Capítulo 5

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A pior parte da ressaca nem é acordar com a boca seca ou ter uma dor de cabeça que não te deixa ouvir seus pensamentos, mas sim, ter que trabalhar no dia seguinte.

Meu corpo parece não reagir na hora em que quero ou andar na velocidade que preciso, mas certo tempo indeterminado depois, eu estava pronta para voltar à Glam... E ver o processo de publicação do meu artigo. Confesso que tudo isso me dá borboletas no estômago, mas não quero ficar conhecida como a garota das frases confusas — eu estava bêbada, coloquem isso no rodapé!

Uma chuva inesperada caiu depressa aos arredores da revista, me deixando ensopada dos pés à cabeça. Ressaca + Vergonha + Ansiosa + Segundo dia de emprego + Estar ensopada.

Isso não pode ficar pior.

Entro no banheiro da recepção e uso todo o papel possível para me secar, mas não posso me livrar do desastre que minha saia cinza e minha camisa social branca estão passando. Logo agora que eu tinha feito uma combinação bonitinha...

Meus sapatos estão fazendo um barulho esquisito, mas eu decido ignorar, já que estou em cima da hora. Pareço um pinguim andando e espero encontrar minha mesa o mais rápido possível.

Quando o bebê pinguim encontra o seu lugar, tudo parece em paz de novo. Tiro meus sapatos e deixo que eles respirem um pouco. Meu cabelo parece também querer respirar por conta própria e começa a armar, criando uma confusão entre as partes secas e lisas, com as molhadas que criavam cachos armados e desnivelados do resto do corte.

Droga, droga, droga!


— Meu Deus, o que aconteceu com você? Foram só uns pares de tequila! — Alex debochou.

— Alguma lei da natureza não gosta mais que eu tome essas coisas, tenho certeza. — Levo as mãos ao rosto, em desistência.

— Por que? Qual foi a loucura da última vez? — Ele ria do meu desastre físico e mental e eu poderia bater nele se não estivesse tão exausta.

— Dormi na casa de um desconhecido. E depois encontrei com ele. — Disparo.

Ouch! — Ele gemeu. — Agora entendo, Regina...


Se meus olhos pudessem matar, certamente Alex seria um pedaço de nuggets nesse momento. Lanço um olhar mortal, estreitando os olhos para ele, que ignora totalmente a tentativa de advertência e solta uma gargalhada vencedora.

Ele sabe meu segredo, agora.


— Vai trabalhar, Alex. — Corto a comunicação visual e acendo a tela do computador.

— Estou esperando Diane para sairmos. Temos reunião no escritório do presidente. Sua sorte, seu dia vai ser livre e o meu um caos. — Revirou os olhos.

— Talvez os deuses da tequila estão descontando a sua risadinha cretina para mim. — Sorrio e ergo as sobrancelhas.

— Vou chegar lá e dizer que me chamo Ted. Daí ele culpa Alex e eu fico livre. — Piscou.


Mil vezes cretino!

Levanto e acerto um tapa em seu ombro, o que faz com que brinquemos de nos empurrar aqui e ali, como se estivéssemos no pátio do colégio.

Não consegui fingir raiva por muito tempo e nossas risadas se misturavam, sendo a única coisa que preenchia o corredor.

Até então.

O cara da sala ao ladoOnde histórias criam vida. Descubra agora