Capítulo sessenta

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Saio para a rua sem saber para onde ir, com quem falar e o que fazer. O calor aqui fora me pega como um soco no estômago, me deixando com dificuldade de respirar. Minhas roupas dificultam ainda mais a minha situação. Dobro a manga da minha camisa o máximo que consigo e abro mais um botão no peito. Depois paro debaixo de uma árvore, longe de qualquer pessoa e penso no que fazer. A primeira pessoa que me vem a cabeça é a Carla, então pego o telefone e ligo para ela.

– Oi P.O.zinho! Que saudade de você me ligando. – Ela atente toda empolgada.

– Oi Carlitcha. Está na academia? – Pergunto, tentando manter a calma na voz.

– Estou sim, mas não estou em aula. Na verdade, ia tomar um café agora. O que aconteceu?

– Fui demitido. – Todas as minhas forças parecem se esvair quando essa frase sai da minha boca.

– O quê?! – Sua voz é preocupada. – Por quê?! O que aconteceu?

– É uma longa história, mas para resumir, a empresa onde eu trabalhava foi comprada por outra e o dono dessa outra é ninguém menos do que o tio de Henri. Ele acabou descobrindo que eu trabalhava lá e me chamou para conversar. – Carla escuta tudo sem dizer nada. – Ele me ofereceu dinheiro para sair da vida de Henri e quando eu disse que não aceitava ele me demitiu.

– Cara! Que filho da puta! – Ele quase grita. – Não posso acredita que ele seja um crápula desse tipo.

– Pois é. Também confesso que ele superou as minhas expectativas. Agora não sei o que fazer.

– Vem para cá agora! Vamos conversar melhor aqui. Eu não tenho aula até mais tarde.

Penso em dizer não, mas a verdade é que eu estou sem rumo.

– Tudo bem. Estou indo.

– Estou te esperando, beijo.

Pego um Uber e vou direto para a academia, meus pensamentos não param. Não consigo parar de lembrar do tio de Henri me oferecendo dinheiro para sair da vida dele. Que filho da puta! Minha vontade era de processar esse infeliz e fazer ele pagar pela falta de profissionalismo dele, mas eu prefiro manter distância desse tipo de gente.

Alguns minutos depois, estou passando pela catraca da academia quando Ralph passa por mim, para, como se tivesse visto um fantasma e olha para trás, me reconhecendo. Consigo dar um sorriso sem graça pela cena cômica que ele faz. Então ele vem ao meu encontro.

– P.O aqui às quatro da tarde?! O que aconteceu?

– Nem te conto, Ralph. – Suspiro.

– Pelo visto é grave. – Ele fica sério. – Vem cá, vamos conversar na minha sala.

– Na verdade, a Carla está me esperando...

– Pois que ela espere um pouco mais, eu te achei primeiro, vem! – Ele me puxa e eu o sigo.

Chegamos na sala de Ralph e eu me sento em uma poltrona. Ele puxa a poltrona ao lado e fica de frente para mim. Me deixado um pouco nervoso com o excesso de atenção.

– Conta! – Ele diz sério.

Então eu conto. Na verdade, eu decido que está na hora de Ralph saber sobre Henri. Ele já sabe que estou namorando e também me viu com Henri aqui, e acima de tudo, ele é meu amigo, não tenho mais motivos para esconder isso dele. Então eu começo contando sobre Henri, como nos conhecemos, o que aconteceu depois e porque vim para o Rio de Janeiro e depois falo do tio de Henri até a parte que ele me demitiu.

Copiloto (Amor sem limites #2)Onde histórias criam vida. Descubra agora