CAPÍTULO XXVI - TRANSIÇÃO

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DAY:

Eu tinha que achar o meu irmão, mesmo não querendo. O momento de conversar com ele tinha chegado. A gente nunca se sabe o que pode acontecer com nossas vidas até estar vivendo o momento, então mesmo contra a minha vontade, eu tinha que encontrá-lo para podermos seguir em frente com nossas vidas e deixar todo o rancor de lado.

Caminhei até um pequeno jardim que tinha atrás da casa da minha mãe. O Zayn estava lá, agachado perto de duas rosas. Ele observava elas como se estivesse em um pensamento distante da realidade. Me aproximei e fiquei alí olhando ele.

- Aqui tem uma lagarta - falou apontando para uma das rosas - eu não sei se eu deixo a lagarta comer as folhas da rosa ou retiro ela de seu habitat. O que você acha?

- Sei lá, tira? - respondi.

- Não... - refletiu - A natureza tem que seguir com seu ciclo natural de vida. Apesar de que agora a lagarta é considerada uma "praga", mas ela vai se transformar em uma belíssima borboleta.

- Sim...

- E mesmo que nossa mãe fique triste com as folhas das rosas, ela vai achar lindo quando a borboleta aparecer. Mas será que vale a pena toda essa transição da lagarta para a borboleta, ser uma praga e depois se transformar em um animal belíssimo?

- Algumas coisas acontecem e a gente não pode de nenhuma forma controlar- falei.

- E as que já aconteceram, a gente tenta melhorar o futuro, como a lagarta - falou - Eu quero virar uma borboleta, deixa de ser uma praga e ser digno de voar.

- Zayn...

- Não, Day. Eu sei que errei, e muito. Mas eu era um drogado descontrolado, agora eu me controlo. Eu errei de ter brigado naquele dia com você e com a nossa mãe, eu errei de ter levado a Carol para fazer coisas erradas, eu errei de não ter protegido você e a Carol naquele galpão. Juro que naquele dia eu tinha um plano para salvar todo mundo, mas eu fui um fracasso. Me arrependo e não sei o que fazer para me desculpar.

- Já é um grande passo se arrepender - falei - demonstre seus arrependimentos nas suas ações com a nossa família. Você é meu irmão, e apesar de tudo, eu amo você.

- Eu também te amo, Day.

- Então vamos entrar, tá todo mundo lá dentro comendo e esperando a gente.

Chegamos na cozinha, a Thay e o Vitão já tinham saído dalí e minha mãe foi logo entregando um prato para mim e para o Zayn.

- Agora eu quero ver meus filhos alimentados.

Enquanto eu colocava a comida no prato, a Carol cantarolava baixinho.

- Baby, canta mais alto - falei.

- Não, Day. Não quero estragar os seus ouvidos.

- Vocês podem me ouvir cantando - Zayn falou.

- Não, Zayn. Tá tudo de boas, vai comer.

Sentei do lado da Carol e beijei seu rosto.

- Você é tão linda. Como consegue? - perguntei.

- Digamos que do mesmo jeito que você consegue - falou segurando minha mão - quer beber alguma coisa?

Enquanto colocava suco no meu copo, ela sorria de lado e suas linhas da boca desenhava perfeitamente seus traços me fazendo pensar em tantas coisas...

- Não me olha assim, Day - falou corada.

- E como eu vou te olhar?

- Gente, sério, não esqueçam que eu estou aqui - Zayn comentou.

- Zayn, vai arrumar uma namorada - Carol falou.

Quando a gente saiu da cozinha, eu puxei a Carol até o quarto, eu queria conversar.

Sentei na cama e olhei para ela.

- O que foi, Day?

- Quando a gente estava no galpão, o Dreicon tinha falado uma coisa... - cruzei meus braços - ele disse que você tinha matado um capanga dele.

- Ah, sim. Foi uma briga. Eu não sabia que ele fazia parte de uma gangue até aquele dia no galpão.

- O que aconteceu? - perguntei.

- Foi no dia da festa que você entrou no meu apartamento para reclamar do barulho. Lembra? No dia que aconteceu aquilo com Victor.

- Lembro.

- Zayn tinha conseguido a informação de que aconteceria um atentado contra a vida do Vitão por causa das drogas - falou sentando ao meu lado.

- Zayn sempre no meio.

- Sim, mas ele foi útil. Porque se você não estivesse lá, eu estaria. Quando cheguei no Pub, você estava dando uma de heroína. Eu fui embora para casa correndo, porque as pessoas estavam no meu apartamento, já que tinha uma festa rolando. Acho que o tempo entre tudo isso foi muito pouco, não lembro exatamente. E eu só soube de que o Vitão tinha se dado mal pela manhã.

- E qual parte você matou o homem? - perguntei.

- Eu estava indo ao pub, mas alguém estava me seguindo. Então eu fui até o cara e a gente brigou fisicamente, mas então eu esqueci meu canivete cravado nele, voltei para pegar, mas não estava mais lá. Eu fui muito descuidada. Ainda bem que foi você quem achou. Depois disso, fui correndo para o pub tentar salvar meu irmão, mas você quem o salvou.

- Salvei o amor da minha vida sem perceber - falei beijando o cantinho dos seus lábios - sabe o que eu quero agora?

- Sei - sussurrou.

Comecei a beijá-la. De todas as maneiras que o mundo se mantinha firme, nenhuma se comparava com a minha sorte de ter a Carol. Eu queria aproveitar de todas as formas o prazer de ter ela, de poder beijar e tocá-la.

Ghosts (DAYROL)Onde histórias criam vida. Descubra agora