CAPÍTULO XI - ASSASSINA

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O meu olhar fazia um percurso sob o teto do meu quarto e voltava até a parede cinza e um pouco desgastada. Eu deveria fazer a manutenção do meu apartamento, mas isso seria, talvez, em um outro momento.

Me levantei da cama, depois de me deitar sobre ela e pensar se eu iria me permitir deixar a Carol entrar no meu espaço pensador e pessoal.

Fui até a sala e me aproximei da ruiva que estava me esperando deitada no sofá assistindo Friends.

- Você gosta dessa série?

Ela olhou para mim e se sentou.

- Vem aqui. Vamos conversar.

- É melhor voltar a assistir Friends - falei.

- Você por acaso já comeu hoje? - perguntou.

- Hoje não...

- Então vamos sair e comer alguma coisa, ou pedir uma pizza?

- Isso seria um encontro? - falei com um olhar malicioso.

- Não começa com suas cantadas fracassadas.

- Podem até ser fracassadas, mas servem com você...

Ela cruzou os braços e fez uma careta muito bonita.

- Você só faz mudar o rumo dos assuntos.

- E o que você quer conversar comigo? - perguntei.

- Eu queira saber mais sobre você... Obviamente eu não sei quase nada. Só a questão do seu trabalho errado e a sua necessidade com o álcool.

- Nenhum trabalho é errado dependendo de pontos de vistas diferentes.

- Vai, para com isso e me fala sobre você... - falou fazendo um bico.

- Tá certo - respirei fundo e comecei - Meu nome é Dayane Nunes...

- É para você falar o que eu não sei sobre você!

- Exigente você viu? - sorri - O que eu posso falar para você?

- Fala sobre a sua família.

- Minha mãe mora bem longe de mim, obviamente. Meu pai eu não sei se ele ainda existe e meu irmão... Não interessa.

- Seu irmão o quê? Termina! - ela estava concentrada em minhas palavras. Eu não poderia falar sobre meu irmão para ela, mas eu queria conversar sobre.

- Ele foi assassinado alguns anos atrás.

- E...? O que você fez? Matou o assassino dele? Ou sei lá.

- Não. Eu fui a assassina...

A sua expressão era de surpresa, e eu entendia perfeitamente o motivo.

- Minha vida foi resumida em tentar proteger minha família, sabe? E eu falhei miseravelmente nesse quesito. Meu irmão se envolveu com coisas tão absurdas que eu não pude orientá-lo a nada. Ele morava com minha mãe, e no dia que eu fui visitá-los, ele estava tão agressivo com ela que eu tinha que me meter no meio. A gente começou a discutir, depois foi uma briga física... - uma lágrima começou a percorrer a minha face - ele tinha uma faca na mão... Ou era ele, ou eu.

- E o que aconteceu depois? - ela perguntou segurando a minha mão.

- A gangue que ele fazia parte veio atrás da minha mãe e de mim. Fugimos até acharmos o meu atual chefe, que eu nunca o vi na minha vida. Minha mãe foi para outro país e só fala comigo uma vez por mês ou nem fala.

- Que história mais tensa, Day...

Olhei para ela com o meu rosto ardendo. Eu estava chorando. A Carol me abraçou e ficamos assim por muito tempo, até ela lembrar da pizza.

- Você deveria comer. Vou pedir comida, uma pizza, para ser mais específica.

- Não vou comer.

- Isso não é uma opção, é uma ordem.

Ela olhou com um olhar autoritário para mim, então eu fiquei quieta enquanto a Caroline pedia a comida pelo aplicativo. Depois voltou a me encarar.

- Vem cá. Acho que isso não vai me matar.

Ela ficou mais perto de mim e me beijou. Dessa vez não foi um beijo suave e carinhoso. Foi um beijo quase que apressado e sem delicadeza. Me afastei e olhei para ela confusa.

- Calma, eu não vou embora - sussurrei e voltei a beijá-la.

Tínhamos conseguido o encaixe perfeito de nossos lábios juntos. Explorei mais ainda seu beijo e me sentir como se eu pudesse ser normal ao menos uma vez na vida com a Carol.

Ghosts (DAYROL)Onde histórias criam vida. Descubra agora