Capítulo doze

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Saio do elevador no estacionamento do prédio e vejo Ralph do lado de fora de seu carro branco brilhando de novo. Tento esconder o meu desconforto. Nosso nível social é completamente diferente. Ele é um empresário poderoso e eu sou apenas um Engenheiro Civil orçamentário júnior que trabalho dia e noite para poder pagar minhas contas.

Ele está super elegante de blazer preto e camisa branca e uma calça azul marinho justa. Seu rosto de ilumina ao me ver e ele abre um sorriso. Carla automaticamente diminui o passo, sem falar nada, me deixando há dois passos à frente e ainda mais desconfortável por sua falta de sutileza.

– Parabéns, P.O.! Ele me dá um abraço forte com seus braços musculosos, roçando sua barba meio avermelhada no meu pescoço e me fazendo arrepiar. Seu perfume enche os meus pulmões e eu começo a sentir um calor incontrolável. Ficamos assim por um longo minuto até que Carla pigarreia.

Ele me solta e vai até Carla para cumprimentá-la e para para observar.

– Nossa! Você está escandalosamente linda. – E dá dois beijos nela.

– Obrigada. – Ela diz, ficando levemente vermelha.

– Ah! Esqueci uma coisa! – Ele se vira, entra no carro, pega alguma coisa e volta com um pacote.

– É para você. – Ele me entrega o pacote quadrado e preto.

– Não precisava, Ralph. – Pego o pacote e sua mão encosta na minha.

– Ah, não é nada, é só uma lembrança. – Ele pisca para mim, sorrindo e eu fico ali olhando para ele.

– Abre para ver o que é. – Carla grita, empolgada. – Estou morta e enterrada de curiosidade.

Balanço a cabeça tentando recuperar a concentração e abro o pacote. Arregalo os olhos quando vejo o relógio reluzente que ele me deu. O relógio é preto e de uma forma bem maior do que os relógios convencionais. Caramba! Deve ter custado uma fortuna. Reparo nos detalhes, nos vários ponteiros e número diferentes por dentro.

– Nossa Ralph. – Engulo em seco. – Obrigado, eu adorei, de verdade.

– Você vai gostar ainda mais do restaurante. Vamos? – Ele diz todo satisfeito.

Seguro o relógio com a mão trêmula e entramos no seu lindo carro branco e com cheiro de novo. Carla se senta no banco da frente e eu me sento atrás. Nós saímos do estacionamento e depois pegamos a rua. Antes de virar a esquina ele para e olha pelo retrovisor.

– O que foi? – Carla pergunta.

– Estou esperando o Miguel.

– Quem é Miguel? – Ela pergunta, curiosa.

– É meu segurança. Não dá para ficar andando sozinho pelo Rio de Janeiro, está bem perigoso ultimamente. Eu só não abro mão de dirigir o meu próprio carro. Adoro dirigir. Pronto aí vem ele.

Olho para trás e vejo um SUV preto se aproximando. Ralph arranca com o carro e nós vamos embora. Fico desconfortável com o presente que ele me deu, a gente se conheceu outro dia e ele me dá um presente caro desses. Me remexo no banco.

– Tá tudo bem aí atrás P.O.? – Ele pergunta, me olhando pelo retrovisor central.

– Oi? – Pergunto, despertando de meus pensamentos.

Ele gargalha e Carla me olha rapidamente por cima do ombro.

– Ele está meio sonolento hoje. – Ela sorri.

– Trabalhando até tarde?

– Aham! – Carla e eu respondemos juntos.

Meia hora depois chegamos no restaurante. Ralph dá o braço para Carla e eu me sinto segurando vela. Ele entrega a chave a um manobrista, diz alguma coisa para uma jovem impecavelmente vestida e maquiada – imagino que seja a maître – na porta e ela nos guia por dentro do restaurante. Fico quase sem fôlego ao ver o nível do restaurante. Eu nunca entrei em algo do tipo em toda a minha vida. As paredes são todas em madeira nobre e vidro, há diversas mesas e cadeiras de mogno com um lustre de cor rosa caindo por cima de cada uma delas. O lugar tem um cheiro incrivelmente agradável e a temperatura é perfeitamente refrescante, sem extrapolar para o frio. A iluminação é mais escura, dando um ar romântico ao lugar. A maître nos leva até uma mesa de quatro lugares bem localizada perto da janela de vidro que dá para o mar. Nós nos sentamos – Ralph ao meu lado, o que me deixa ainda mais desconfortável e Carla à minha frente. Eu dou uma olhada para as pessoas nas outras mesas e fico impressionado com tanta gente elegante.

Copiloto (Amor sem limites #2)Onde histórias criam vida. Descubra agora