CAPÍTULO XV - OITO!

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Eu tinha observado o dia se passar em um lento flashback de tudo o que havia acontecido em minha vida. Mortes, amor, mentiras... Comecei a perceber que tudo foi uma perca de tempo. Todos os esforços, todos os sentimentos e riscos que eu enfrentei foram inúteis.

Caminhei em direção a um galpão antigo que tinha no interior da cidade onde eu morava. Ficava bem escondido, onde ninguém que não soubesse a sua localização exata nunca conseguiria achar.

Nesse galpão, existia um pequeno campeonato clandestino de luta livre, aonde valia tudo, menos a morte.

Alguns meses atrás eu era uma frequentadora do lugar. Além de apostar, eu lutava contra pessoas de todos os tipos.

Me posicionei ao lado do segurança do local e apertei a mão dele. Era um velho conhecido meu, sempre me ajudou com vários problemas.

Dentro do lugar, tinha uma quantidade considerável de pessoas. Do jeito que eu lembrava. Então eu avistei Bruno, meu antigo parceiro e amigo.

- Oi!

- Tudo tranquilo?

Ele apertou a minha mão e depois me puxou para um abraço apertado.

- Você não deveria desaparecer assim do nada - falou.

- Tive alguns imprevistos na minha vida.

- Garota, eu pensei que você tinha morrido, ou sei lá.

- Acho que isso vai demorar para acontecer - falei.

- Mas então... Você vai enfrentar alguém? Tipo, eu tenho certeza que muitas pessoas iriam querer enfrentar a lendária Day!

- Lendária Day? Que nome mais ridículo, Bruno! - falei rindo - eu não sei se é uma boa ideia. Não me preparei.

- Não quero que você se machuque. Seria um grande desperdício, sabe?

- Se eu ganhasse, seus negócios agradeceriam.

- Eu sempre aposto em você - deu de ombros.

- Acho que eu vim aqui com intensão de bater em alguém. Eu preciso me libertar de uma raiva que eu tô sentindo, sabe? - admiti.

- Você está no lugar certo então!

Depois que ele organizou quem iria lutar com quem, minha ficha enfim caiu. Eu iria enfrentar uma das melhores que tinha na temporada. Fiquei nervosa.

- Você acha que dá conta? - perguntou o Bruno - se você desistir agora, não vai ficar machucada...

Reprimi um palavrão e entrei no ringue improvisado que tinha no local. Era a hora de eu me expressar como eu sempre fazia.

A garota que estava em minha frente era mais alta que eu uns 20 centímetros, e provavelmente pesava mais.

Seus cabelos estavam amarrados em um coque perfeito e dourado. A linha da sua boca estava entreaberta e seus olhos focavam em meu punho.

O juiz deu início a luta.

A minha adversária imediatamente se posicionou em minha frente e socou o meu rosto tão de repente que eu caí no chão sem esperanças de me levantar.

Então o juiz começou a contar...

- Um!

Eu lembrei dos motivos que me fizeram estar alí. O primeiro era a frustração da minha vida.

- Dois!

Todo o ódio que eu senti por mim mesma foi totalmente inútil.

- Três!

Aparentemente todas as pessoas que eu já amei tentaram me matar, e por que não morrer agora?

- Quatro!

Eu sentia que eu poderia descontar todos os sentimentos ruins que preenchiam a minha mente em uma briga justa.

- Cinco!

Eu escutei uma multidão gritando em torno de mim, eu não queria decepcionar quem acreditou em minha vitória.

- Seis!

Senti minhas pernas tremerem quando eu tentei me levantar.

- Sete!

Olhei para a garota em minha frente comemorando uma possível vitória e no lugar dela eu visualizei a Carol.

- Oito!

Uma raiva inexplicável tomou conta do meu ser. Enfim eu consegui levantar.

- E ela levantou! - gritou Bruno no meio da platéia.

Senti que eu poderia descontar toda a raiva que eu sentia pela Caroline naquela garota em minha frente.

Fechei meu punho e consegui dar o meu primeiro golpe. A minha adversária levantou a perna e tentou me chutar, mas eu desviei rapidamente.

Me aproximei dela e apliquei um asoto gari, derrubando-a. Me movi ligeiramente e me posicionei sobre ela e imediatamente comecei o processo de estrangulamento.

Depois comecei a dar múltiplo socos enquanto ela tentava se defender colocando os braços em seu rosto.

Logo após que o juiz decretou a minha vitória, saí do velho galpão tão atormentada que eu não tinha percebido que minha roupa tinha muito sangue e meu rosto estava todo machucado.

Consegui lembrar aonde o meu carro estava, então entrei nele com minha cabeça girando de dor. Dirigi em direção ao meu apartamento.

Ghosts (DAYROL)Onde histórias criam vida. Descubra agora