Meu eu interior queria agradecer Alex pela tacada perfeita de simular que estávamos tendo algo. Por outro lado, minha razão se negava à criar um plano desses apenas para que eu saísse bem disso tudo.
Ryan é apenas um cara que esteve comigo e está — ou sempre esteve — com Seline. A vida continua. Não foi nada grave. Ele não terminou um noivado comigo. E já passou da hora de eu trazer Jonathan para o presente.
Quando Diane chegou, uma hora depois, devido à problemas familiares, Alex e eu já havíamos conseguido um bom material e o dispensei para o almoço. Minha garganta estava dolorida demais para que eu pensasse ou quisesse comer.
A voz da chefe chamou por mim quando o elevador se abriu, revelando apenas a silhueta de Ryan que me olhou e eu recusei fitá-lo de volta, entrando na sala.
— Anna, está tudo bem? — Será que Diane percebeu? Ah, não, ela olhou o lenço que estou segurando por causa dos espirros.
— Sim. Precisa de alguma coisa? — Espirrei. Droga!
— Onde está Alex? — Colocou seu óculos com uma armação grossa e escura. Eu usaria.
— Foi almoçar, tentou te esperar, mas eu disse que poderia ir. Quando ele voltar, eu vou, se você deixar...
— Não, menina, você vai para casa assim que ele chegar. Podemos lidar com uma tarde sem os seus serviços e Jennifer dá conta, tenho certeza.
— É minha primeira semana, Diane... — Encarei meus pés depois de um longo suspiro.
— Por isso mesmo. Eu sei como é essa carga sobre você e não posso deixar que trabalhe assim. Não queremos oferecer esse tipo de trabalho. Vá para casa e descanse, se estiver bem amanhã, venha... Do contrário, nos vemos na Segunda. — Sorriu.
— Obrigada. Obrigada!
— Ok, então termine suas coisas e melhoras, querida.
Seu tom foi tão maternal que me deixou emotiva. Saí da sala com um sorriso que se desmanchou um pouco ao ver Ryan cruzando minha mesa, outra vez, e dessa com a câmera em mãos. Seu olhar estava com um parcela de rigidez, como se me questionasse sobre o que viu antes de sair, mas não tinha nada à esconder, literalmente, deixando que ele me olhasse o quanto quisesse.
Se eu pudesse fazer um pedido, seria o de sua sala ser mais distante do meu território, mas o que uma novata pode pedir?
Deixei Jennifer no comando do andar — e do bebezão que Alex é — e me arrastei até em casa. O clima daqui é um pouco mais frio ou o dia está me parecendo o mais frio de toda a minha vida. Febre. Não poderia pedir nadinha a mais.
Lancei meu corpo ao sofá, depois de achar perdido, na cozinha, uma cartela de remédios para dor e febre. Obrigada Rachel por me salvar sem saber. Ainda há um buraco no meio do teto da sala — que se eu me esforçasse, poderia ver o andar de cima —, mas já não chove dentro. O que é ótimo, porque não estou fisiologicamente preparada para dormir com alguém ou por um acaso dividir a cama de alguém com Seline.
O dia caiu rápido e um total de zero mensagens e ligações entraram no meu celular. Tirando as notificações sem sentido do Facebook, avisando coisas que eu não tinha interesse em saber, ninguém lembrou de mim.
Decidi checar a rede social porque não conseguia fazer nada, senão mexer minhas mãos e meus olhos, já que o resto do corpo havia desistido de mim. Uma das notificações era de postagens no grupo da Glam e, por fim, minhas fotos ou as fotos do mural da vergonha da Anna estavam lá. Como eu estava tensa como aquela noite começou... E como tudo foi ficando mais fácil quando notei que as pessoas estavam ali por mim e interessadas no que eu tinha à dizer.
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O cara da sala ao lado
FanficQuando Anna Pierce termina seu noivado de muitos anos, fica desolada e decide partir para New York em busca de novos ares, já que funcionou tão bem para sua melhor amiga, a conhecida Rachel Reed (Livro 1). O que Anna não contava é que o destino fos...