Quarenta

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**Gustavo**

- Antes que você comece a perguntar que merda que eu fiz para a Ana terminar comigo, eu vou logo dizendo que eu não fiz nada! E se fiz não tenho ideia – Digo ao Lucas quando sento na sua frente

- Não foi nem o que fez, mas sim o que disse e o que não disse.

- Eu não disse nada a Ana, para que ela quisesse terminar comigo.

- Nem sobre não ter filhos?

- Foi realmente por causa disso?

- Foi

- Eu não acredito nisso, eu achei que isso fosse apenas uma desculpa para não me falar o verdadeiro motivo.

- A Ana não ia querer simplesmente arrumar uma desculpa para terminar com você, ela ficou realmente mal por você ter dito que não queria filhos, o maior sonho da Ana, é ser mãe.

- Eu...

- Gustavo, eu tenho apenas uma pergunta e uma coisa para te dizer – Fico olhando para ele, esperando – Você realmente não gostaria de ter um filho? Nem que fosse com a Ana?

- Lucas... Eu simplesmente não me vejo como pai, eu acho que nem saberia agir como um.

- Então eu só tenho uma coisa a dizer: esqueça a Ana, porque ela não vai te querer mais, por mais que ela esteja sofrendo e por mais que ela te ame, muito, ela não vai abrir mão de seu próprio sonho e se não for com você, ah meu querido, será com outro – Fico parado, sem reação. Ninguém nunca tinha sido tão... Sincero comigo em relação à Ana, e ouvi isso, de uma pessoa tão próxima a ela, de alguma maneira dói, muito. Se ele está dizendo isso alguma coisa ela disse a ele. Eu vou realmente perde-la de vez?

- O que ela te disse?

- Não muita coisa, e sinceramente, nem precisou – Ele me olha com certa tristeza – Eu sei que você não vai desistir dela, eu apenas estou... Avisando que ela não vai voltar, não importa o que você faça, eu sinto muito, mas a Ana nunca mais será sua.

- Não... Não pode ser eu não posso deixar! – Me levanto para ir embora

- Você assumiria um filho?

- Eu teria outra escolha?

- Assumiria por obrigação?

- Eu não quero ser pai

- Você não pensa no prazer de ser pai? No prazer de proteger alguém? Em segurar um lindo bebe em seus braços?

- Não me imagino fazendo isso

{...}

- E ai, filhão – Meu pai se senta ao meu lado e coloca no jogo – Por que você não está com a sua namorada?

- A gente terminou, quer dizer ela terminou comigo.

- Outra vez? Por quê?

- Nem eu sei bem

Ficamos calados assistindo ao jogo

- Pai?

- Fala

- O senhor sempre quis ser pai?

- Filhão, eu nunca nem me imaginei sendo pai, eu nem nunca tive vontade de ser pai, e cá estou eu, com dois filhos.

- E como o senhor deixou isso acontecer? Como eu e a Margaret nascemos se você não queria?

- Depois de uns dois anos e meio que me casei com sua mãe, houve um dia em que ela chegou em mim e simplesmente disse.

- Eu quero um filho! – Olho para trás e vejo minha mãe parada na porta da sala

- Foi exatamente isso que ela me disse, eu realmente nunca tinha me imaginado com um bebê no colo, eu estava pronto para dizer a ela que nem pensar, mas então eu olhei no fundo de seus olhos – Ele olha carinhosamente para minha mãe que está sentada ao meu lado – E então eu me imaginei, ao lado dessa mulher incrível, com uma criança nos braços.

- Ele me pediu dois dias para dá a resposta e em um dia ele disse que sim

- O que mudou?

- Eu havia sonhado com uma criança, comigo brincando com uma criança e eu estava feliz, eu olhava para o meu irmão com a pequena Sabrina nos braços e simplesmente sentia vontade de ter um, foi uma coisa muito estranha, eu queria ter o prazer de ter um filho, eu queria desfrutar das paixões de uma criança – Ele volta a olhar para a minha mãe carinhosamente – Então veio a Margaret, mas ela foi crescendo e estávamos muitos novos para deixarmos de ser pais, porque quando ela crescesse ela não iria precisar de nós e então veio você e olha foi a melhor escolha que eu fiz

- Essa “investigação” toda é por causa da Ana?

- Talvez

- Gustavo, olha para mim – Continuo olhando para o chão – Olhe para mim!

Finalmente olha para ela, que me olha com ternura, amor, um olhar de “eu estou aqui e sempre estarei”.

- As pessoas mudam Gustavo, um dia você vai olhar para tudo o que está acontecendo e pensar, como é que eu não queria ser pai? É simplesmente a melhor coisa do mundo, e você vai amar ser pai.

- É sempre assim, acredite.

**Gustavo**

OS OPOSTOS - 1° Livro {Concluído}Onde histórias criam vida. Descubra agora