Capítulo 9

14K 1.8K 141
                                    

POV FERNANDA

"Se vista de maneira confortável. Te pego às 19h."

Foi a mensagem que eu recebi em plena quarta-feira após nosso fim de semana em Fort Worth. Depois que voltamos para o acampamento acompanhados de uma penumbra de constrangimento da minha parte e de diversão da dele, cada um foi para sua barraca e no dia seguinte, agiu como se nada daquilo tivesse acontecido.

Descobri da maneira menos agradável possível que as baby gêmeas notaram a movimentação durante a noite e viram minha saída "escondida" com Marcus, quando elas o perguntaram se "a noite anterior foi agradável" e ao me ver fechar a cara todos pareceram entender que algo havia acontecido, mas eu morreria antes de dizer alguma coisa.

Voltar ao escritório foi mais tranquilo, aquele era o Marcus que eu conhecia. O advogado, colega de trabalho, apaixonado por fotografia. Nada de tatuado, pai solteiro e com um senso de romantismo aflorado. Nada fora do normal. Nenhum comentário maldoso sobre o "quase beijo" e pré-agendado encontro, o que me fez sentir mais à vontade em voltar à rotina e — até — jogar no esquecimento que havia concordado com esse jantar.

Porém, quando a mensagem chegou, eu sabia exatamente do que se tratava.

— Não, ela não vai com essa blusa de velha. — Amanda respondeu a Josi, que segurava uma de suas blusas favoritas próximas ao corpo, enquanto ela balançava um vestido no melhor estilo "Uma Linda Mulher".

Eu poderia muito bem desmarcar ou dizer que não estava me sentindo bem - o que não deixava de ser mentira, pois a partir do momento em que vi essa mensagem minha cabeça começou a trabalhar demais e me deu de presente uma dose de enxaqueca, mas do que adiantaria? Poderia adiar o quanto fosse necessário, mas ele sempre voltaria pelo sim. Nesse ponto eu já tinha certeza e de certo modo agradecia o mal humor trazido pela dor, ele iria me ajudar.

Para um advogado, palavras não são o suficiente. Não é para mim, não é para ele. Precisaria provar que não daríamos certo, que somos forças contrárias. E tudo isso sem machucá-lo ou acabar com a nossa parceria. Eu sou uma pessoa muito difícil de trabalhar e o fato dele ter se adaptado a minha rotina significa muito para mim, o suficiente para não querer abrir mão.

Sentada em minha cama, mediante a um completo furacão de seis pessoas discutindo, jogando roupa no chão, na mesa e uma nas outras, a única coisa que eu conseguia pensar era como sobreviver a essa experiência sem ficar insana. Observei Thais no cantinho, vendo vídeos de gatinhos, matando a saudade do seu celular - que devolvi ontem após muito choro - e se mantendo de fora da discussão. Já Gabriela e Amanda só faltaram sair na tapa para me "ajudar" a escolher o que vesti.

— Olha, não acredito que ele vá levá-la para um restaurante de beira de estrada não Amanda. Melhor guardar seus vestidinhos para próxima festa com tema "Cabaré". — Josi provocou.

— Josi, ele a vê trabalhando todos os dias! Precisamos fazer memória aqui! — ela respondeu, se virando para a mala que tinha trago do seu quarto. Sim, uma mala.

— Eu sei Amanda, mas como mamãe diz: Menos é mais. — a outra tentou justificar.

— Não. Mais é mais, menos é menos. — a minha gêmea se irritou, jogando o vestido na minha frente. — Esse é o bom de exatas! Fê veste esse aqui pra ver se cabe.

— Mas eu acho que...

— Eu não gosto dessa cor nela...

— Está parecendo uma senhora de oitenta anos...

— Que tal um short e uma blusa básica?

— Claro, porque ela está indo pra um churrasco né?

Série Irmãs DiCastilho - RessurgindoOnde histórias criam vida. Descubra agora