POV FERNANDA
— Obrigada pela recepção. — agradeço mais uma vez.
Ainda me sentia meio tonta com todas as informações que recebi nessa noite. Nesse momento estávamos no hall da casa, próximo a porta, já nos despedindo dos pais de Marcus, sua mão segurava a minha com firmeza, meio que com medo que eu saísse correndo. Stella estava apoiada no braço do marido, com um sorriso fácil nos lábios e Emiliano estava feliz, como vi poucos homens na minha vida serem. Era ridiculamente perfeito.
Depois de todo seu monólogo, acabamos voltando para dentro por sua insistência e eu ajudei no que me foi permitido a arrumar a cozinha. Marcus estava com o semblante fechado e sério, seus olhos azuis não encontraram o meu por mais de um instante. Senti-me incomodada por isso, mas não o suficiente para dizer alguma coisa.
— Que isso, querida. Volte mais vezes! — Stella me diz. — Marcus mesmo quase não vem me visitar, se fosse depender dele eu só via minha neta na formatura dela na faculdade.
— Mãe, você fica com Ayla todos os dias. — ele responde.
— Porque você precisa, porque se não precisasse...
Emilio balança as mãos, dizendo para não dar corda a mulher e ri.
— Bom, nós já vamos. Preciso deixar Fernanda em casa. — ele se despede dos pais, dando um abraço em cada e um beijo em sua mãe.
— Vá com Deus, meu filho. Amanhã Ayla deve chegar aqui por volta das três da tarde, ok?
Ele assente e puxa a minha mão para fora da casa. Eu apenas aceno, em despedida. Tudo se torna muito silencioso. A entrada no carro, a partida e até mesmo a música, que não é ligada. Mason se concentra na direção a sua frente, sem puxar assunto e eu me sinto sonolenta o suficiente para deixar por isso mesmo.
A noite não chega a estar fria, mas ele liga o aquecedor. Seus dedos vão constantemente aos seus cabelos, os concertando e eu me vejo o encarando como uma ridícula. A única diferença é que hoje eu não preciso mais fingir, posso o observar sem vergonha. Suas bochechas estão rosadas, não sei se pelo calor do carro ou se pela quantidade de vinho tomado.
— Não é como se eu fosse uma miragem. Você pode parar de me encarar. — ele diz, brincando. Lembro-me exatamente do dia em que ele me disse essa frase.
— Estava pensando o tanto de arrogância que pode caber no seu corpo. — respondo, retrucando da mesma maneira.
Ele ri, e seus ombros relaxam. Ele se inclina, durante um sinal vermelho, e beija meus lábios antes de falar novamente.
— Porque você não usa o nome do seu pai? — pergunto curiosa.
— Na verdade eu uso, mas é menos comum. Como ela é americana, acabei o adotando para fins de assinatura de documentação ou apresentação a clientes, mas também contenho o Lorenzzoni no registro.
Sorrio para ele.
— Me desculpe pela minha mãe, ela é meio... — ele não encontra a palavra certa.
— Eufórica? — sugeri.
— Não foi isso que eu pensei, mas serve.
Seus olhos voltam novamente para a estrada assim que o carro ganha velocidade novamente. Abaixo um pouco a temperatura, estava muito quente e volto a me encostar na janela enquanto vejo as casas passarem. A imagem que eu tenho dele crescendo naquela casa é a mesma que eu tenho das gêmeas que cresceram cercadas por amor. Entendo o porquê ele seja dessa maneira, seu pai é devoto a sua mãe de tantas maneira que é meio caótico.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Série Irmãs DiCastilho - Ressurgindo
Romance#13 em ROMANCE - 10/11. Fernanda DiCastilho é a mais velha de sete irmãs. Após presenciar todo o sofrimento da mãe no casamento com seu pai e sua história de abusos, ela desacreditou em tudo que pudesse trazer a remota lembrança de um relacionament...