- A escolha é sua - o homem repetiu.
A Carol estava com uma expressão de atordoamento depois das duas opções, e eu só conseguia pensar em uma.
- Me mata, Carol - falei - é a melhor opção.
- Eu não posso - ela falou baixinho.
- Claro que pode... Eu não tenho mais o que fazer viva... - comentei.
- Eu não posso... Porque eu te amo, Day. Não iria matar o amor da minha vida... E o Vitão... Ele é o meu irmão, eu não quero vê-lo morto... - ela se virou e ficou em frente ao Zayn - Me mata, eu não irei fazer essa escolha.
- Mas que comovente! - Dreicon falou alto - Deixa que eu escolho!
Ele virou a pistola e apontou para minha cabeça. Um turbilhão de pensamentos preencheram a minha mente.
Senti a mão do Vitão se mexer perto da minha e percebi que ele estava acordado. Ele estava tentando se soltar. Eu precisava ganhar tempo.
- Você acha mesmo que tudo isso vai ficar impune se matar algum de nós?
- Day, cala a boca - Zayn falou empurrando a Carol.
- Você é o pior irmão do mundo, na verdade, você não é mais meu irmão. Nunca foi - uma lágrima ameaçou a cair, mas eu a reprimir.
- Tudo o que eu já fiz teve um porquê... Você não deveria me julgar, você fez tantas...
- Fica quieto, Zayn! Você só sabe ver o seu lado, sempre foi assim! - falei um pouco exaltada.
- Esse debate familiar está muito bom, mas eu não quero ficar muito tempo nisso...
E nesse momento, o Vitão se levantou rapidamente da cadeira, se soltando das amarras que prendiam ele. Puxei minha mão e percebi que ele também tinha me soltado.
Vitão se jogou em cima do Dreicon, fazendo a arma ser disparada, mas felizmente não atingiu ninguém e depois começou uma luta entre eles. A arma de Dreicon caiu perto dos meus pés e rapidamente eu o peguei. Quando eu ia mirar no Dreicon, os capangas dele começaram a reagir. Barulhos de tiros ecoaram por todo o lugar.
Olhei para Carol que estava ainda sendo refém do Zayn. Ele estava puxando ela para algum outro lugar, mas a ruivinha começou a revidar. Um chute entre as pernas do Zayn foi o bastante para ela conseguir tirar a arma da mão dele.
Voltei a focar no Vitão. O Dreicon conseguiu ficar em cima dele o batendo sem parar. Sangue escorria do rosto do Vitão enquanto os murros sacudiam a sua cabeça.
Eu não conseguia me mexer até o barulho dos tiros dos capangas ficarem mais alto. Segurei com firmeza a arma e mirei no Dreicon que tinha parado de bater no Vitão e o fitava impiedosamente.
Atirei.
O tiro foi certeiro. Depois olhei para Carol que apontava a arma para o Zayn. Eu já estava agachada no chão quando os tiros se intensificaram.
- Abaixa, Carol! - Gritei.
Ela olhou para mim por um segundo antes do Zayn empurrar ela e pegar a arma.
Dois capangas estavam se aproximando de mim. Vi o homem com a camisa vermelha do meu lado esquerdo e atirei nele. Depois me virei até perceber o segundo homem quase ao meu lado, levantei até ficar visível para ele e atirei, derrubando-o.
Fiquei de pé e corri em direção a Carol e o Zayn. Eles se encaravam de uma forma estranha, mas mesmo assim apontei minha arma para o meu irmão.
- Eu também tenho uma arma - Falei.
- Não atira nele, Day - Carol falou.
- Qual o seu problema? Ele está apontando uma arma para você! - Gritei.
- Só me escuta uma vez na vida - Carol disse olhando nos meus olhos.
Abaixei a minha arma e olhei para o Zayn.
- Vou terminar o serviço. Ainda tem mais capangas lá fora - Falou o meu irmão correndo para fora do lugar.
Olhei para Carol por cinco segundos até sentir uma vontade de desviar o olhar. Então me lembrei da garota sem sorte e o Vitão que estava no chão machucado.
Fui até a garota que estava jogada no chão amarrada na cadeira. Soltei ela e me virei até o Vitão.
- Eu me joguei no chão quando percebi os tiros - falou ela.
- Foi o que eu imaginei - falei.
- Eu acho que a faquinha que você guardou da Carol ajudou muito para eu conseguir soltar a gente das cordas - disse o Vitão com os olhos fechados, mas um alívio percorreu o meu corpo ao perceber que ele estava vivo.
Olhei ao redor e vi o canivete com as siglas C.B. um pouco distante. Acho que o Dreicon jogou para longe na hora da luta. Fui até ele e o peguei, colocando-o no meu bolso.
- Eu deveria... - A Carol começou a frase, mas foi interrompida por um tiro.
Esquecemos do terceiro homem que estava conosco. Olhei em volta do lugar e o vi atrás de algumas caixas de madeira. A arma ainda estava em minha mão, então eu atirei, mas nem esperei para ver se a bala o tinha acertado, eu fui até a Carol que tinha se sentado no chão.
- Ah, não - Falei nervosa.
Sua mão estava sobre o seu abdômen e muito sangue escorria por lá. Ela olhou para mim com um olhar caído e sorriu.
- Acho que dessa vez é a minha vez de morrer - Falou brincando.
- Não fala isso, você não pode morrer.
Lágrimas começaram a percorrer a linha do meu rosto até minha visão começar a ficar embaçada.
- Você não pode ir embora agora - falei chorando.
- Me perdoa por tudo, Day... Eu queria mudar o passado... - Sua respiração começou a ficar pesada.
- Não faz isso, por favor, não me deixa... Carol...
- Me perdoa... - Falou enquanto revirava os olhos cheios de dor.
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Ghosts (DAYROL)
Hayran KurguCONCLUÍDA É comum fazer coleções de moedas, carros, tampinhas de garrafas... Entretanto, Dayane Nunes tem um hábito de colecionar assassinatos. Tentando suportar a dor de tirar a vida das pessoas, Nunes enfrenta os fantasmas das suas vítimas por mei...