Terapia de Risco - CAMREN

A nova psicóloga

Uma semana. Uma semaninha inteira. Esse é o tempo que estou passando sem vê-la, sem sentir seu cheiro, ou escutar a sua voz ou sua risada fofa. Estou miserável agora mais do que nunca; é difícil ter alguém tão foda quanto a Camila entrando na sua vida só para acabar saindo tão rápido quanto veio. Como resultado ando bem pegajosa com o Brad, sinto como se subitamente algo estivesse faltando na minha vida então eu venho abraçando-o muito recentemente, o que é estranho porque eu não sou muito uma pessoa de abraços, mas eu tenho feito isso de qualquer forma. Me apoiar nele faz a ausência de Camila ser menos destrutiva para minha alma, mas ultimamente estou miserável sem ela e eu acho que sou patética porque eu só tive contato com ela por algumas semanas, eu não deveria me sentir dessa forma. Meu coração está pesado e eu estou começando a achar que meus pulmões não estão respirando a quantidade de ar necessária, e não pode ser por culpa dos cigarros porque por incrível que pareça, eu não fumei nenhum à semanas, acho que desde que conheci a Camila. Talvez eu estivesse menos estressada mesmo sem perceber.

Vou encontrar a substituta da Camila hoje, Senhorita Hansen. Ela deixou uma mensagem de voz dizendo que me encontraria no mesmo horário e na mesma sala para que esse processo de transição fosse ''mais fácil para mim''. Rolo meus olhos ao mero pensamento, porra de mais fácil pra mim, sério? Tudo seria fácil se Camila não tivesse me deixado de uma vez e do nada assim. Porém eu sou a razão dela ter ido embora, nada disso teria acontecido se eu não fosse tão estranha e confusa ao seu redor. Ela até pensou em desistir do seu trabalho e é tudo culpa minha. Não queria que nada disso tivesse acontecido. Preciso vê-la, falar com ela.

Estou no trabalho atendendo ligações de ignorantes no computador e está quase na hora do almoço mas pela primeira vez em semanas, eu prefiro só ficar aqui mesmo. Não estou indo ver Camila então não tenho vontade de sair. Não tenho vontade de fazer absolutamente nada ultimamente.

Ando até o prédio de costume simplesmente porque não tenho nada melhor pra fazer e desde que eu contei à Ally sobre Camila ela não tem feito nada além de me questionar. Questões essas que eu nem sei responder.

Subo até o sétimo andar e novamente ando até a área da recepção, porém dessa vez tudo parece diferente, não estou nem remotamente nervosa o que é algo bom mas eu meio que também sinto falta do nervosismo. Shawn sorri para mim e eu sorrio de volta timidamente, é como se nós dois soubéssemos que eu não estou aqui para ver Camila e ele me olha mais simpático que o normal.

Ando pelo corredor familiar e abro a porta da sala 727. Fecho a porta atrás de mim tento pateticamente oferecer um sorriso a mulher à minha frente; A senhorita Hansen é uma mulher loira; acho que deve ter quase 30 anos e possui traços característicos de uma etnia bem diferente, polinésia eu acho. Está usando uma blusa floral com um saia turquesa e brincos brilhantes da mesma cor, ela parece ter escolhido sua roupa pensando na moda de umas cinco décadas atrás. Tem olhos bem expressivos que parecem ser acolhedores. Ela está com uma manta creme em suas mãos, e sorri para mim enquanto a coloca sobre a poltrona de couro que Camila normalmente se sentava, ou se jogava pra ser mais precisa.

- ''Olá, você deve ser a Lauren, Camila me falou tudo sobre você Desculpe, eu gosto das coisas do meu jeito.'' Ela fala apontando com a cabeça para a manta, me fazendo perceber também outros objetos na sala, que antes não estavam, como uma miniatura da personagem Moana da Disney na mesinha de centro. Sento-me oposta a ela e a encaro enquanto ela se senta. Ela parece bem estranha Estou convencida que todo mundo que trabalha aqui é meio estranho.

- ''Você pode me chamar de Dinah,'' ela fala e eu abaixo o olhar encarando minhas mãos me sentindo estranha pelo silêncio. ''Então,'' ela sorri para mim e apesar de meio estranha, ela parece conseguir me acalmar com seu jeito.