O meu olhar fazia um percurso sob o teto do meu quarto e voltava até a parede cinza e um pouco desgastada. Eu deveria fazer a manutenção do meu apartamento, mas isso seria, talvez, em um outro momento.
Me levantei da cama, depois de me deitar sobre ela e pensar se eu iria me permitir deixar a Carol entrar no meu espaço pensador e pessoal.
Fui até a sala e me aproximei da ruiva que estava me esperando deitada no sofá assistindo Friends.
- Você gosta dessa série?
Ela olhou para mim e se sentou.
- Vem aqui. Vamos conversar.
- É melhor voltar a assistir Friends - falei.
- Você por acaso já comeu hoje? - perguntou.
- Hoje não...
- Então vamos sair e comer alguma coisa, ou pedir uma pizza?
- Isso seria um encontro? - falei com um olhar malicioso.
- Não começa com suas cantadas fracassadas.
- Podem até ser fracassadas, mas servem com você...
Ela cruzou os braços e fez uma careta muito bonita.
- Você só faz mudar o rumo dos assuntos.
- E o que você quer conversar comigo? - perguntei.
- Eu queira saber mais sobre você... Obviamente eu não sei quase nada. Só a questão do seu trabalho errado e a sua necessidade com o álcool.
- Nenhum trabalho é errado dependendo de pontos de vistas diferentes.
- Vai, para com isso e me fala sobre você... - falou fazendo um bico.
- Tá certo - respirei fundo e comecei - Meu nome é Dayane Nunes...
- É para você falar o que eu não sei sobre você!
- Exigente você viu? - sorri - O que eu posso falar para você?
- Fala sobre a sua família.
- Minha mãe mora bem longe de mim, obviamente. Meu pai eu não sei se ele ainda existe e meu irmão... Não interessa.
- Seu irmão o quê? Termina! - ela estava concentrada em minhas palavras. Eu não poderia falar sobre meu irmão para ela, mas eu queria conversar sobre.
- Ele foi assassinado alguns anos atrás.
- E...? O que você fez? Matou o assassino dele? Ou sei lá.
- Não. Eu fui a assassina...
A sua expressão era de surpresa, e eu entendia perfeitamente o motivo.
- Minha vida foi resumida em tentar proteger minha família, sabe? E eu falhei miseravelmente nesse quesito. Meu irmão se envolveu com coisas tão absurdas que eu não pude orientá-lo a nada. Ele morava com minha mãe, e no dia que eu fui visitá-los, ele estava tão agressivo com ela que eu tinha que me meter no meio. A gente começou a discutir, depois foi uma briga física... - uma lágrima começou a percorrer a minha face - ele tinha uma faca na mão... Ou era ele, ou eu.
- E o que aconteceu depois? - ela perguntou segurando a minha mão.
- A gangue que ele fazia parte veio atrás da minha mãe e de mim. Fugimos até acharmos o meu atual chefe, que eu nunca o vi na minha vida. Minha mãe foi para outro país e só fala comigo uma vez por mês ou nem fala.
- Que história mais tensa, Day...
Olhei para ela com o meu rosto ardendo. Eu estava chorando. A Carol me abraçou e ficamos assim por muito tempo, até ela lembrar da pizza.
- Você deveria comer. Vou pedir comida, uma pizza, para ser mais específica.
- Não vou comer.
- Isso não é uma opção, é uma ordem.
Ela olhou com um olhar autoritário para mim, então eu fiquei quieta enquanto a Caroline pedia a comida pelo aplicativo. Depois voltou a me encarar.
- Vem cá. Acho que isso não vai me matar.
Ela ficou mais perto de mim e me beijou. Dessa vez não foi um beijo suave e carinhoso. Foi um beijo quase que apressado e sem delicadeza. Me afastei e olhei para ela confusa.
- Calma, eu não vou embora - sussurrei e voltei a beijá-la.
Tínhamos conseguido o encaixe perfeito de nossos lábios juntos. Explorei mais ainda seu beijo e me sentir como se eu pudesse ser normal ao menos uma vez na vida com a Carol.
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Ghosts (DAYROL)
FanfictionCONCLUÍDA É comum fazer coleções de moedas, carros, tampinhas de garrafas... Entretanto, Dayane Nunes tem um hábito de colecionar assassinatos. Tentando suportar a dor de tirar a vida das pessoas, Nunes enfrenta os fantasmas das suas vítimas por mei...