Capítulo 13

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Aquela noite enviava ventos fortes que desbravei, um à um enquanto ia para casa. Deixava para trás as vozes chamando meu nome e tentando remendar o que não havia conserto.

Devia ter percebido os sinais de Jennifer dias antes. Começamos tão bem, com parceria e sorrisos, mas, aos poucos, eu não a via mais. Apenas ao lado de Alex — e esse era o problema em questão.

Eu gostaria de dizer para ela que por mais que meu melhor amigo tivesse um coração enorme, talvez não fosse um bom momento para namorá-lo. Não posso afirmar se toda sua descontração vem de si mesmo ou se contraiu uma aversão à namoros e pessoas fixas por causa de um passado ruim. Não sei mesmo!

E ela teria de descobrir isso. Um passo por vez, antes que se decidisse se isso valia a pena. É claro que ele vale... Mas ela pulou passos que podem fazer falta depois. Aliás, talvez ela nem seja correspondida!

Queria poder explicar todas essas coisas e ajudar aos dois. À ele, para ver se consegue se fixar em alguém ao invés de procurar por casos secretos errados. E à ela, pois gostar de alguém nunca é uma tarefa fácil. 

Ainda mais gostar de alguém que trabalha com você. Eu sei como é.

Digo... Não que eu goste de Ryan, eu só entendo.

Entretanto, não pude conter algumas lágrimas que vazaram pelo meu rosto. Toda essa cena não existia na minha vida durante anos e agora? Estou presa em um quadrado amoroso onde, no máximo uso duas pontas.

Minhas pernas cambalearam até em casa e apenas pude respirar aliviada quando entrei no elevador. Estava na minha zona de conforto. Chegaria na minha casa e estaria longe de qualquer julgamento. E de pessoas.

Foi ali mesmo que passei o resto da noite e o Sábado inteiro sem colocar sequer a ponta dos dedos para fora.

Alex trouxe alguns amigos para sua casa, aquela noite. As vozes eram mistas, mas eu não consegui perceber a de Jennifer em nenhum momento.


— Anna! Estou te esperando na minha casa, trouxeram comida bacana. — Alex gritou através da porta, depois de bater várias vezes e eu não responder ou abrir. — E tem cerveja!


Segui encarando a TV e um comercial de produto milagroso facial, depois de ter corrido por todos os canais sem achar nada. É claro que eu não iria à sua casa. Não importa quem estivesse ou qual comida tivessem levado — ainda que minha barriga roncasse —, estar perto de qualquer pessoa da Glam estava fora dos meus planos.


— Anna, vem comer! Eu te dou um balão de coração! — Disse, horas depois.


Não arrisquei. 

Permaneci estática até que dormi, ignorando todo o barulho ao redor. Era melhor assim, eu não era mesmo tão importante e quem sabe quem nais estava nessa festa?

No dia seguinte, preparei uma massa deliciosa só para mim, com a escolha de molhos do meu gosto. É bom se amar e se dar um mimo, às vezes. E eu precisava de uma certa dose de auto mimos e de entender que não fiz nada errado.

Não joguei com pessoas.

Não sou Ryan que é cheio de mulheres e dorme com todas porque é o bonitão da cidade. 

Não disse que ele é bonito, eu apenas... Disse.


— Anna?


A voz, dessa vez, era de Kyle, baixa e preocupada. Cruzou minha mente não abrir a porta para ninguém, mas o que ele fez de errado para mim? Não há nenhum motivo para que me afaste da única pessoa que não tem nada a ver com essa história.

O cara da sala ao ladoOnde histórias criam vida. Descubra agora