Terapia de Risco - CAMREN

O jantar

É quinta feira, o dia que vim temendo durante toda a semana. O dia que meus pais vêm jantar e encher Brad de elogios enquanto me detonam com criticas passivo-agressivas. Já faz uns dias que venho trocando mensagens constantemente com Camila; estou praticamente ansiando vê-la de novo já que não a vejo desde o sábado de compras final de semana passado.

- ''Passe a salada Lauren'' a voz seca da minha fala.

Pisco os olhos para ela, perdida em meus próprios pensamentos. Percebo que eu e Brad estamos sentados na sala mesa de jantar com meus pais. Passo o prato de salada sem dizer nada. Já me disseram que eu pareço minha mãe, mas eu não vejo isso, ela tem os mesmos olhos que eu, mas não passa disso. Porém ela não parece envelhecer e eu acho que isso é a única coisa que eu posso desejar herdar dela.

- ''Continue com sua história Bradley'' minha mãe sorri docemente, continuando a comer.

Odeio quando ela o chama assim, até já pedi pra o Brad falar com eles sobre isso, mas a esse ponto eu acho que minha mãe e meu pai só fazem isso pra me irritar, assim como tudo que eles fazem.

- ''Hmmm... bem, acontece que a propriedade foi comprada por Camila, psicóloga da Lauren'' Brad sorri.

Congelo e o encaro. Honestamente, eu não estava ouvindo pra uma palavra se quer que os três estavam dizendo durante toda a noite mas agora eu só envio meu olhar mais frio para o Brad. Eu não contei aos meus pais que eu estava vendo uma psicóloga. Quase dou risada, se eles soubessem da história toda...

- ''Uma psicóloga?'' minha mãe tosse. ''Você está vendo uma psicóloga? Por que motivo?'' ela pergunta como se fosse a coisa mais ridícula que ela já ouviu. Talvez seja.

- ''Bem, você sabe,'' murmuro me sentindo envergonhada, ''eu estive me sentindo pra baixo ultimamente e com insônia.''

Meu pais literalmente rolam os olhos ao mesmo tempo para mim.

- ''Pai... você é um médico; se um paciente viesse com os mesmo sintomas você teria o encaminhado pata um psicólogo certo?'' pergunto em uma tentativa inútil de conseguir seu apoio.

Um pouquinho de apoio vez ou outro não cairia mal.

- ''Talvez'' ela diz. ''Mas antes eu tentaria trata-lo com medicamentos e o mandaria se endireitar, terapia é só para pessoas que tiveram uma vida difícil, que tem problemas reais, ou nós dois não a mimamos o bastante quando criança?'' ele responde.

Brad morde o lábio e me envia um olhar que implora meu perdão.

Meus pais não tem feito nada a não ser me criticar desde que chegaram hoje a noite. Eu preparei as entradas do jantar, uma porra de uma salada simples e eles não fizeram nada além de reclamar do prato, Brad fez o prato principal e eles passaram a noite o elogiando, é doentio. As vezes me pergunto se meus pais me ressentem porque secretamente queriam um filho ou algo do tipo, e eles acabam vendo isso no Brad. Bem, essa é a única explicação que eu consigo pensar, ou é isso ou eles simplesmente me odeiam. Na verdade me pergunto brevemente o que Camila teria a dizer sobre eles, tanto como pessoa como psicóloga. Porra. Sinto falta dela.

Tive uma sessão curta com a Dinah na sala 727 na terça; eu só discuti a possibilidade de deixar o Brad pela Camila com ela. Contei para Camila que precisava de tempo para entender as coisas direito mas estou começando a achar que o tempo está passando devagar demais, até os dias parecem anos, honestamente não acho que eu consiga mentir por muito mais tempo. Brad me beijar todo dia já me dói, vou dormir chorando toda noite pela culpa. Dinah me disse para fazer as coisas do meu jeito, que eu poderia tanto ''arrancar o ban-aid'' de uma vez e contar tudo para o Brad, ou só acabar com o relacionamento e me ajeitar com tudo em relação a Camila depois que terminarmos. Lutar ou correr. Honestamente não sei que ideia prefiro, na minha cabeça eu gosto mais da segunda, mas eu sinto um instinto forte de que vou acabar dizendo tudo para o Brad. Como planejar uma conversa que vai mudar sua vida pra sempre? Será que eu estou pronta pra fazer isso?