Lua (Poema)

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Entranha-se-me a luz das estrelas no olhar
Quando a janela me convida a visitar 
Sinto o ar a correr-me na cara, estou vivo.
No meio daquela estranha dimensão
Que a cada segundo me faz crer na religião

As estrelas sorriem e cintilam só para mim
Mais ninguém as consegue olhar assim
Vejo-lhes o significado, estou vivo.
A desordem fá-las ridículas aos outros:
"Fazem formas e curvas que detesto!"
Mas para mim... são luzes de manifesto.

A lua cobre-se de receio por ser menor
Ainda assim, sem mostrar qualquer pavor
Face ao grande astro assustador
Oiço-lhe as lamentações, estou vivo.
Falo com ela e responde-me com a brisa
Que me ilumina a face e me eterniza!

Perco a lua, uma cruel nuvem cerrada
Encerra o fascínio sem dizer nada
Cheiro a água que carregas, estou vivo.
Aflitos por derramarem lágrimas na lua 
Consigo agora tocar-te completa e nua
Como se eu fosse uma parte tua...

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