Capítulo 32

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POV FERNANDA

Eu sabia que havia pisado na bola no momento em que percebi seu silêncio.

Ainda é dia quando saímos do aeroporto e pegamos um taxi. Marcus dá as coordenadas que guia o motorista até a casa que fica mais afastada da cidade. Sinto seu corpo mais rígido e menos receptivo depois da pequena discussão dentro do avião e a minha dose de ciúmes nada corriqueira. O caminho é coberto de cinza e marrom das árvores desfolhadas, mas ainda assim é esplendido. Ayla fica olhando para fora e vendo a paisagem, enquanto nós dois parecemos estar muito conscientes da presença e desconforto um do outro. Demorou cerca de 30 minutos até chegamos em uma propriedade com portões brancos e um chalé encantador de dois andares atrás.

Nunca vi nada assim antes.

Era realmente reconfortante estar aqui, pela primeira vez longe de tudo e de todos. Havia uma pequena luz na minha cabeça que desejava ainda dentro do carro ligar para casa e conferir se as coisas estavam bem, mas, infelizmente, eu havia prometido somente ligar em casos de extrema necessidade. Qualquer outra coisa poderia ser resolvida por mensagens e, se eu perguntasse sobre o estado delas agora, sabia que ganharia um grande discurso de "desapega".

Então resolvi aquietar meu coração e meus dedos nervosos.

— Uau! Que casa linda! — digo olhando para sua fachada em tons de pérola assim que desço do carro.

Um pequeno paraíso escondido em Beaumont. Ao lado esquerdo da casa se encontrava um pequeno píer que dava diretamente para um pequeno lago, quase cristalino, se não fosse as folhas que caíram das árvores e a enfeitava. Atrás se podia ver no horizonte um céu começando a ceder ao entardecer e algumas nuvens de chuva se mostrarem presente, deixando claro que tipo de ano novo todos teriam aqui.

Marcus não se importou em me responder imediatamente, mas abriu o porta malas do taxi e foi retirando a nossa bagagem.

— Sim. — ele disse alguns minutos depois. — E por dentro é mais linda ainda. — Marcus pegou a última mala, acenando para o taxista que nos deseja um feliz ano novo. — Vim aqui algumas vezes quando estudávamos juntos, Ethan e eu. E depois que Ayla nasceu, algumas outras vezes. Vamos entrar.

— Sim. — digo. — Deixa eu te ajudar. — peço e estou pronta para puxar a mala quando ele começar a andar carregando todas de uma vez.

— Não é necessário.

Fecho meus olhos e respiro fundo, apertando os lábios em contragosto.

Seguimos em direção a porta e, como sempre, Marcus se atrapalha com a chave. Suas mãos estão cada vez mais trêmulas pela raiva e ele deixa o molho cair no chão. Seguro minha risada enquanto Ayla se inclina perto da cerca do quintal para ver o lago.

— Droga de chave. — diz nervoso assim que as resgata e tenta novamente encontrar a chave correspondente.

Dou alguns passos e tomo uma posição.

— Dá essa chave aqui. — peço, tomando-a de sua mão. Abro a porta e me viro e pisco para ele. — Viu? Não doeu.

Entro na ampla sala e a observo enquanto ele coloca as malas em um cantinho. Chamo Ayla algumas vezes antes de ela finalmente entrar pela sala e subir correndo escada acima.

Por fora o chalé parece menor do que por dentro. Suas janelas são grandes, os sofás cor uva. Além da luz central, havia também vários abajures espalhados pelos cômodos e muitos porta-retratos. Não parecia a casa de férias de um solteiro invicto. Não consigo observar muita coisa pois presto atenção no loiro que digita rapidamente em seu celular e não faz questão nenhuma de trocar palavras comigo.

Série Irmãs DiCastilho - RessurgindoOnde histórias criam vida. Descubra agora