Capítulo 7

819 89 43
                                    

Isso não está acontecendo... 

Está?


—Anna! — Ele repetiu. — Meu Deus!

— O que você quer? Não cansa de me perseguir como um stalker? Eu não tenho nada para te oferecer. Não sou nada! — Gritei à plenos pulmões. E tá legal, eu fui grossa.

—Ei! — Ele tentou me silenciar. — Será que a gente pode discutir isso lá fora?


Não respondi e isso deve ter parecido um sim para ele, porque me arrastou até o corredor e entrou mais uma vez para tirar as coisas da parte molhada. Tentei me recompor, mas até conseguir estar melhor, ele já havia voltado, estando tão molhado quanto eu.


— Bob, e aí, cara? — Sacudiu a cabeça para se livrar de uma franja que se instalou em sua testa e continuou sua ligação. — Escuta, o 703 deu problema de novo e agora na sala. Pede para fecharem a água, amanhã você cuida do resto. Valeu!

— Obrigada. — Respondi quando ele desligou, permanecendo encolhida entre meus próprios braços.

— Não tem de que. Se sou seu stalker é minha obrigação. — Piscou para mim.


Ele sempre tem que ironizar tudo o que eu digo? Não perde uma...


— Eu não quis dizer isso, desculpa. — Suspirei cansada. — Só não aguento mais tudo dando errado essa semana. Sei que você não tem culpa. Na verdade, eu tenho.

— Por favor, Anna, que culpa você tem de um cano que você nem tocou estourar? — Sorriu despreocupado. — A primeira semana de todo recomeço é difícil, você só precisa sobreviver à ela.

— Já ouvi isso... — Fiz uma pausa. — Foi assim com você?

— Sempre. — Riu baixo e retirou a chave do bolso. — Vem, precisa se aquecer, gripe não seria uma coisa à te ajudar, agora. Vai por mim.


Sua chave abriu o apartamento 704.

Repito, sua chave abriu o apartamento 704.

Não pode ser que...


— Você é meu vizinho? — Franzi o cenho, perguntando a coisa mais óbvia do mundo.

— Até ontem não era vizinho de ninguém, mas respondendo sua pergunta, sim, somos. — Abriu e empurrou a porta. — Entra.

— Rachel sabe disso? — Entrei, sem tirar os olhos dos dele.

— O marido dela me vendeu isso aqui, então... Sim, deve saber. — Retirou a camiseta, demonstrando estar com menos frio do que eu. — Suas coisas devem estar molhadas demais, pode pegar algo meu para se vestir enquanto faço um chá.

— Obrigada. — Demorei um longo tempo para responder, reparando naquele corpo perfeito que não havia mudado nos últimos cinco dias.


Ainda tremendo, me lancei ao quarto e abri o guarda roupa torcendo para não ver lingeries de modelos perdidas por aqui. Talvez ele tenha escondido bem, pois só encontrei suas próprias coisas. Escolhi uma camiseta com estampa das Tartarugas Ninjas e uma camisa xadrez de manga comprida, seguida de uma calça cinza de moletom — que ganhou um nó à nível da cintura.

Eu estou ridícula. E quentinha.

Voltei para a sala logo que senti o cheiro de chá de camomila.

O cara da sala ao ladoOnde histórias criam vida. Descubra agora