Capítulo 20

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Soundtrack: Look What You Made Me Do - Taylor Swift.

POV FERNANDA

Não é muito comum eu ser a última a acordar na casa, mas naquela segunda feira eu não me importava.

Tomei meu banho de maneira vagarosa, esfregando cada parte da minha pele, tentando relaxar. Meus músculos estavam duros pela noite mal dormida e a minha cabeça latejava, podia até sentir o sangue pulsar. Estava sonolenta e de mal-humor, com as vistas turvas e os olhos vermelhos.

Não havia dormido muito, acordei no mínimo umas cinco vezes durante a madrugada, umas por sonhos ruins, quais às vezes eu nem se lembrava do que se tratava, outra por minha cabeça se recusar a desligar.

Repassei cada minuto da noite anterior pelo menos uma dúzia de vezes, tentando encaixar os acontecimentos. É tão fora do normal a consciência de que alguém lhe considera importante o suficiente para desistir de tudo por você, lutar por ti. Nunca tive isso fora da família e, sinceramente, já tinha perdido as esperanças em ter. Não é muito difícil entender o porquê, uma vez que todas as relações que você conhece foram, ou são, falhas.

A psicologia diz que a formação infantil é muito importante para definir como será a sua personalidade e, querendo ou não, tudo o que eu passei desde minha infância, me modelou a mulher que sou, e repercutiram na minha proteção às minhas irmãs. Eu me sinto diretamente responsável por elas, mesmo que não seja, e isso me mantém forte: Ter que estar de pé por elas, fazê-las nunca sentir o que sinto, o quão perdida sou.

"São apenas fantasmas" foi o que repeti a mim mesma durante toda a noite.

Resolvi usar uma roupa menos formal hoje, apostando apenas em uma blusa de seda, mas arriscando em uma saia rodada de linho, precisaria de muita coragem para lidar com tudo e quero me sentir bonita o suficiente para encarar qualquer coisa. Apostei em um batom mais escuro que o normal, tentando dar uma cor extra ao meu rosto e esconder a noite perdida.

Não foi surpresa as exclamações expressadas quando eu desci as escadas. A surpresa é que não foi a minha gêmea a comandá-lo, pois ela não estava ali.

— Uau, baby! Hoje você mata algum homem hoje! — Aquila diz, comendo seu iogurte.

Revirei os olhos.

— Sério, temo pelo coração do meu pobre cunhado ao ver que você tem pernas! — Gabriela brincou, cutucando sua gêmea que estava quase dormindo ao seu lado. Thais havia dormido tarde estudando, eu havia a conferido um par de vezes.

— Eu só coloquei uma roupa mais fresca, por favor. — disse, tentando desconversar. — Cadê Amanda?

Minha irmã levantou a sobrancelha bem alto antes de falar.

—Ela madrugou hoje. Nem tomou café da manhã e já saiu correndo pela porta. — Karol informou.

— Parecia que tinha pegado fogo em algum lugar! — Gabriela concorda.

O resta da mesa permanece em silêncio, por incrível que pareça, todas dominadas por aquele sentimento de segunda feira. O domingo havia sido muito tranquilo, escolheram passar dentro de casa e me proibiram de trabalhar, me arrastando para a sala em uma barganha de um romance estrelado por Channing Tatum e algumas ameaças. Permanecemos todas juntas, mas Amanda já parecia estar fora do ar.

— Talvez seja algum problema no escritório. — sugiro pegando uma maçã, querendo que elas acreditem mesmo que eu não o faça.

— É, talvez. — Karol me responde, desconfiada.

Série Irmãs DiCastilho - RessurgindoOnde histórias criam vida. Descubra agora