CAPÍTULO XVI - NUNCA DESISTIREI

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Enquanto eu entrava no elevador do meu prédio e tentava decifrar quais eram os botões que eu deveria apertar, minha cabeça explodia de dor e os nós dos meus dedos tinham uma fina camada de sangue que percorria pelas minhas mãos machucadas. Eu tinha vencido a garota, mas a minha derrota interna era inquestionável e inevitável.

Pressionei as minhas têmporas depois que eu tinha conseguido fazer com que o elevador fosse para o andar correto.

Já era tarde da noite. Os corredores do prédio estavam escuros e silenciosos. Dava para ver o quão era esquisito eu ser dali. Pessoas e suas vidas normais. Eu e minha vida totalmente transtornada.

Cheguei em frente ao meu apartamento, coloquei a chave, mas ela não girou, e nem girei a maçaneta direito que a porta já estava aberta. Provavelmente eu tinha esquecido de trancar.

Entrei no lugar que estava quase totalmente escuro. Só existia uma pouca luz vindo de um abajur que ficava no canto direito da sala.

Procurei o interruptor rapidamente e logo as cores das coisas começam a fazer sentido em minha vida.

- Você demorou...

Me virei rapidamente e com o coração quase saindo pela boca de susto, eu pude vê-la. Caroline estava sentada no sofá com o rosto choroso.

- O que você está fazendo aqui? - perguntei - Invasão é crime, sabia?

- Você já fez coisas piores - ela se levantou - eu quero conversar com você.

- Não tenho nada a falar com você - abri ainda mais a porta - agora saia do meu apartamento, eu tenho que dormir.

- Eu só vou sair daqui quando falar com você.

- Eu não quero. Você não entende o que eu estou falando?

Ela se aproximou de mim e segurou a minha mão. Sua expressão era um pouco de surpresa misturada de receio.

- Por que você está cheia de sangue? O que você fez, Dayane?

- Não é da sua conta. Agora sai daqui.

- Você deveria tomar banho. Me deixa cuidar dos seus machucados.

- Eu não quero a sua ajuda. Me deixa em paz.

- Eu só queria...

- Você não queria nada. Você pegou o meu coração e pisou nele sem dó. Você acha que eu te quero novamente depois disso? Claro que não!

- Eu te amo, Day! Por favor, não desiste de nós!

- Eu prefiro que você morra do que voltar contigo.

- Day, não fala isso. A gente enfrentou a diferença para ficarmos juntas, a gente...

- Eu sei que os opostos se atraem, mas não somos equações para fazermos jogos de sinais - falei interrompendo-a - agora você precisa ir embora.

- Day, não...

- SAI DA MINHA CASA! OU VOCÊ QUER QUE EU TE CHUTE ATÉ A SAÍDA? - gritei sem querer.

Ela olhou para mim enquanto lágrimas escorriam pelo seu rosto que estava vermelho de tanto chorar. Sua respiração era forçada enquanto ela me olhava.

- Eu nunca vou desistir de você. Não importa o que irá acontecer daqui em diante.

Ela se virou e com um desespero interno, deixei ela ir embora. Eu não sabia se ela iria voltar ou se esse fim era para sempre.

Uma parte do meu corpo queria ela me abraçando e dizendo que iria ficar tudo bem, e que as coisas que aconteceram foi tudo planejado com um propósito bom.

Mas eu sabia que aquilo não era real e que todas as possibilidades ruins estavam acontecendo na minha vida.

Eu fui uma tola em deixar alguém se aproximar de mim. Uma tola em me apaixonar. Uma tola em amar...

De repente um temporal começou a se fazer do lado de fora, o barulho da chuva me fazia sentir muitas sensações diferentes. Mas naquele momento eu só pude lembrar das coisas ruins.

Me afoguei em desespero e fiquei no chão da sala chorando com uma dor que talvez nunca acabasse.

Ghosts (DAYROL)Onde histórias criam vida. Descubra agora