Capítulo 12

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Saí perplexa pela pressão psicológica que Roger tentou jogar em mim. O único que podia sentir era a mão quente de Ryan me puxando contra o vento um pouco gélido da cidade. Seu rosto tinha fúria e não me olhava em nenhum momento. 

Andamos por praticamente toda a rua e ele me enfiou em um carro que, se bem me lembro, era o dele. O silêncio se estendeu até um suspiro entrecortado que dei. A cena de terror começou à pesar e eu me segurei para não chorar.


— Você está bem? — Ryan me olhou rapidamente enquanto dirigia.

— Sim. 

— Ele tocou você? Fez mais alguma coisa antes de eu chegar? 

— Não, não! Não houve contato físico, embora pareça que eu tenha levado uma surra de palavras. — Esfreguei meus braços, me encolhendo contra o banco.

— Desculpa. — Ele repetiu meu movimento em meu braço com a mão livre. — Deveria ter chegado antes.

— Não foi sua culpa. Está tudo bem.


O moreno bufou e deu um soco irritado no volante. Se auto proteger já é uma tarefa difícil, imagina bancar o herói de uma garota com a sorte virada para o chão, como eu.

Ele estacionou o carro e eu desci basicamente largando e arrastando meu corpo para fora, sem a menor vontade de sair do lugar. Até que vi Kyle saindo do prédio e ambos corremos para dar um abraço. Romântico, não? Exceto por Ryan nos vigiando da porta, como se Kyle fosse se transformar em um tirano.


— Anna! Que bom te ver. — Me apertou contra o seu peito. — Parece cansada... E triste, o que houve?

— Corri o dia inteiro e briguei com o meu chefe. Quero dizer, ele brigou comigo. — Dei um curto sorriso de canto.

— Eu não acredito! Espero que você não tenha caído em cima de nada dessa vez. — Riu, beijando minha testa.

— Não, eu não caí. — Ri de volta, fechando os olhos.

— Isso faz tudo menos pior. Escuta, minha irmã me chamou, acho que torceu o pé ou qualquer coisa parecida, então vamos ao pronto socorro. Apesar disso, eu adoraria ouvir sua história, se quiser ir comigo...

— Não, tudo bem. — Balancei a mão, cruzando os braços. — Ela precisa de você.

— Então te ligo assim que resolver tudo e se estiver acordada, conversamos. Tome um banho quente e demorado, vai ajudar.


Confirmei com a cabeça e nos abraçamos novamente. Selamos os lábios sem demorar e eu entrei, passando corada por Ryan que não parecia ter piscado hora nenhuma.


— Tudo bem com o senhor perfeito?

— Kyle está bem, obrigada. A irmã está com problemas.


A expressão de Ryan mudou totalmente, adotando um lado escuro e triste. Algo no pequeno mundo do fotógrafo mudou e tinha certeza que havia sido algo que falei. Será que Kyle estava mentindo e isso o fez ficar com pena? Meus pelos se eriçaram com a ideia.


— Algum problema com o que eu disse? — Indaguei ao apertar o botão do elevador.

— Não. — Sacudiu a cabeça antes de fazer uma pausa. — Ele é um bom irmão. Vamos.

O cara da sala ao ladoOnde histórias criam vida. Descubra agora