Capítulo 15

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Kyle e eu não tínhamos carro para voltar para casa e só de pensar em voltar andando por um longo caminho, depois de quase descobrir e pensar algumas coisas, não era uma opção. Notando minha expressão, Alex se ofereceu para nos dar uma carona e me joguei em seu carro, literalmente.

A viagem não seria longa e se estendeu totalmente em silêncio, exceto por Alex cantando Sexyback do Justin Timberlake. Eu até tentei cantar, mas estava chateada o suficiente para não emitir nenhum som.

É complicado pensar que as duas pessoas que eu mais gostei de conhecer, se conhecem e guardam segredos de mim. E eu não deveria perguntar mais, porque eu fiz isso antes e achei que sabia tudo — mas parece que não era o suficiente.

Então e quanto a história toda, eu não merecia saber?

Eu não deveria saber?


— Você está quieta. — Kyle se queixou.

— E sobre o que eu deveria falar? — Revidei. E soou como um ataque.

— Aconteceu alguma coisa? 

— Não sei. Aconteceu?

— Foi com as suas amigas? Peter disse alguma coisa?

— O que Peter teria à me dizer, afinal? Algo do seu passado? — Alfinetei, cruzando os braços.

— O que? Não! Só perguntei.

— Pessoal, vocês podem brigar no carro, mas sem sangue no meu banco novinho. — Alex advertiu.


Kyle riu e eu fuzilei Alex por ter parado de cantar para prestar atenção no banco de trás. Não demorou para estarmos em casa e, pelo menos dessa vez, ele decidiu entrar para o seu apartamento e deixar sua curiosidade dormir por umas horas.

Como sempre, Kyle me levou até a porta da minha casa e tratei de não ser tão desagradável. Afinal, as paranóias estavam apenas na minha cabeça.

Por enquanto, pelo menos.


— Então... Nos vemos amanhã? — Iniciou a conversa.

— Não sei, te ligo. — Girei a chave na maçaneta.

— Anna, não sei o que te disseram ou fizeram, mas tudo tem um conserto, tudo se ajeita. — Tocou meu braço.

— Eu espero. — Suspiro. — Só preciso pensar em algumas coisas.

— Faz bem. — Fez uma pausa que não durou tanto. — Só estou com uma impressão estranha e quero que saiba que quero você na minha vida.

— Está um pouco tarde para o meu cérebro ter respostas boas e longas, mas não vou sair da vida de ninguém. — Sorri.

— Melhor assim.


Dei-lhe um beijo no rosto e entrei em casa, soltando um longo suspiro quando a porta ficou trancada, atrás de mim.

E não se falou mais nisso.


•••


Horas mais tarde, meu corpo estava moído de dançar na noite anterior e minha mente tinha o mesmo cansaço depois de horas sem dormir, pensando no que era melhor para mim. 

Nota mental: não frequentar festas no meio da semana.

Decidi, também, que precisava de uns dias para mim e isso incluiria ficar longe de Kyle e fugir de Ryan na Glam. Era o melhor que eu poderia fazer. Minhas hipóteses reais haviam se esgotado.

O cara da sala ao ladoOnde histórias criam vida. Descubra agora