Capítulo trinta e três

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Desperto gradualmente de um sono profundo. Estou deitado sobre o peito de Henri, nossas pernas entrelaçadas e seu braço em torno da minha cabeça, como se tentasse me proteger de um sonho ruim. O sol já está no céu lá fora, apenas a cortina do meu quarto o impede de nos incomodar. Como acordei naturalmente pelo meu relógio biológico, imagino ser umas sete da manhã. O silêncio dentro do quarto quase me faz cair no sono de novo, mas prefiro aproveitar o momento agarradinho com o cara que eu gosto.

Fico escutando sua respiração e seus batimentos cardíacos. Tudo calmo e regular. Ele ainda está dormindo. – Sorrio maliciosamente. – Ainda de olhos fechados e deitado sobre ele, passo a minha mão esquerda pelo seu peito nu, sentindo o seu calor. Nem o ar condicionado foi capaz de me fazer sentir frio perto dele, seu corpo é realmente muito quente. Continuo alisando, fazendo movimentos circulares passando por seu ombro, seu peito, seu mamilo, seu abdômen definido, subindo e descendo. Sua pele é tão lisa e tão macia que chega a ser viciante. Seus músculos estão bem definidos, o que me faz pensar no treino pesado que ele se propôs a fazer na minha ausência. Fico assim por um momento, tentando explorar seu corpo sem que ele saiba. De repente o ritmo do seu coração batendo sob o meu ouvido passa de calmo para acelerado, como um carro que vai de zero a cem em um segundo. Meus movimentos se congelam ao escutar a sua voz rouca.

Hummmm... pode continuar.

Faço um movimento para sair de cima dele, mas ele me segura e em segundos está em cima de mim, me pressionando com o seu corpo e enfiando sua cabeça no meu pescoço. Meus pelos se arrepiam quando ele roça sua barba por fazer em mim. Segundos atrás estava quase dormindo e agora estou totalmente desperto, ofegante e cheio de tesão. O que há de errado comigo? Ele pressiona sua ereção – quase saindo da cueca – contra a minha. Consigo sentir cada centímetro dele encostando em mim, me deixando ainda mais louco de tesão. Não consigo concentrar em dizer ou fazer nada, estou completamente dominado por ele.

– Parece que tinha alguém se aproveitando de mim afinal. – Ele sussurra com uma voz cheia de desejo no meu ouvido.

Não consigo dizer nada, apenas aproveito o máximo da situação, forçando o meu corpo para cima, provocando-o, enquanto ele me aperta ainda mais. Sinto seus lábios roçarem o meu pescoço e não consigo segurar um gemido. Meus olhos se fecham enquanto ele vai movendo sua boca até chegar na minha orelha e começa a morder bem devagar. Arquejo de tesão. Meu cérebro me diz que precisamos parar por aqui agora, antes que nós dois fiquemos fora de controle, mas meu corpo continua pedindo mais.

– Você disse que não ia se aproveitar... vai negar isso? – Ele sussurra com um tom de humor na voz.

– Eu menti. – Finalmente consigo falar.

– Não me provoque, Pedro.

– Henri...

– Não. – Ele me corta. – Dessa vez vamos fazer do jeito certo.

Ele me dá um beijo no pescoço e depois me dá outro beijo rápido na boca e sai de cima de mim, já indo em direção ao banheiro. Por um lado, fico decepcionado por ele ter me seduzido e me jogado fora, por outro, fico envergonhado por ter feito o que fiz. Sei que não deve ter sido fácil para ele se controlar. Não sei o que se passou na cabeça de Henri. O meu raciocínio foi totalmente desligado pelos meus desejos.

Ele toma banho no banheiro que dá para o meu quarto enquanto eu tento me recompor. Desligo o ar condicionado, abro a cortina e as janelas e deixo o sol entrar. O céu lá fora está de um azul claro, sem nuvens. Arrumo a cama cantarolando, estou completamente de bom humor, mesmo depois de uma cena tão aterrorizante quanto a de ontem. Ele te faz muito bem! – Meu cérebro já acordou todo disposto também.

Pego uma toalha e me preparo para pendurar na fechadura da porta do banheiro quando a porta se escancara de uma só vez, enquanto um Henri com um sorriso safado no rosto aparece totalmente nu, como se fosse a coisa mais normal do mundo. Me viro de costas instintivamente com meu rosto em chamas. Estico o braço para trás para que ele pegue a toalha.

– A qual é, Pedro! Não tem nada que você já não tenha visto.

Ele está jogando comigo de novo, eu sei que está, mas eu não vou entrar no jogo dele.

– Não sei do que você está falando. – Balanço o braço para que ele pegue a toalha.

– Estou magoado. – Sou tom é sarcástico.

Ele pega a toalha e começa a se enxugar, enquanto ainda estou de costas esperando. De repente ele me agarra por trás, me envolvendo com seus braços e beijando meu pescoço. Me arrepio todo e um frio invade o meu estômago, enquanto meu coração dispara.

– Se você quiser, eu posso refrescar a sua memória. – Ele sussurra no meu ouvido.

Me preparo para responder alguma coisa, mas ele me solta e passa por mim com a toalha amarrada na cintura, enquanto exibe um sorriso safado no rosto. Isso está ficando fora de controle. Quase engasgo de tanto ar que tento puxar para dentro dos meus pulmões.

– Isso não tem graça. – Cruzo os braços.

– Foi você que começou. – Ele sorri para mim.

Desisto dessa conversa, me viro e vou tomar um banho enquanto ele se troca. Tento não demorar no banho para não deixá-lo esperando e assim que termino e me seco, saio para o quarto, mas ele já não está mais lá. Acho estranho ele ter saído sem se despedir, mas fico até aliviado. Não sei como seria trocar de roupa enquanto ele fica me olhando.

Saio do quarto já pronto para ir trabalhar, já são quase oito da manhã, então não posso demorar no café hoje, pelo menos a noite valeu a pena. Congelo ao ver a intimidade de Henri com Lucinha. Os dois estão sentados à mesa, conversando e rindo de alguma piada. Fico sem reação porque não lembrava que hoje era o dia da Lucinha vir. Não sei como explicar outra pessoa dormindo aqui. Por um momento penso em voltar e ficar trancado no meu quarto, mas descarto o pensamento. Estou na minha casa e Lucinha é uma ótima pessoa, ela jamais vai fazer alguma pergunta para me deixar constrangido.

– Pelo visto vocês já se conhecem. – Digo casualmente e me sento à mesa junto deles.

– Bom dia, menino Pedro! – Ela me passa uma xícara. – Seu amigo, Henrique, estava me ajudando a colocar a mesa. Ele é uma graça.

– Henrique? – Seguro o riso. Ele dá de ombros.

– Ele me disse que vocês moravam na mesma cidade.

– É verdade, nós morávamos sim. Mas agora o Henrique veio para cá, também. Estou muito feliz com isso.

Eles começam uma conversa sobre como é a diferença de morar no interior e na cidade grande. Fico escutando na maior parte do tempo, rindo das coisas que eles falam e concordando. Não consigo tirar o sorriso do rosto. Henri é uma companhia tão gostosa de se ter por perto. A nossa noite juntos acabou nos aproximando, depois de toda aquela confusão. Agora acredito um pouco mais que ele tenha vindo para ficar, ainda que a história com seu tio me incomode.

Copiloto (Amor sem limites #2)Onde histórias criam vida. Descubra agora