CAPÍTULO I - ESTAÇÃO DE RÁDIO

3K 191 24
                                    

Minhas botinas estavam sujas de lama mais uma vez. Na semana passada foi por causa do meu carro, um Aston Martin DB5, que inventou de atolar bem no meio de uma estrada de barro, perto do celeiro onde eu costumava praticar tiro no alvo. Então eu tive todo um trabalho para tirar o carro de lá.

Hoje, entretanto, não foi o meu carro que atolou.

Eu tinha saído cedo de casa, por volta das 4:30 da manhã, para fazer uma troca de munições com um contato meu da polícia, contudo eu não esperava que o endereço que ele me enviou fosse um lugar totalmente abandonado. Ou quase.

Se não fosse uma caminhonete 4x4 estacionada em frente a uma pequena estação de rádio velha, eu pensaria que jamais alguém poderia estar ali.

Quando eu saí do meu carro e pisei no chão, meu pé afundou como se ali estivesse algum tipo de areia movediça.

O problema não foi eu sujar as minhas botinas, mas foi ficar quase 10 minutos tentando sair dali.

Eu quase estava desistindo e deixando os meus calçados ali quando felizmente a lama toda deu uma trégua e resolveu soltar as minhas botinas.

Fechei a porta do carro e caminhei em direção á velha estação de rádio.

O caminho estava irregular, com certeza fazia anos que aquele lugar não era habitado.

O prédio tinha 2 andares visíveis, as janelas estavam quebradas e a tinta das paredes estavam descascadas, um tom de cinza com verde cobria o lugar. Um local que provavelmente eu nunca iria em meus dias comuns.

Empurrei uma porta que estava entreaberta e adentrei no local.

Dentro não era tão mau quanto parecia, no entanto, os maltratos dos anos estavam anexados nas paredes e estruturas que formavam o lugar.

Um pequeno balcão estava alojado no canto esquerdo do prédio. Havia alguns objetos em cima do balcão, porém não pareciam estarem velhos. Ao contrário, havia uma faca de 14 polegadas bem amolada e uma mochila com estampa do exército nova em cima do velho balcão.

Passei a mão na faca e nesse momento eu sinto uma respiração bem atrás de mim.

Virei bem devagar. E lá estava ela, há 10 centímetros de distância de mim.

Um meio sorriso se abriu em seus lábios rosados. Seus olhos escuros estavam focados em mim como se estivesse admirando-me.

- Acho que essas coisas são suas - falei apontando para os objetos que estavam em cima do balcão velho - meu nome é Dayane Nunes. E o seu?

Ela não era a pessoa que eu esperava encontrar. Mas mesmo assim eu estava assistindo o movimento lento de sua respiração que prendia a minha atenção.

- Olá... O meu nome é Caroline. O Sr. Campbell me mandou aqui para que eu lhe entregasse isso.

Ela parou de olhar para mim, então eu segui o seu olhar e observei uma caixa sobre o chão coberto de poeira.

- Caroline... - recitei o seu nome - você é o que do Sr. Campbell?

Seu meio sorriso desapareceu.

- Na verdade - o seu olhar ainda concentrava-se em mim - isso não é da sua conta.

Okay. Eu não esperava por essa resposta.

- Então está bem. Vou pegar isso e ir embora - apontei à caixa que estava no chão imundo - credo, por que você colocou isso no chão? - falei enquanto eu pegava a caixa.

Ela aproximou-se de mim. Senti o seu cheiro doce que fez-me pensar por um momento em sua beleza simples e tão delicada.

- Você pode me dar uma carona até a cidade? - perguntou Caroline.

- E aquele carro estacionado lá na frente do prédio? - perguntei.

- Não é meu, eu só peguei emprestado.

Franzi a testa e suspirei.

- E como você pretende devolvê-lo? - perguntei.

- Esse carro tem rastreador, alguém irá vir buscá-lo - respondeu Caroline.

- Você roubou o carro?!

- É o carro do meu pai, então não é roubo.

- E por que você não vai dirigindo ele até a cidade?

- Minha carteira de motorista está suspensa - ela abriu um grande sorriso - E eu também quero irritar o meu pai.

- Nossa. Você parece ser aquela típica filha birrenta que aparece em filmes - Sai de perto dela e caminhei em direção à porta.

- Ah, e você é aquela típica Bad Girl! - se exalto.

- Olha, eu vou dar carona para ninguém não, Caroline.

- Ah, me chama de Carol. Me sinto melhor assim.

- Okay, Caroline - falei enquanto eu ia em direção ao meu carro.

- Então eu espero do fundo do meu coração que você se exploda, Dayane.

- Pode me chamar de Day. Obrigada.

Ela me mostrou o dedo do meio e se dirigiu para dentro do prédio enquanto me xingava baixinho.

Entrei no meu carro e dirigi até a cidade.

Ghosts (DAYROL)Onde histórias criam vida. Descubra agora