancor e de perversão
Não me dêem alternativas, eu farei a minha instrução!
De modo que vos sirva para dar uma grande lição!

Sois fracos. Olham-me com apreensão e trancam a janela.
Abatem e oprimem a luz irrequieta, a sentinela.
Refugiai-vos na vossa loja que muito carece de moral!
Esqueçam-se de abrir as janelas para ver o que está mal!

A ninguém vos recomendo, vós sois um qualquer!
Cada um de vós servirá para o que o líder quer!
Vós não procurais mais para além do impulso animal!
Eu procuro ser a diferença, ser alguém desigual...

Sinto que cada ato que vós fareis se torna infecundo
Ou talvez seja eu que estou a mais nesta Avenida Mundo.
Vou procurar nos lados mais remotos por uma destemida
Sou um marginal que procura fugir desta Avenida...

Tranquem-se todos na loja e deixem-me lá fora para ver
Quando a ilusão acabar não há quem vos possa render,
Pois eu desenvolvo a ferramenta que mais me guia
Algo como o amor, romance, paixão e a poesia...    

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