Quatro

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Acordo com meu celular despertando. Não acredito. Hoje faz exatamente três anos que a pior coisa da minha vida aconteceu. Meus olhos ardem, mas não deixo as lágrimas rolarem.

Olho para as marcas que estão nos meus braços e as lembranças me sufocam, as lágrimas descem descontroladas.

Coloco as mãos sobre a cabeça tentando resistir à tentação de deixar mais marcas

"CORRE ANA!" a última frase que ela, disse a mim invadi meus pensamentos juntamente com a imagem dela nos braços dele.

Meus pulsos começam a ardem e a vontade de me livrar da culpa, da dor, aumenta e quando percebo já estou no closet com meus braços sangrando.

Olho para eles por entre as lágrimas e vou para o banheiro. Ligo a torneira da banheira e misturo as águas até ficar morno. Quando já está com o suficiente de água entro nela com os braços para fora.

Depois de alguns minutos que parecem horas, saio da banheira, lavo meus braços na pia e volto para o closet. Visto um conjunto de lingerie preta rendada, visto um moletom vermelho, uma calça jeans e um all stars branco.

Pego minhas coisas e saio sem falar com ninguém. No meio do caminho para a escola, vejo a Jennifer e o Gustavo. Percebo que o Gustavo ia me chamar, mas a Jennifer o impede.

**Gustavo**

- E ai Jenny - Digo quando encontro a Jennifer a caminho da escola

- Oi Guh - Ela me dá um beijo na bochecha - E ai vai comigo?

- Bora, olha a Ana - Eu ia chamar ela, mas a Jennifer me impede.

- Não Guh! - Ela parece meio nervosa

- Por que não?

- Hoje é o dia em que a não fala com ninguém

- Como assim? Por quê?

- Eu não sei, ela nunca fala sobre isso com ninguém, ela fica assim, isolada, não fala com ninguém nem mesmo com os pais.

- Há quanto tempo isso acontece?

- Hoje faz três anos - O que será que aconteceu a três anos atrás? - Amanhã ela está normal outra vez, vamos?

- Vamos

Como eu nunca percebi que tem um dia em que a Ana simplesmente não fala com ninguém?

**Gustavo**

Como é de "costume", hoje eu não falo com ninguém e ninguém fala comigo, nem mesmo os professores.

Bate o sinal para o intervalo e eu cou direto para a biblioteca como de costume e lá leio o mesmo livro que leio desde o que aconteceu: "Diário de Anne Frank" fico na biblioteca até o sinal bater, volto para as três últimas aulas.

Quando o sinal de saída finalmente soa, eu sou a primeira a ir embora

Chego em casa e como sempre nem meus pais e nem a Marta estão em casa. Jogo minha bolsa no sofá e vou fazer um lanche.

Tomo um banho, visto um short e uma blusa azul caída no ombro de a culpa é das estrelas que cobre o short.

Olho para o dia pela janela da sala e então saio. Me sento nas escadas que tem na entrada de casa e então tudo que ocorreu naquele dia me volta à mente e eu me permito chorar.

Devo ter ficado vinte minutos chorando até sentir uma mão no meu ombro, não preciso ben olhar, pois sei que é o Gustavo só pela mão macia e pelo calor percorrendo todo o meu corpo.

OS OPOSTOS - 1° Livro {Concluído}Onde histórias criam vida. Descubra agora