CAPÍTULO VIII - WHISKY

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A segunda metade do dia estava se passando lentamente, não era para menos, eu tinha acordado de 13:15, depois de passar quase a madrugada toda acordada pensando nos últimos acontecimentos.

A Carol tinha conseguido destruir o meu autocontrole, e eu estava perdida em um mar de sentimentos que poderiam destruir todo um trabalho que eu tive até aqui. E a Caroline poderia correr riscos de vida por causa dos meus "inimigos".

Era notório o quanto meu possível envolvimento com a Carol poderia prejudicar a sua vida. Mas agora eu estava querendo aquela mulher e eu não iria desistir até conseguir tê-la só para mim.

Eu comecei a pensar sobre as coisas que eu soube ontem. O quanto eu fui descuidada ao ponto de matar uma segunda pessoa. Todo meu desespero por uma vida que foi tirada sem necessidade. E depois, eu descubro que a Caroline era neta do Sr. Campbell.

Ele era um agente da polícia que vivia desviando armas e munições para o abastecimento de algumas pessoas e grupos que se consideravam gangues. É claro que o Sr. Campbell lucrava uma grana preta com todo esse esquema.

E agora a Carol estava entrando nisso tudo. Eu não queria que fosse assim, mas provavelmente ela não deveria ser tão inocente ao ponto de nunca ter segurado uma arma.

Percorri meus dedos pelo livro aberto que estava em cima da minha antiga escrivania e depois fechei bruscamente ele.

Eu teria que conviver com mais um fantasma do meu próprio passado. E agora ter lidar com uma possível paixão.

Peguei minha jaqueta e as chaves do meu apartamento. Meu estoque de whisky barato tinha acabado a alguns dias atrás e eu não tinha comprado quando eu fui no supermercado. Eu precisava encher a cara.

Mas antes de abrir a porta, alguém a bateu e como eu estava de saída, eu a abri.

- Iae, mana! - Vitão estava em frente da porta com uma vasilha nas mãos - Eu trouxe isso para você!

- Ah, entra - falei um sorriso no rosto - o que é isso?

- Bolo. A Carol fez e eu vim trazer para você.

- A Carol sabe cozinhar!? - perguntei abismada.

- Ela tenta... E eu sou o cobaia. Estou te dando esse cargo de presente - ele colocou a vasilha na minha mão e entrou no meu apartamento, depois sentou-se no sofá.

- Eu não sei o porquê de todas as pessoas entrarem no meu apartamento sem pedir - falei com uma mão na cintura e a outra segurando a vasilha do bolo.

- Eu te trouxe comida. Relaxa.

- Eu ia sair, sabe...

Coloquei a vasilha em cima da minha escrivania e cruzei os meus braços. O Vitão era uma pessoa folgada. Já estava com os pés em cima do meu sofá.

- Eu queria conversar sobre umas paradas - ele falou.

- Digamos que eu possa me interessar sobre esse possível assunto...

- Eu fiquei pensando sobre aquele dia no Pub... E sabe, acho que alguém tentou me matar de propósito.

- Você já falou com sua irmã sobre isso? - perguntei sentando no sofá.

- Eu não quero envolver ela nessa situação toda.

- Eu entendo. Mas acho que sua irmã não é tão ingênua para não falar dessas coisas com ela.

- Eu só quero deixar ela fora disso tudo.

- Então você deve ter feito alguma coisa de errado... - supus.

- Ninguém é santo...

- Desembucha! - falei.

- É melhor não.

- E você veio aqui para conversar e não quer me dizer nada - me levantei e segui em direção à porta - Eu preciso sair e você está gastando meu tempo.

- Relaxa, mana - ele riu - na realidade, eu vim aqui mesmo porque a Carol pediu. Acho que ela deve estar besta por você.

Reprimi um sorriso e respirei fundo. Claro que eu não deveria acreditar nessa conversa mentirosa dele, mas o meu coração acelerou em relação a Isso.

- Tá, mas eu tenho que sair.

- E você vai para onde?

- Comprar meu sagrado Whisky.

Ghosts (DAYROL)Onde histórias criam vida. Descubra agora