Capítulo 1

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— Hey! Eu conheço esse sapato!

Quando você tem uma irmã, algumas situações são basicamente as mesmas: Pegar roupas escondido, roubar o último iogurte e não repor, sumiços repentinos de maquiagem, contas a mais no seu cartão de crédito..

Agora, multiplica isso por sete.

Desde que eu me lembro por gente somos todas nós, sem muito espaço pessoal, separação e privacidade. Não tenho muitas lembranças de estar sozinha ou sem pelo menos uma das minhas irmãs. Para vocês terem noção eu não consegui ficar sozinha nem no útero da minha mãe.

Sim! Eu tenho uma irmã gêmea.

Isso é muito interessante quando se tem 12 anos e precisa colar na prova, mas nada interessante quando se tem 24 o mesmo tamanho e gosto para roupa. Amanda DiCastilho é a pessoa mais espaçosa que eu conheço. Se não estivesse lá com ela na época não diria que viveu tudo o que vivemos, pois sua expansão não se mantém em sua mania de vestir roupas e sapatos alheios. Ela é daquelas pessoas que falam alto e abraça logo que conhece a pessoa. Totalmente irritante.

Infelizmente, eu amo demais essa garota.

— Olha, admita, — iniciou suas séries de argumentos. — você não usa esse sapato há três meses Josi! Ah, outra coisa: Você só tem um par de pés!

Todas nós reviramos os olhos. Ela sempre joga essa.

— E você tem zero de vergonha na cara! — esbraveja Josi.

— Você quebrou uma regra da casa, Maddy, coloque um dólar no potinho. —  Thais enfia um pedaço grande de PopTart na boca.

— Quantos anos vocês têm? Doze? — retruca.

Volto a bebericar o meu suco, me arrependendo a cada gole de concordar em morarmos todas juntas. Todos os dias é a mesma coisa.

Escolhemos uma casa de dois andares quando resolvemos, pela última vez, nos mudar. Uma que coubesse todas nós e cada uma de nossas peculiaridades. Não é como se fosse uma mansão, mas é grande. E todas nós trabalhamos -sim, no presente -duro para pagá-la. E tentamos, sem sucesso, implementar algumas regras. Como vocês podem ver, funcionamos a base da anarquia.

— Olha, eu tenho um encontro hoje! — Amanda juntou as mãos em oração, enquanto tentava segurar seu tubo e a pasta no braço. — Eu juro que devolvo ele inteiro pra você amanhã depois de meio-dia!

— Encontro? — perguntou uma.

— Outro encontro? Você não falou nada! — questionei curiosa.

— É com o bombeiro? Eu super apoiava vocês! — alguém gritou. Acredito que foi Gabriela.

— Josi! — bateu o pé nervosa, louca pra sair da sala. Ela odiava ser questionada sobre os caras que saia.

— Como se eu tivesse muita escolha! — Josi respondeu enquanto terminava seu café, recolhendo suas coisas pela mesa e saindo apressada com Amanda em seu encalço. Mas não antes sem gritar: — Aquila, seu perfume acabou! — gritou, pegou suas chaves e saiu porta afora.

Como eu disse: Anarquia.

As baby gêmeas se olham e correm atrás de Josi, gritando:

— Então foi você!

Só consigo rir. Geralmente a culpa cai nelas, o que nos traz a longas e longas discussões e pelo menos uma sessão de drama. As gêmeas são as únicas que não nasceram no interior, desconhecem a vida difícil, por mais que tenha ouvido nossa história repetidamente. Todas nós nos esforçamos bravamente para dar o sentimento de segurança e proteção a elas. Nenhuma de nós foi mais amada.

Série Irmãs DiCastilho - RessurgindoOnde histórias criam vida. Descubra agora